por RUY MOURA |
Editor do Mundo Botafogo
Se a memória não me falha foi o primeiro jogo do ano
em que o Botafogo se apresentou consistentemente predominante desde o início ao
fim da partida, não obstante o Vasco ter entrado com uma marcação alta, que rapidamente
foi anulada por lançamentos longos e jogadas bastante perigosas a nosso favor que
culminaram numa grande oportunidade de gol aos 10’, com Léo Jardim aparecendo
pela primeira vez para uma grande defesa a cabeçada de Joaquín Corrêa.
O Botafogo continuou a pressionar e a encurralar o
Vasco na sua defesa, obrigando-o a errar passes e não deixando o adversário sair
jogando a partir da defesa. E em certas jogadas o Botafogo não inaugurou o placar
simplesmente porque falta-nos velocistas que consigam quebrar as linhas
adversárias e, sobretudo, um ‘matador’, algo que Artur Cabral não consegue ser
porque não se posiciona bem para finalizar de primeira e enrola-se com a bola quando
a recebe, mesmo que em boas condições.
Cerca da meia hora de jogo Joaquín Corrêa recuperou
uma bola que Santi Rodriguez acabou por rematar e obrigar novamente o goleiro
vascaíno a uma boa defesa. Jogando muito bem, mas pecando em momentos decisivos
de remate, daqui em diante o Botafogo desacelerou os ataques e o Vasco conseguiu
equilibrar a disputa até as 45’, apesar de em nenhum momento ter sido realmente
perigoso para as nossas redes, sendo Léo Linck praticamente um espectador
privilegiado em campo.
Eis senão quando, em mais uma investida botafoguense, Joaquín
Corrêa – que já faz jogos com desempenhos de grande nível – foi pisado dentro
da grande área e o pênalti foi assinalado. Alex Telles, o nosso batedor oficial,
cobrou mal no centro da baliza, mas Léo Jardim havia se atirado para o seu lado
esquerdo e o Botafogo fez 1x0 aos 45+1’ num momento decisivo de ida para o
intervalo.
Em nota à margem confesso que temo quando o Botafogo
marca muito cedo, se deixa enlevar pela vantagem e passa a produzir muito
pouco. Os tempos preferenciais de gol são nos minutos finais da primeira parte
e nos minutos iniciais da segunda parte, quando o adversário é melhor
surpreendido.
No entanto, não foi ao abrir da segunda parte que
ampliámos o marcador, embora o tivéssemos podido fazer aos 52’ de jogo. Santi Rodriguez,
que tem crescido muito em campo, tal como Joaquín Corrêa (contra as minhas
expectativas pessimistas sobre o desempenho de ambos anteriormente), iniciou
uma jogada disparando em direção à grande área adversária, tocou lateralmente para
Vitinho, que centrou ao nível do solo para a meia-lua da grande área e Corrêa
fez a bola embater no travessão.
O Botafogo mantinha-se por cima do adversário, tal como
na primeira parte, e continuou ao ataque em busca de confirmar a sua supremacia,
mas faltava um ‘matador’ na grande área para não desperdiçar oportunidades, em
especial aos 67’ após um excelente passe de Savarino. No entanto, Savarino não
desarmou e aos 71’, em contra-ataque, endossou novamente um passe espetacular
para Artur, que se demarcou rapidamente à moda do que um 9 deve fazer (algo que
o outro Arthur não consegue fazer), e no limite do impedimento alargou o
placar. Botafogo 2x0.
Então, a partir daí o Botafogo tranquilizou-se e
relaxou, certo? Errado! A equipe continuou jogando ao mesmo ritmo, dominando o
Vasco e contrariando as nossas recentes críticas sobre o mau estado físico dos
atletas (parece que a nova contratação de preparador físico funciona). E aos 77’,
após cobrança de escanteio na ala esquerda, Cuiabano captou a bola e centrou ao
segundo poste para David Ricardo de cabeça enfiar a redondinha no buraco da agulha
entre Léo Jardim e o poste da baliza. Botafogo 3x0.
E incrivelmente, entre tropeços vários, estamos
novamente à beira do G5, que dá direito a entrada direta na fase de grupos da
Copa Libertadores, após uma partida muito bem jogada e radicalmente inversa das
atuações recentes, o que é francamente surpreendente. É para continuar?...
A 4ª melhor defesa do campeonato ganhou ao 4º melhor
ataque por números claríssimos e com uma exibição de invejar. Desta vez a estratégia
foi bem montada e os jogadores corresponderam plenamente, anulando o Vasco que
vinha de bons resultados e apenas uma única vez rematou enquadrado na baliza,
parecendo o Botafogo dos últimos jogos…
Rapaziada, o calendário continua favorável e se
repetirem esta exibição mais vezes teremos um bom prêmio de consolação
garantindo presença na Copa Libertadores de 2026.
FICHA TÉCNICA
Botafogo 3x0 Vasco
da Gama
» Gols: Alex Telles, aos 45+1’, Artur, aos 71’, e David Ricardo, aos 77’
» Competição: Campeonato Brasileiro
» Data: 05.11.2025
» Local: Estádio
Olímpico Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)
» Público: 11.355 pagantes; 13.321 presentes
» Renda: R$ 736.970,00
» Árbitro: Bruno Arleu de Araújo (RJ); Assistentes: Rodrigo
Figueiredo Henrique Correa (RJ) e Thiago Henrique Neto Correa Farinha (RJ); VAR: Diego Pombo Lopez (BA)
» Disciplina: cartão
amarelo – Alexander Barboza, Marlon Freitas e Artur
(Botafogo); Matheus França, Fernando Diniz e David (Vasco da Gama)
» Botafogo: Léo Linck; Vitinho, David Ricardo, Alexander Barboza e Alex Telles;
Marlon Freitas, Danilo (Newton) e Savarino (Cuiabano); Santi Rodríguez (Allan),
Arthur Cabral (Chris Ramos) e Joaquín Correa (Artur). Técnico: Davide Ancelotti.
» Vasco da
Gama: Léo Jardim; Puma Rodríguez, Carlos Cuesta, Robert
Renan e Lucas Piton; Barros (Hugo Moura), Tchê Tchê (Matheus França) e Philippe
Coutinho (Thiago Mendes); Andrés Gómez (GB), Vegetti (David) e Rayan. Técnico:
Fernando Diniz.

Sem comentários:
Enviar um comentário