por CARLOS
FERREIRA VILARINHO
especialmente
para o Mundo Botafogo
sócio-proprietário e historiador do Botafogo de Futebol e Regatas
[A narração que se segue antecipa o III Volume da coleção, a editar em 2022, e reporta-se ao ano de 1968]
Botafogo 4x1 Flamengo (18/09/1968) – Taça Guanabara:
Em caso de empate no tempo normal, seriam jogados mais 20 minutos. Persistindo a igualdade, o Botafogo seria o campeão por ter melhor saldo de gols (3x2). Mas o alvinegro não ligava para a vantagem, pois só pensava em vencer. E como Roberto prometeu, mandou brasa.
À noite, 94.535 pagantes deixaram nas bilheterias do Maracanã a renda espetacular de NCr$ 331.583,25. O Botafogo entrou em campo completo, porque Roberto (pé direito) e Jairzinho (joelho direito), que não haviam treinado na segunda-feira, se recuperaram das pauladas recebidas no sábado. Miraglia incumbiu Murilo de juntar-se a Guilherme, deixando Onça na sobra, e escalou Nelsinho (fora de ritmo) para defender a lateral direita. Rodrigues Neto voltou para a meia-cancha. Moreira e Valtencir jogaram à vontade. Paulo Cézar botou Nelsinho no bolso e fez um carnaval na avenida aberta por Murilo.
Aos 10 minutos, Paulo Cézar recebe de Valtencir nas costas de Nelsinho. Dentro da área, Murilo, ao invés de combatê-lo, retrocede. Paulo Cézar controla o couro e invade pelo corredor da área perigosa. Nelsinho percebe o perigo e parte em seu encalço. Paulo Cézar, mesmo derrubado por ele, cruza rente à risca lateral da grande área. Jairzinho faz a parede e Gérson, na carreira, executa um tiro seco no canto direito: 1x0. Golaço!
Gérson corre na direção da bandeirinha do córner esquerdo, onde está a torcida flamenguista, e desfere um soco no ar. Aos 33, Paulo Cézar fuzila no poste. Aos 36, Fio arranca pela direita, ganha a disputa com Leônidas, invade a área penal, evita o carrinho de Valtencir, aproxima-se do poste e fuzila, mas Cao encaixa a pelota com segurança. Sensacional! O Botafogo responde. Aos 40, Paulo Cézar deixa Murilo para trás e busca a pequena área. Sai Ubirajara! Paulo Cézar cruza para Zequinha, que domina, gira o corpo e dispara no canto direito, mas Paulo Henrique mergulha para salvar de cabeça. Milagre! Aos 42, Dionísio substituiu Nelsinho e ocupou o miolo do ataque, deslocando Fio para a ponta direita. Rodrigues Neto se mandou, largando Zequinha.
Na segunda etapa, logo aos 4 minutos, lançado em profundidade, Jairzinho vence Guilherme na corrida, mas é derrubado por Ubirajara. Pênalti! Gérson, no entanto, bate muito fraco, rasteiro, no meio do gol, facilitando a defesa do goleiro. O Flamengo se anima. Aos 15, Zé Carlos tira o pão da boca de Silva. Ubirajara voa e manda a córner, evitando o gol de Paulo Cézar. Aos 18, Dionísio penetra nas costas de Zé Carlos, aguarda a saída de Cao e toca no canto esquerdo: 1x1.
Aos 20, recebendo de Gérson, na intermediária, Jairzinho foge do cerco de Jorge Andrade (que substituíra Onça), gira e lança Zequinha em profundidade, sem marcação. Já na grande área, sem tentar dominar, Zequinha dispara um petardo no ângulo esquerdo: 2x1. Espetacular!
Aos 23, Dionísio sobe mais que Leônidas e cabeceia no poste esquerdo. Na volta, Silva mergulha cara a cara, mas Moreira estoura e isola para a linha de fundo. O Flamengo aperta e o Botafogo se defende com raça extraordinária. Aos 28, Jairzinho invade nas costas de Murilo. Jairzinho penetra! Atrai Ubirajara! Finta-o e vai cruzar para Roberto marcar, quando o goleiro segura sua perna. Pênalti! Gérson não quer cobrar, mas o time todo o obriga. Zagalo vira as costas para não ver. Desta vez, Gérson toca seco no canto direito, fora do alcance de Ubirajara: 3x1.
Aos 36, Gérson intercepta o passe de Jorge Andrade e dá na frente para Roberto, que progride pela meia esquerda, entrega a Jairzinho, ao lado da meia-lua e penetra sem marcação. Guilherme vem combater Jairzinho, mas este devolve a Roberto, no centro, que avança como um raio e, quase da marca do pênalti, fuzila inapelavelmente: 4x1.
Armando Marques apita pela última vez! Botafogo Bicampeão Invicto! Zagalo saltou para o campo e correu, gritando: “Esse time está cansado, sim. Cansado de ganhar títulos” (JS)! Moreira, cuja camisa já fora arrancada pela massa, conclamou os companheiros à sua volta: “Agora, vamos dar a volta olímpica! Mas essa será pra valer, pessoal” (JS)!
Nos anos 1967-1968, o Botafogo conquistou 5 títulos consecutivos no futebol carioca: 1 Torneio-Início, 2 Taças Guanabara e 2 Campeonatos. Um genuíno tetracampeão! Em 49 jogos (sem computar o Torneio-Início), foram 39 vitórias e 7 empates. Nos 32 clássicos, 23 vitórias e 6 empates.
Extraído do livro “O Futebol do Botafogo – 1966-1970” (a lançar em 2022).
Os volumes I e II podem ser adquiridos
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