Eduardo Barroca é treinador da
equipe de futebol Sub-20 do Botafogo desde março de 2016 e conquistou a Taça
Guanabara, o Campeonato Carioca e o Campeonato Brasileiro, em 2016, e neste fim
de semana venceu o Torneio OPG, após um bom trabalho iniciado pelo seu
antecessor Mauricinho.
Entrevistado, Eduardo Barroca declarou:
– “Busco
entender as características do jogador que estou dirigindo para poder
potencializar as virtudes. Sou muito preocupado com a parte técnica e de
fundamentos do jogador também. Acredito que se a gente criar um ambiente que o
jogador se sinta confiante em fazer isto conseguiremos formar jogadores mais
interessantes para servir o futebol profissional do clube.”
E mais adiante conta porque seguiu a carreira
de treinador:
– “Sempre
fui apaixonado por futebol e pela função de treinador. Já entrei na faculdade
de educação física aos 17 anos sabendo que queria ser técnico. Depois de me
formar, fiz todos os cursos de treinadores aqui no Brasil, pós-graduação em
treinamento desportivo e gestão de pessoas. […]. Até que em 2003, com 21 anos, recebi minha primeira oportunidade como
treinador.”
Isto significa que Eduardo Barroca não
foi futebolista e desde bem cedo abraçou a vocação que lhe ia na alma: ser
treinador de futebol. Agrada-me. Nunca simpatizei com essa coisa recorrente que
é jogador de futebol encerrar a carreira e ir imediatamente para treinador.
Porque razão?... Porque treinar é para qualquer um?...
Treinar não é para qualquer um que queira
ser um bom treinador. Esta ambição que os jogadores têm de vir a ser
treinadores desclassifica a profissão, que, em minha opinião, deveria ser
predominantemente exercida por pessoas que se prepararam desde jovem idade para
a profissão e recorrendo a todo o tipo de abordagens formativas, quer sejam
aulas, teses, estágios, etc. Jogadores de futebol virando treinadores só mesmo
para aqueles que efetivamente revelem qualidades nessa matéria e cumpram
exigências de saberes técnicos, táticos e metodológicos.
Barroca busca “entender as características do jogador” e também está “muito preocupado com a parte técnica”.
Não sei se este treinador será um sucesso, mas compreende o essencial de um
treinador quando realça que se preocupa em potencializar as características e
as qualidades dos jogadores, melhorando-os individualmente, para depois os
enquadrar num sistema tático compatível com as competências técnicas de cada
um. E isso a maior parte dos treinadores não sabe fazer, sobretudo no que
respeita a desenvolver individualmente cada jogador, privilegiando, antes, um
sistema de jogo abstrato cristalizado em sua cabeça, muitas vezes incompatível
com os meios que estão ao seu dispor, tanto de natureza humana, infraestrutural
ou de entorno.
É por isso que torço incondicionalmente
para que Eduardo Barroca venha a ser um grande treinador e seja inspirador de
jovens com vocação para treinadores de futebol e não apenas para jogadores de
futebol que mais tarde estão ‘destinados’ a se transformarem em treinadores –
quantas vezes ‘passeando’ de clube em clube sem que se escrutine uma razão efetiva
de andarem por ali.
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