sexta-feira, 22 de junho de 2012

Tudo começa no conceito…


Entre milhares de textos em arquivo descobri uma narração datada de 2005 e produzido anonimamente por um português emigrante em Estocolmo.

Pessoalmente orgulho-me de ser um cidadão membro da União Europeia e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e anseio para que a lusofonia afro-asiática-luso-brasileira dos quatros continentes possa desenvolver-se a níveis superiores de cidadania.

As boas práticas mundiais, quer sejam tecnológicas, económicas ou sociais podem ser adaptadas e interiorizadas por todos os povos que queiram evoluir. Atentem, amigos, a este extraordinário exemplo cívico que vira de ‘pernas para o ar’ muitos dos nossos comportamentos.

“Já vai para 15 anos que estou na Volvo, uma empresa sueca. Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante. Aqui, qualquer projecto demora 2 anos a concretizar-se, mesmo que a ideia seja brilhante e simples. É regra.

Então, nos processos globais, nós (portugueses, brasileiros, americanos, australianos, asiáticos, etc.) ficamos aflitos para obter resultados imediatos, numa ansiedade generalizada. Porém, o nosso sentido de urgência não surte qualquer efeito neste país. Os suecos discutem, discutem, fazem "n" reuniões e ponderações. E trabalham num esquema bem mais "slow down". O pior é constatar que, no fim, acaba por dar tudo certo no tempo deles, com a maturidade da tecnologia e da necessidade; aqui, muito pouco se perde. (…)

A primeira vez que fui para lá, em 1990, um dos colegas suecos apanhava-me no hotel todas as manhãs. Era setembro, frio, e a neve estava presente. Chegávamos bem cedo à Volvo e ele estacionava o carro longe da porta de entrada (são 2.000 funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no segundo, no terceiro... Depois, com um pouco mais de intimidade, uma manhã perguntei-lhe: – Você tem lugar marcado para estacionar aqui? Chegamos sempre cedo, o estacionamento está vazio e você deixa o carro à ponta do parque.

Ele respondeu-me, simples, assim: – É que, como chegamos cedo, temos tempo de andar. Quem chegar mais tarde já vem atrasado, precisa mais de ficar perto da porta. Você não acha?

6 comentários:

hangman disse...

Me fez lembrar a cena do filme "Dersu Uzala", na qual o gentil caçador goldi, antes de partir do abrigo da floresta, após terminar de preparar o telhado da cabana, solicita ao capitão um pouco de sal, fósforos e arroz, para embrulhar na casca de árvore e deixar na cabana. Quando o capitão lhe pergunta se ele pensava em voltar para a cabana brevemente, Dersu simplesmente lhe explicou o motivo: se outras pessoas lá chegassem, encontrariam madeira seca para fazer fogo e comida para alimentarem-se.
E isso tudo perante os risos dos subordinados do capitão.
Resumindo, Dersu se preocupara com alguém que provavelmente ele nunca veria.
Naquele instante ele conquistou o capitão, e à mim...

Ruy Moura disse...

E naquele mesmo instante ele definiu o filme da minha: "DERSU UZALA".

E, incrivelmente, Hangman, quase ninguém viu esse filme. Devia ser de estudo obrigatório desde a escola primária.

Abraços Gloriosos!

Émerson disse...

Parece o "jeitinho" brasileiro, não é?

Ruy Moura disse...

rsrsrs...

Abraços Gloriosos!

hangman disse...

Filmaço, Rui, filmaço!
Não me enjôo de assisti-lo, tenho até a trilha sonora, e para mim é Top One!
Esse é que é um filme para ser apresentado nas "sessões da tarde" das emissoras de TV, e não apenas "Rambo & Cia ilimitada".
Acho uma lástima que seja tão pouco conhecido, mas cada vez que eu consigo apresenta-lo à alguém, fico muito feliz, pois sei que ele ganhará mais um fã!

Ruy Moura disse...

É mesmo, Hangman. É um filmaço digno dos Dez Mais e para passar em horários vespertinos adequados. E porque não em sessões nas escolas?

Vê-se quatrocentas vezes. Tal como 'O Padrinho'(penso que no Brasil se intitula 'Grande Chefe'), que embora tratando de mafia e tendo violência é uma série de três filmes com ensinamentos fundamentais para a vida se forem explorados no melhor sentido.

Mas o filme do Dersu Uzala continua a ser muito, muito especial para mim. Fundamentalmente pela cena que o Hangman narrou, mas também pela forma como a amizade intercultural cresceu entre Dersu e o capitão e como o nosso homem decidiu regressar ao seu habitat de toda a vida e morrer onde devia morrer e como devia morrer.

ABSOLUTAMENTE NOTÁVEL!!!

Abraços Gloriosos!

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