As opiniões acerca da qualidade e eficiência da equipe de
futebol – já que quanto à eficácia é atualmente de 100% – variam consoante o
ângulo de observação e ainda carecem de mais e melhor informação para
conclusões abalizadas.
Todavia, pode-se apontar algumas tendências e
constatações a partir dos dois jogos realizados no campeonato carioca.
Confesso que antipatizo claramente com as equipes cujos
jogadores fazem correrias loucas sem destino e acabam tomando gol dos
adversários e perdem os jogos. Em especial quando abrem clareiras a meio campo
e desguarnecem as laterais em virtude dos seus titulares avançarem muito no
terreno e regressarem atrasados para conter as bolas nas suas costas.
E esta equipe não faz isso. É uma equipe calma que não
corre com a bola, antes troca bola e valoriza a posse. Não faz exatamente como
fazia Didi, que colocava a bolar a rolar por 30 a 40 metros em passes de
profundidade que encontravam os atacantes bem treinados para ocuparem as
posições de receção de bola mais adequadas e ofensivas. Mas em contrapartida
troca muitos passes e leva a bola de pé em pé.
O problema dessa opção é que a posse de bola pode ser
inócua e ineficaz se não for orientada para abrir brechas na defesa, se não
mudar os flancos de jogo, se não fizer cruzamentos diagonais nem cruzamentos
atrasados da linha de fundo para o miolo da grande área adversária.
Nestes dois jogos com adversários aparentemente mais
fracos essa deficiência veio ao de cima. Efetivamente, a posse de bola não
imprimiu rápidas mudanças de flanco, os laterais não avançaram para cruzamentos
diagonais e os atletas mais avançados quase nunca cruzam para trás a partir da
linha de fundo.
Por outro lado, as transições são lentas e os contra
ataques não funcionam, tal como se viu ontem nos contra ataques que não se
transformaram em gols. É certo que as horrorosas jogadas de ligação direta da
‘defesa ao ataque’ foram suprimidas pelo treinador, esforçando-se por melhorar
a saída de bola de pé em pé, mas a velocidade de jogadas é francamente
insuficiente.
Não obstante, penso que o posicionamento dos jogadores
foi bem aceitável em ambos os jogos e os esforços para chutar a gol são
elevados, embora a afinação da pontaria deixe muito a desejar. De resto,
continuo a discordar de um ataque entregue a Luís Henrique e depois a Ribamar.
Efetivamente, sejamos racionais: Luís Henrique fez um jogo de estreia muito bom
o ano passado e nada mais conseguiu fazer até agora. Ele e Ribamar parecem não
estar sendo devidamente acompanhados com planos individuais para os fortalecer
a enfrentar o escalão principal. Exige-se muito mais planejamento com os jovens
prometedores antes de os ‘lançar aos leões’.
Nesta partida o Botafogo errou mais passes do que no
primeiro jogo e empenhou-se menos na segunda parte, mas tem algum potencial de
crescimento. Porém, como os adversários são fracos teremos que esperar pelos
desempenhos frente às equipes mais fortes. E se não houver reforços as opções do técnico estarão bem fragilizadas futuramente.
Notas finais: (a) os públicos dos nossos jogos são um
absoluto desastre e mostram bem a importância e a qualidade do campeonato
carioca dos dias de hoje; (b) as arbitragens ‘prometem’ ser ‘estrelas’ do
espetáculo, já que o apitador de ontem marca um pênalti e ignora outro sendo
ambos exatamente iguais, vendo-se claramente braços erguidos como asas; (c)
surpreendentemente, Aírton e Gegê foram os melhores em campo; (d) vi e ouvi
durante o jogo e li na internet menções aos seguintes jogadores: Gervásio
Núñez, Gervásio Yaca, Yaca Núñez, Yaca e Yacaré. Tratar-se-á da versão
futebolística moderna do milagre da ‘multiplicação dos pães’?
