quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Botafogo no pódio do Brasileirão

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O BOTAFOGO obteve a sua maior sequência de vitórias em campeonatos brasileiros. Parabéns a Ney Franco e a todos os jogadores pelo sexto triunfo consecutivo a caminho do pódio do Brasileirão!
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Continuo em Luanda e com dificuldade de acesso a canais de televisão que transmitam os jogos do Botafogo. Assisti ao desafio pela rádio e a minha noção sobre o jogo é limitada.

Aproveitando esta limitação, e considerando o recorde de vitórias consecutivas em campeonatos brasileiros, confirma-se o que tenho dito e redito sobre o Botafogo não possuir um comportamento tão regular e consistente há muitos anos, bem como nos transmite uma segurança que, provavelmente, ainda não havia acontecido em nenhum campeonato deste século XXI.

Quando em muitas ocasiões critiquei o nosso treinador Cuca, alguns ripostavam que eu não podia pedir ao Botafogo a consistência do Manchester, do Real Madrid ou do Milan. Porém, a realidade mostrou que podia (obviamente, à medida do contexto brasileiro). Tanto que podia que tal consistência surgiu quando se mudou de treinador para Ney Franco.

Não é que Cuca seja mau treinador, mas na verdade nunca conseguiu montar uma defesa impermeável, chegando mesmo a dizer que montar uma defesa era fácil, e que o difícil era montar um ataque. Na verdade, Cuca montou um bom ataque, mas por mais gols que marcasse nunca conseguia os resultados desejados, porque a defesa era uma verdadeira peneira, não tinha boa saída de bola e não ligava ao meio campo. Tivemos muitos empates de 2x2 e mesmo de 3x3 e de 4x4.

Não há nenhuma equipa do mundo que seja campeã constantemente ao ataque descurando a defesa. Manga e a defesa do Botafogo dos anos sessenta eram o grande suporte do ataque que, não obstante os seus craques, não descurava os contra-ataques e escudava-se muitas vezes na muralha defensiva em dias de pouca inspiração.

Ora, o Botafogo de Cuca não sabia jogar no contra-ataque, porque o ataque predominava compulsivamente, sem que a defesa estivesse bem guarnecida. Lembro-me perfeitamente dos buracos (às vezes ‘rombos’) que os zagueiros deixavam quando atacavam e os gols adversários surgiam por ali. Acabávamos perdendo nas decisões por maior esperteza dos treinadores adversários.

Todos os pontos que fui assinalando em cerca de ano e meio de crítica à organização da equipa do Botafogo, Ney Franco tratou de contemplar, suprindo as deficiências. Enquanto Cuca jogava de peito aberto e fazia questão de dizer que mais importante que o resultado era jogar bonito, para Ney o mais importante é o resultado, mesmo que não se jogue bonito. Porque Ney gosta de ser campeão; porque ser campeão é o seu clímax profissional.

Na verdade, à força de bons resultados acaba-se, geralmente, por jogar bonito. E por atemorizar os adversários fazendo-os jogar mal. E nos dias que correm, a grande meta é ganhar. É ganhando que os torcedores enchem o estádio.

E para ganhar Ney consolidou a defesa, aproximou-a mais do meio campo e este não precisa produzir tanto como em 2007 para conseguir ganhar. Nem o ataque tem que ser uma máquina de gols para suprir os gols sofridos. Porque hoje basta ao Botafogo um gol para ganhar: foi assim nos últimos três jogos do Brasileirão contra o Palmeiras, o Sport e o Cruzeiro.

O jogo de ontem não foi bonito e o Botafogo não estava inspirado, mas manteve-se consistente, tranquilo e paciente à procura do desejado gol. E quando marca recua por vezes: pode fazê-lo porque tem uma defesa consistente, embora todos os jogadores sejam os mesmos de outrora. Aliás, toda a equipa é a mesma e, contudo, o Botafogo está sensivelmente na mesma posição que à 20ª jornada do ano passado, com a diferença que está a subir e a ameaçar os primeiros e no ano passado estava a esvair-se e a sumir-se do topo.

Tudo isto acontece por várias razões que já enunciei, inclusive a mudança radical de preparação física, de articulação das partes, de montagem de uma defesa e de intervenção cirúrgica do treinador sobre a equipa durante o jogo. No ano passado resolvíamos os jogos no 1º tempo, e quando perdíamos era geralmente após o intervalo devido às melhores apostas dos treinadores adversários. Hoje resolvemos os jogos na 2ª parte do desafio, algumas vezes porque o treinador sabe ‘ler’ o jogo e alterar o necessário.

Felizmente Ney Franco veio dar absoluta razão às minhas críticas, mas confesso que não esperava tanto dele e da equipa. Sete jogos seguidos com vitórias, seis das quais no Brasileirão, é uma obra fantástica para um clube cujos torcedores começaram a temer a 2ª divisão no início do campeonato.

A persistência e a paciência são virtudes extraordinárias que ganhámos subitamente numa equipa até há bem pouco tempo tensa, insegura e com a estima em queda. Aconteça o que acontecer, porfiamos sempre na crença de que o gol vai chegar. Ver o meu clube com esta determinação, jogue bem ou jogue mal, é fantástico. Mostra que há ali gente que quer levantar o ‘caneco’, que quer ser campeã.

FICHA TÉCNICA
Botafogo 1x0 Cruzeiro
Gol: Lúcio Flávio 34´2ºT (pen.)
Competição: Campeonato Brasileiro
Estádio João Havelange, o ‘Engenhão’; 20/08/2008
Arbitragem: Giulliano Bozzano (DF); Ângelo Rudimar Bechi (SC) e Eberval Lodetti (SC)
Cartões amarelos: Jorge Henrique, Diguinho (Botafogo); Thiago Heleno, Guilherme, Marquinhos Paraná, Jadilson, Camilo, Fábio (Cruzeiro)
Cartão vermelho: Camilo (Cruzeiro).
Botafogo: Renan, Thiaguinho, Andre Luis, Edson e Triguinho; Túlio, Diguinho (Gil), Lucio Flavio e Carlos Alberto; Jorge Henrique e Wellington Paulista. Técnico: Ney Franco
Cruzeiro: Fábio, Léo Fortunato, Thiago Heleno e Thiago Martinelli; Elicarlos, Henrique, Marquinhos Paraná, Camilo, Gerson Magrão (Weldon) e Jadilson (Carlinhos); Guilherme (Jajá). Técnico: Adilson Batista

2 comentários:

Saulo disse...

O Botafogo está de +++. Parabéns para o Ney mesmo e também para todos os jogadores que estão fazendo um bom trabalho. Dalhe fogão!!!
saulobotafogo.blogspot.com

Ruy Moura disse...

Excelente, Saulo! Todas as minhas críticas ao Cuca era para ele emendar justamente o que o Ney emendou. Eu queria um treinador mais moderno e que dominasse a teoria e a prática futebolística, mas confesso que o Ney excedeu as minhas expectativas, quer de um ponto de vista pessoal quer profissional. Mas era este Botafogo que eu sempre defendi, e daí as minhas críticas em cerca de ano e meio. Mas o Ney veio dar-me razão!

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