terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Narrativas de emoção e glória (XV): A história da família gaúcha de quatro gerações de torcedores do Botafogo

Wagner Silveira (filho), Ivan Silveira (neto), Sandro Silveira (filho), João Pedro Silveira (neto), Milena Silveira (bisneta), Dair Silveira (patriarca) e Theo Silveira (bisneto) são quatro gerações de botafoguenses que vivem no Rio Grande do Sul. Crédito: Ivan Silveira / Arquivo Pessoal.

por VALTER JUNIOR | gauchazh.clicrbs.com.br

Clube carioca conquistou dois títulos nos últimos dias e estreia no Mundial nesta quarta-feira. Torcida do patriarca começou por meio das ondas do rádio e o encantamento com Garrincha e passou até os bisnetos.

O início de conversa, por culpa do repórter, começa como uma bola atravessada na frente da área. A pergunta sai "como botafoguenses de quatro gerações moram aqui no Sul?"

Somos todos gaúchos — responde a voz do outro lado da chamada, com a simpatia de quem plana pelos céus das américas após o título da Libertadores.

A paixão surgida na década de 1950 virou herança para filhos, netos e bisnetos. A estrela solitária brilhou nos ouvidos de Dair Silveira, então um guri do Alegrete. As ondas tortas da Rádio Nacional do Rio de Janeiro o fizeram se encantar pelos dribles das pernas não menos tortas de Garrincha. […]

A única estação gaúcha que chegava até ele era a Farroupilha. […] A única voz que saia do aparelho em dia de jogo vinha do Rio de Janeiro. O ano era 1953. Diz Seu Dair que em todo Alegrete só ele e mais uma pessoa torciam para o Botafogo.

– Ouvíamos em um rádio maior do que eu. Éramos só dois, mas fazíamos tanto barulho que pareciam 100 mil — relembra o contador aposentado, de 78 anos. […]

O Botafogo deixou de ser abstração e imaginação para Dair somente em 1957. Para comemorar o centenário da cidade, um torneio de futebol foi organizado. Entre os convidados estava o Botafogo, de Garrincha. Só então, viu como o formato das pernas do camisa 7 e seus dribles desafiavam as leis da física. […]

Sandro, um de seus filhos, nasceu em solo gaúcho. Ainda bebê partiu para a capital fluminense. Ivan, filho de Sandro, neto de Dair, não teve a mesma sorte. Ainda jovem veio para o Sul.

– Vivemos uma loucura. Vivi 55 anos esperando. Me sentia culpado por ter filhos botafoguenses. […] — confessa o psicólogo Sandro, 55 anos.

O empresário Ivan, 36, não esconde que a herança virou fardo em alguns momentos. Primeiro, era um forasteiro no Rio de Janeiro. A família manteve os costumes gaúchos mesmo longe de casa. […]

Quando as raízes foram refincadas em Porto Alegre, era novamente um forasteiro. Um botafoguense em meio a gremistas e colorados. […] No Gre-Nal da turma precisava escolher um lado.

– Joguei nos dois lados. Mas me irritava muito. Queria jogar com a camisa do Botafogo. Às vezes, preferia jogar no gol porque podia jogar de preto, para não usar a camisa nem de Inter nem de Grêmio — diz orgulhoso, garantido que não veste o uniforme de nenhum dos dois clubes de Porto Alegre desde o fim da década de 1990. […]

Ivan, Sandro e João Pedro, filho mais novo de Sandro, foram ao Monumental de Nuñez para ver a final da Libertadores contra o Atlético-MG. Foi a primeira vez que João Pedro, 14 anos, assistiu ao time do coração ao vivo.

– Foi emocionante ir com meus dois filhos. Vi gente com foto de pai, tio, de gente que não está mais aqui. Uma loucura — tenta explicar Sandro.

O título inédito foi para ele o que aquele jogo de 1957, no Alegrete, representou para o seu avô. Um único sentimento separado por 67 anos. […]

No domingo (8), um segundo título. Agora, o Brasileiro. Depois da seca, a abundância. A sensação de loucura só aumentou.

Pareço estar no céu — destaca Ivan, pai de três filhos.

Um deles, Theo, 7, manterá o gene alvinegro vivo entre os Silveira. Ivan garante que o guri manda áudios enlouquecidos quando não estão juntos e o Botafogo vence. […]

É como se todos os 78 anos que os Silveira estão vinculados ao Botafogo sejam vividos em um punhado de dias.

Nota: As palavras a negrito reproduzem o texto original.

Leia o texto completo em https://gauchazh.clicrbs.com.br/esportes/noticia/2024/12/a-historia-da-familia-gaucha-que-tem-quatro-geracoes-de-torcedores-do-botafogo-cm4j41n49009r013hnr6lspq5.html

8 comentários:

Sergio disse...

Muito bonita a história desse quarteto botafoguense. Realmente há algo inexplicável naqueles que são escolhidos pelo Botafogo, ninguém consegue explicar tanta paixão mim clube que infelizmente viveu momentos terríveis por conta de administrações nefastas, mas o verdadeiro botafoguense nunca desistiu ou desiste da sua paixão, é realmente um clube gigante. Abs e SB!

jornal da grande natal disse...

Sensacional. Emocionante. Torcida "foGAda".

Ruy Moura disse...

Os clubes realmente 'gigantes' nunca morrem. Connosco não poderia ser diferente. Fosse Textor (processo mais rápido) fosse por recuperação de falência (processo mais longo), mão havia nenhuma hipótese de desaparecimento. A grandeza da nossa alma é imortal!
Abraços Gloriosos.

Ruy Moura disse...

Gaúchos ensandecidos! (rsrsrs)
De sul a norte, de este a oeste, os milhões de botafoguenses alastram por todo o Brasil,
Abraços Gloriosos.

Anónimo disse...

Simplesmente, sensacional.

Ruy Moura disse...

Sem dúvida!
Abraços Gloriosos.

leymir disse...

Acredito piamente nisso, alguns Clubes surgem para nunca mais acabar.

Nem sei se surgir seria o termo certo, talvez materializar seja mais preciso.

Textor foi um grande atalho, mas é só isso, o caminho é o BFR.

Linda história dessa família.

Abração!

Ruy Moura disse...

Grande frase: "Textor foi um grande atalho, mas é só isso, o caminho é o BFR."
Leymir sempre em alta inspiração! (rs)
Abraços!

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