por
BRENO DE BARROS, in Crônicas Olímpicas
«No último
domingo estava conversando com o meu pai, na varanda de casa, quando o papo
furado caiu no campeonato carioca. Vira e mexe, quando falamos sobre futebol,
chegamos no Botafogo. Ele é um legítimo botafoguense que acredita que a fé é a
certeza daquilo que espera e a prova das coisas que não vê. Convivendo com o meu
pai, aprendi que não tem como falar do glorioso sem falar de fé.
Papo vai e papo
vem, ele foi contando várias histórias nostálgicas do clube carioca. “O
Botafogo e o Santos são os times que mais cederam jogadores para a Seleção
Brasileira. O futebol tem muito a agradecer aos dois clubes”, ele gosta de
repetir, orgulhoso. Prefiro acreditar que é a ponta de esperança que o mantém
torcendo pelo time.
Quando voltei para
casa, porém, o assunto não saiu da minha cabeça. Foi aí que percebi que o
Botafogo deixou de ser um clube de futebol para se tornar um patrimônio
cultural e imaterial brasileiro. O IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional) bem que poderia cuidar para que não morresse o modo
peculiar dos botafoguenses de torcer e a arte dos cartolas de manter o time
longe de títulos.
Curioso, fui ao
site do IPHAN para entender melhor a função do órgão. Ele foi criado em 1937 e
é responsável pela preservação e divulgação do patrimônio material e imaterial
do país. O site informa que a função da entidade é “defender e favorecer os
bens culturais do país proporcionando sua existência e usufruto para as
gerações presentes e futuras, buscando a preservação dos tesouros da cultura
nacional”. Olha aí, é tudo de que o esporte brasileiro precisa.
Durante o exato momento em que assistimos às provas ou
partidas, o esporte não passa de entretenimento. No minuto seguinte, o lazer e
o passatempo viram história, que é incorporada simultaneamente à cultura
nacional. No final, tudo vira matéria-prima para abastecer os museus do país.»
O pretexto de Breno de Barros para enquadrar
a sua coluna foi o nosso Botafogo e a conversa com o seu apaixonado pai pelo
Clube da Estrela Solitária, mas o autor foi mais longe, escrevendo um
interessantíssimo artigo sobre o patrimônio cultural e imaterial que o desporto
representa para o país. Por isso, Breno de Barros termina assim a sua coluna:
«Vivemos em uma época
estranha, em que as pessoas são cada vez mais egocêntricas. Só querem consumir,
cobrar e não pensam em investir e incentivar. Como os brasileiros não conseguem
olhar para o esporte como algo importante e que colabora para a evolução da
sociedade, mesmo depois de acolher o mundo durante os Jogos Olímpicos e
Paralímpicos de 2016 e a Copa do Mundo de futebol 2014, a gente tem que mudar
de postura e passar a tratar o esporte como patrimônio cultural do país.»
2 comentários:
Ta vendo Ruy não é só a gente que acha que o Botafogo é patrimônio histórico kkkk inclusive acho que o IPHAN está demorando demais para dar suas voltinhas lá em General Severiano.
O Botafogo tem tudo(eu disse TUDO) que precisa para ser tombado a tal honraria.História com o remo,futebol e outros esportes.Dirigentes(os bons) os jogadores,General Severiano,o bairro de Botafogo,ser peça fundamental do futebol-arte;a nossa maneira de torcer,superstições,etc.
Não há clube que tenha sido mais retratados em livros que o nosso BOTAFOGO,e outras coisas mais.
Abraços!!! E viva o "Patrimônio imaterial,cultural e esportivo";o nosso Botafogo!!!
Eu diria que em termos patrimônio cultural não há igual ao Botafogo em todo o Brasil. Há aproximações, tais como o Palmeiras, o Santos e o Vasco da Gama, mas ainda assim ficam distantes do nosso tão diversificado Clube a todos os níveis.
Abraços Gloriosos.
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