por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Caros amigos, confesso a minha dificuldade em escrever após o jogo, tal é a irritação e a vontade de vociferar coisas desagradáveis acerca de um jogo típico de série B.
Tenho feito diversas críticas ao modo de abordagem dos jogos do Botafogo, tendo obviamente em consideração que a equipe tem enfrentado lesões, suspensões e problemas de vária ordem, quer na construção da equipe quer ao nível dos meios estruturais (in)disponíveis.
Porém, os equívocos da comissão técnica em não abordar os jogos em função dos pontos fortes e fracos dos adversários, mas sim na ideia persistente de propor jogo com base na posse de bola e no clássico 4-3-3 de Luís Castro, bem como aquilo que me parece serem equívocos de escalação, extravasam qualquer alma paciente.
O Botafogo teve as quatro últimas semanas para integrar jogadores, treinar e ensaiar jogadas, consolidar padrões de jogo, suprir falhas elementares ao nível de lentidão da defesa, de passes errados, de afinação de remates sem direção ou fracos, de jogo aéreo dentro da nossa área, de ineficácia nas bolas paradas, etecetera.
A pergunta mais emblemática que me ocorre é esta: quanto foi o progresso realizado desde a vitória contra o Athletico Paranaense?...
Perdemos com o Corinthians. Certo, é uma derrota normal tendo em consideração a classificação do Corinthians, o seu plantel e o entendimento rápido que o seu técnico teve dos adversários. Porém, empatar sucessivamente em casa com um candidato à degola, depois com o vice-lanterna também em casa e agora com o último colocado fora, o qual possui a 2ª pior defesa e o 2º pior ataque do campeonato, parece-me demais.
São muitas derrotas e empates com os clubes pior classificados no campeonato brasileiro. Só falta Luís Castro vir dizer que estamos invictos há 3 jogos!
Nas partes de jogo a que assisti hoje – porque não tive coragem de assistir a toda a pelada – vi uma equipe com forte posse de bola… aquém do meio campo!
Vi um meio campo sem velocidade, pouca clarividência e criatividade, próximo do infinitamente negativo!
Vi um ataque com brilhante desempenho ao nível da… frequente imobilidade!
Finalmente, vi uma equipe teoricamente superior correndo atrás do resultado por duas vezes contra o último colocado.
Sei que reconstruir uma equipe vinda da segunda divisão, com uma estrutura financeira falida e uma moral mediana, é tarefa difícil, mas após 23 rodadas e diversos reforços (muitos deles, diga-se, inúteis!) é demais para mim continuarmos com tal pobreza a todos os níveis de jogo, salvaguardando, talvez, o goleiro. E as coletivas do técnico são cada vez mais do mesmo no que respeita a mencionar oscilações e equipe em construção. Contruir implica também progredir paulatinamente ao cabo de 23 jogos e mais 4 da Copa do Brasil...
Desempenho paupérrimo desde as opções de Textor e dos contratadores de reforços, passando pela comissão técnica claramente equivocada a diversos níveis e acabando em jogadores que demonstram uma produção de erros a níveis elementares da prática do futebol.
E
faltam apenas 15 rodadas para o final de um campeonato em que o Botafogo tem
jogadores para se classificar tranquilamente na zona da Copa Sul-americana e
não levar sufoco na luta contra a decida de divisão.
Síntese de comentário no Youtube: "Nada muda, o discurso é lindo e o resultado é um fracasso..."
FICHA
TÉCNICA
Botafogo
2x2 Juventude
» Gols: Pitta, aos 8’ e 64’ (Juventude); Júnior
Santos, aos 60’, e Gabriel Pires, aos 71’ (Botafogo)
»
Competição : Campeonato Brasileiro
» Data: 21.08.2022
» Local: Estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul (RS)
» Árbitro: Raphael Claus (SP); Assistentes: Danilo Ricardo Simon Manis (SP) e Luanderson Lima dos Santos
(BA); VAR: Vinicius Furlan (SP)
» Público: 3.090 espectadores
» Renda: R$ 31.900,00
» Disciplina: cartão amarelo – Adryelson e Cuesta (Botafogo)
e Capixaba e Bruno Nazário (Juventude);
»
Botafogo: Gatito Fernández, Saravia (Rafael), Adryelson, Cuesta e Marçal; Tchê
Tchê (Danilo Barbosa), Eduardo (Gabriel Pires) e Lucas Fernandes; Jeffinho,
Júnior Santos (Vinícius Lopes) e Victor Sá (Luís Henrique). Técnico: Luís Castro.
»
Juventude: Pegorari, Rodrigo Soares, Paulo Miranda, Nogueira e Moraes; Elton
(Capixaba), Anderson Leite (Marlon, depois Jean), Bruno Nazário (Vítor Gabriel)
e Chico; Felipe Pires (Óscar Ruíz) e Pitta. Técnico: Umberto Louzer.
4 comentários:
Ruy, não consigo ver mais os jogos do Botafogo pois a teoria do LC está extrapolando o bom senso.
Acrescentando: para variar, belo comentário o seu, brilhante como sempre e um retrato fiel do momento do Botafogo. ABS e SB!
Pois eu só vejo - e não consigo ver o tempo todo - por causa dos comentários no blogue, já que a vontade de escrever sobre jogos iguais, medíocres e mais do mesmo desafia, como os últimos quatro, qualquer intelecto que seja.
O LC não sai do seu esquema independentemente do adversário e aplica o mesmo 4-3-3 que durante 10 anos aplicou na base do Porto e depois em todos os clubes que treinou. Uma coisa é um padrão de jogo em 4-3-3 com atletas a isso ajustados, outra coisa é forçar os atletas a esse esquema sem o conseguirem interpretar. Então, o que temos é posse de bola atrás e lateralizada, ataques lentos e, por fim, remates desajeitados. Para não falar que tomamos muitos gols dentro da área e por via aérea, que não aproveitamos as bolas paradas, que não temos variações táticas nem rapidez a atacar, permitindo que a organização defensiva adversária se recomponha. Enfim, uma coisa morna. Nunca gostei de coisas mornas. Gosto do frio e do calor, o morno entedia-me.
Abraços Gloriosos.
Ruy, sinto que fui injusto com o Luís Castro, não, ele não é o pior treinador da história do Botafogo. É o pior treinador que já vi no futebol brasileiro! O rebaixamento, reitero, parece-me algo inevitável com ele no comando do time. Abraços, saudações alvinegras!
O Saulo faz-me lembrar o Cuca, o Dunga, o Mano Menezes, o Luxemburgo, o ‘Papai’ Joel e o Jorginho, entre outros, uns perseguindo o Jorge Jesus no passado e outros o Abel Ferreira no presente, dois ganhadores como já há muito não se via no futebol brasileiro. O que haverá de comum entre os ganhadores Abel Ferreira e Jorge Jesus e o até agora perdedor Luís Castro para que o ‘assédio’ e a perseguição na mídia e nas redes sociais sejam tão despropositadamente ferozes?...
Às vezes a vergonha faz falta aos humanos...
Abraços Gloriosos.
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