FICHA TÉCNICA
Botafogo 2x1 Portuguesa
» Gols: Gegê, aos 42' e Lizio, aos 85' (Botafogo); Paty, aos 63' (Portuguesa)
» Competição:
Campeonato Estadual
» Local: Estádio de São Januário, no Rio de Janeiro (RJ)
» Data: 02.02.2016
» Público: 1.273 pagantes / 1.477 presentes
» Renda: R$ 27.850
» Árbitro: Luís Antonio Silva dos Santos (RJ)
» Disciplina: cartão
amarelo – Belarmindo, Pessanha, Cassio e Alan Miguel (Portuguesa)
» Botafogo: Jefferson, Diego (Lizio), Renan Fonseca, Emerson e Diogo Barbosa; Airton
e Rodrigo Lindoso; Luís Ricardo, Nuñez (Marcinho) e Gegê; Luís Henrique
(Ribamar). Técnico: Ricardo Gomes.
» Portuguesa: Márcio, Belarmino (Adriano), Pessanha, Allan Miguel e Diego Maia;
Silvano, Cássio (Gilcimar), Victor Hugo e Alex Carioca; Paty (William) e Allan.
Técnico: Gaúcho.
4 comentários:
Espero que acertem logo com um bom atacante de área, experiente. É um pecado colocar toda a responsabilidade nas costas de LH. Neilton dará um bom frescor ao ataque. Ótimo velocista e finalizador, caindo pelos lados.
Quero ver Carli em campo logo.
Gostei do futebol do Jacaré e do Lízio. Calmos, aparentemente com bastante garra e esforçados.
Airton também voltou muito bem, com muito desarmes.
Que continue assim e que Ricardo Gomes mais acerte do que erre.
Abraços.
Que os deuses do futebol o ouçam, Aurelio! E que o CEP, bem para além do futebol, saiba resolver a avalanche de problemas que se deparam/depararão à gestão do Clube.
Abraços Gloriosos.
O esforço da diretoria para fazer pelo menos um time que defenda as cores do Botafogo é louvável. Se com dinheiro já é difícil contratar bons jogadores, e há muito poucos em nosso país, cujos salários estão fora da realidade dos clubes, imagina contratar sem dinheiro.Sua visão sobre o jogo foi muito boa como sempre, não se deixa levar pela paixão e nem pelo preconceito o que infelizmente grande pate dos comentários que leio o fazem.
A dificuldade do Botafogo contra a Portuguesa se deveu mais a boa postura da Lusa do que das deficiências do Botafogo, que se existem ainda podem ser corrigidas. A maioria dos comentários, de uma modo geral, quando o Botafogo vence é porque o adversário é fraco e quando perde é porque o time do Botafogo é ruim, nunca é mérito do adversário e nunca é mérito do time alvinegro.
Pelo que observei nos dois primeiros jogos uma coisa que me chamou a atenção e foi muito bem observado por você foi a calma do time, principalmente contra a Portuguesa, que mesmo depois do gol de empate o time não entrou em desespero: procurou tocar a bola e não se desguarneceu na defesa. Parece que o RG está conseguindo alguns resultados interessantes, como evitar a ligação direta, evitar espaços para os contra- ataques adversários. Ainda contra a Portuguesa me surpreendeu a atuação do Ayrton e do GG. Sobre o LH, continuo achando que ele está muito cru e ainda não conseguiu encontrar seu espaço em campo. Enfim, vamos torcer para que venham mais jogadores que possam realmente reforçar o time. Abs e SB!
Como sempre, estamos de acordo, Sergio (sobre a Lusa, RG, Airton, GG, LH...).
Contratar novos jogadores, mesmo com pouco dinheiro é possível. Bastava termos bons olheiros/espiões por esses Brasil fora ou em campos da América do Sul. Há bons jogadores que não são conhecidos, e se o Botafogo souber fazer contatos pela calada certamente conseguiria alguns resultados.
Surpreendeu-me a postura/posicionamento da equipe em dois jogos apenas. Só pode ser atribuível ao RG, embora eu não o tenha em muito boa conta. omo algumas vezes sou um botafoguense que acredita em progressos após alguns desempenhos melhores da equipe e logo depois vai tudo ao fundo, fico na expectativa. Pode ser que tal postura seja duradoura, pode ser que não seja. Vou estar atento.
Abraços Gloriosos.
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