O excerto
que se apresenta faz parte da revista ‘Esporte e Sociedade’, ano 8, nº 21,
março de 2013, é da autoria de Isabella Trindade Menezes e foi parte integrante
da sua dissertação de mestrado no Programa de Pós- Graduação em Memória Social
na UNIRIO e dos debates realizados no Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre
Esporte e Sociedade (NEPESS- UFF). O objetivo central da pesquisa foi analisar
a construção de identidades de torcedores do Botafogo de Futebol e Regatas.
O que é ser
Botafogo? O Botafoguismo.
“Se fizermos uma análise acerca das
construções identitárias que permeiam a história dos quatro grandes clubes
cariocas, percebemos que as identidades se constroem em pares de oposição, nos
quais o Flamengo ocupa um papel central no Rio de Janeiro. […] O primeiro par oposto é a dupla Flamengo e
Fluminense. A oposição se fundamenta na tradição do Fluminense, em sua
ascendência nobre e no caráter elitista de seus torcedores, contrária ao apelo
popular e simples do Flamengo. Se o primeiro é reconhecido pelo seu apelo
aristocrático, o segundo tem como característica ser o time das massas, sem
distinção social e, por isso, o time com a maior torcida […]. Outro par de opostos é o Flamengo e Vasco.
Nesse caso, o primeiro representaria o brasileiro, o de casa, enquanto o Vasco
representaria o estrangeiro. […]
E o Botafogo, quem seria seu par
oposto? Não há, o Botafogo é a estrela solitária, não se contrapõe, nem se
compara a ninguém. É o caso exemplar, sem precedentes. Se pensarmos que toda a
identidade é construída na relação com o outro, a partir de sua negação ou
aproximação, podemos entender melhor a alma do Botafogo, ao se distanciar, não
elege nenhum adversário a sua altura, apenas se isola, em sua vivência
diferente, não é o maior, nem o menor, nem o mais aristocrático, mais
tradicional, é apenas o diferente, o que não se iguala, o qual possui uma
maneira própria de ser, que imprime sua marca de destaque.”
Fonte: Esporte
e Sociedade, ano 8, nº 21, março 2013.
Sem comentários:
Enviar um comentário