por LÚCIA SENNA
uma crônica responsiva
Naquela noite
de início de dezembro, as coincidências tomaram conta do ambiente e a música
que vinha do palco, serviu apenas de pano de fundo para as incríveis conexões e
cogitações que vieram à baila.
Sérgio é meu
convidado. Vou cantar na festa de confraternização do grupo de música. Sérgio,
meu amigo de longas datas, traz Gil, namorada recém-chegada na sua vida. Apresentações
feitas, conversa vai, conversa vem, Gil comenta que também é cantora. E que
realiza um trabalho com a comunidade indígena no Norte Fluminense.
Em poucos
instantes, já temos várias coincidências: somos cantoras e temos uma ligação
estreita com os índios. Eu, descendente dos Mawyanas, da Amazônia. Ela, nascida
em Campos dos Goytacazes, criou um grupo coral e canta para os índios de lá: Os
goitacás.
Por outro lado,
Sérgio também é de Campos e, no passado, casou-se com Neuza, moça bonita da
região campista. Sérgio e Neuza, apesar de separados, são grandes amigos.
Possuem nora e netos em Campos, razão pela qual estão sempre em contato com a
cidade. A coincidência aqui reside no fato de Sérgio e Gil terem se conhecido
através da Internet, ou seja, não tinham nenhuma noção da situação que já os
aproximava.
Enquanto
aguardava minha vez de subir ao palco, puxava mais e mais conversa com Gil, com
a intenção de buscar outras coincidências. E encontrei! Pois ela mora ainda
hoje em um bairro de Rio das Ostras, cidade onde tive casa por anos a fio.
Sérgio,
nota-se, está deslumbrado com a sintonia energética que nos envolve por
inteiro. Há, no ar, uma afinidade quase palpável, e o nosso poeta, mentalmente
irrequieto, com olhar vago, busca compreender todo aquele enigma de difícil
solução.
Sentindo-se
incapaz de encontrar o fio da meada, a raiz de todas aquelas incríveis
conexões, resolve apelar para o seu editor e grande amigo Ruy Moura. Dia
seguinte, o procura e relata todos os acontecimentos da noite anterior.
Ruy apenas
ouve, sem esboçar qualquer opinião. Poucos dias depois, reúne todos os
personagens da história narrada por Sérgio e, tal qual um escritor acostumado a
lidar com enredos truncados e repletos de situações inusitadas, põe no papel o
seu veredito final.
Depois de
analisar ponto por ponto, Ruy, com seu fabuloso poder de síntese, e sem mais,
conclui sem hesitar: “uma coisa é certa: eu gosto de coincidências e
conexões, sobretudo de cogitações, seja lá o que tudo isso queira significar e,
sobretudo, gosto dessa gente toda!”
Em
Contrapartida, gosto que me enrosco, da tua Companhia, da tua Cultura, da tua
Comicidade, das tuas Certezas, das nossas Conexões virtuais e do teu requinte.
Feliz dois mil
e vinte!
PS: Gil, canta
pra mim... também sou índia e adoro o canto de quem canta pra índio.
7 comentários:
Lúcia, Índia-Rainha Amazonense, és a maior pérola do imenso país sul-americano. Se necessário fosse justificar o Brasil, bastava dizer: a Lúcia e o Botafogo são brasileiros!!!
Beijos requintados!
Concordo com cada palavra do seu comentário. Lúcia Senna, nossa Rainha cronista, me fez ver que o meu nome- do qual tinha verdadeiro complexo- era diferente e até interessante. Mas ela disse isso de uma maneira tão incrível que passei a ter orgulho do nome que ganhei dos meus pais. A partir desse dia tenho verdadeira admiração por ela.
Lúcia, a crônica responsiva está excelente. Parabéns.
ALCEGLAN
Lúcia, cantora cronista, canta pra mim, canta...
Tu nos encantas de todas as formas...
Tenho ouvido as crônicas no YOU TUBE e me perco em devaneios ...
Agora , uma cobrança: cadê a crônica de Dezembro? Peço desculpas mas... quem manda seres imprescindível?
Grande abraço, GLORIOSA!
JAYME
Cara , Lúcia Senna
Quantas felizes coincidências! E todas elas acontecendo em torno da música. Sérgio traz Gil para assistir o canto da Índia Mawyana. Gil , por sua vez, canta para uma comunidade indígena em CAMPOS DOS Goytacazes. Sergio é campista e conhece bem os índios da região. Realmente é uma Roda de muitos elos como sugere a imagem. É uma história e tanto!
Que sejam todos felizes em 2020.
Abraços do ALMIR
Querida Lúcia Senna, coincidências e evidências...relatadas com magia numa síntese bem compacta!!! Parabéns!!!
Lendo a excelente crônica de Lúcia Senna vou plagea- la dizendo que eu gosto que me enrosco do seu jeito brejeiro de escrever o que quer que seja. Será que essa é uma característica da comunidade indígena da qual ela descende?
Abraços e feliz ano para todos nós.
OTÁVIO
Lúcia,
Você foi tocada pelos deuses da Beleza, das Artes e da Comunicação. Você deve ter sido gerada numa noite estrelada , de céu límpido e lua cheia. Certamente os caciques e o pajé da comunidade Mawyana também estavam lá, fazendo seus rituais exóticos e repletos de antigas sabedorias. Só assim para compreender o fascínio que vc. exerce nas pessoas através da sua escrita, da sua voz, da sua interpretação e da musicalidade que a tudo você imprime.
Bravo! Abraços do,
THADEU
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