por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Não assisti à partida, mas medindo-a pelo resultado mais triste de um jogo de futebol (0x0) e pelos comentários de amigos e da imprensa, é lamentável o que tem estado a acontecer com os últimos resultados e exibições.
Não há que mascarar: se a certa altura do campeonato os resultados chegaram a empolgar os torcedores (excessivamente, diga-se), os dois últimos jogos contra adversários candidatos à degola, e já depois do regresso de alguns titulares, evidenciam a insustentabilidade do progresso da equipe e dos resultados – que, neste caso, era obrigação do Botafogo somar seis pontos.
Luís Castro e a comissão técnica ainda não compreenderam – caramba, será assim tão difícil?!... – que os melhores jogos com bons resultados contra equipes de topo não foram desenhados em 4x3x3, mas em 4x4x2, 3x5x2 e e jogando com menos posse de bola, precisamente porque não temos um meio campo criativo capaz de municiar o ataque em tridente, e que os piores jogos e resultados contra equipes de menor qualidade foram perdidos ou empatados em sistema de 4x3x3.
O caminho do gol permanece fechado e a comissão técnica ainda não identificou as chaves certas para o abrir em cada circunstância diversa.
Compreendo que Luís Castro queira implementar o seu eterno 4x3x3, no qual acredita convictamente, mas não compreendo que não perceba ser necessário jogar noutro esquema enquanto não tiver à sua disposição os recursos que necessita.
Compreendo a dificuldade de integração de jogadores que têm chegado em condições tão díspares e dos desfalques que não permitiram alinhar a mesma equipe por duas vezes seguidas, atrasando a construção de uma equipe consistente. Porém, um bom gestor seja do que for não fica agindo de acordo com o que seria ideal, mas sim com os recursos que tem e usando as estratégias e as táticas contigenciais possíveis à medida das circunstâncias. E isso não tem sido feito.
E enquanto isso não ocorre os pontos vão sendo ganhos por outros, contribuindo decisivamente para a queda da equipe na tabela classificativa, a insatisfação justa da torcida e, quiçá, a impraticabilidade de se manter esta comissão técnica por perder, paulatinamente, 'legitimidade social' perante a torcida.
E quando alguém perde a 'legitimidade social' dificilmente as pessoas reconsideram revertê-la.
Ademais, o futebol do Botafogo segue todo ele maus caminhos: em uma semana a equipe principal empatou duas vezes em casa com adversários futebolisticamente medíocres, a equipe de aspirantes passou diretamente da liderança à desqualificação e a equipe feminina entregou de bandeja ao Athletico a promoção à divisão de elite.
Acho que vou de férias, zangado como o Walter…
FICHA TÉCNICA
Botafogo 0x0 Atlético (GO)
» Gols: -
» Competição: Campeonato Brasileiro
» Local: Estádio Olímpico Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)
» Data: 13.08.2022
» Árbitro: Edina
Alves Batista (SP); Assistentes: Neuza
Inês Back (SP) e Fabrini Bevilaqua Costa (SP); VAR: Adriano Milczvski (PR)
» Público: 10.550
pagantes; 12.230 espectadores
» Renda: R$
247.445,00
» Disciplina: cartão amarelo – Philipe Sampaio (Botafogo); Renan, Willian Maranhão e Hayner
(Atlético); cartão vermelho – Philipe
Sampaio (Botafogo)
» Botafogo: Gatito Fernández; Daniel Borges, Philipe Sampaio, Victor
Cuesta e Marçal; Tchê Tchê, Luís Oyama (Adryelson) e Eduardo; Victor Sá (Luís
Henrique), Erison (Matheus Nascimento) e Jeffinho. Técnico: Luís Castro.
Atlético: Renan;
Dudu (Hayner), Wanderson, Lucas Gazal e Jefferson; Marlon Freitas (Rhaldney),
Willian Maranhão (Baralhas) e Jorginho (Kelvin); Wellington Rato, Churín e Luiz
Fernando (Léo Pereira). Técnico: Jorginho.
6 comentários:
Meu caro Ruy, ótimo comentário para variar. Também não vi o jogo mas li comentários e vi os melhores momentos.
No caso do nosso treinador vou na linha da comparação maestro X treinador. Se um maestro tem uma orquestra mediano ele precisa entender e saber qual repertório escolher; se ousar fazer a Sagração da Primavera vai ser um vexame. Longe, muito longe do Botafogo atual realizar algo do nível da obra citada, mas pode fazer coisa razoáveis se o treinador tiver bom senso na montagem do esquema. Eu sempre digo que um bom treinador é aquele que monta um time com os atletas que tem e não um que impõe aos atletas o esquema que tem em mente sem que tenha jogadores para tal.
Não entendi iniciar com o Mateus Nascimento, que até até momento se mostrou muito abaixo das possibilidades de atuar num time profissional, se é que um dia irá conseguir, faço votos que sim. Não temos no momento reserva para o Lucas Fernandes, o que matou o pouco de criatividade que o meio campo ainda possuía, Oyama não dá, PK menos ainda, uma grande decepção.
Se o lado esquerdo está bem, o direito carece de lateral e atacante, curiosamente o time insistiu atacar mais por este lado do que pelo esquerdo, onde Marçal e Jefinho se sobressaiam. Por que não escalar o Rafael? Como tudo no Botafogo é complicado e demorado, temo que os novos jogadores levem uma eternidade para serem escalados. Curiosamente nos outras times os reforços mal chegaram e já estão atuando. Parece que o Adryelson causou uma impressão muito boa e se tudo correr bem teremos uma boa zaga e, com a entrada do Rafael uma defesa melhor.
Vamos ver o que o Castro fará, com esse monte de volantes se ele insistir nesse insosso 4 3 3 vamos penar até o fim.
Infelizmente esse século XXI tem sido horroroso para o Botafogo, claro que as decisões internas são a maior causa de tantas decepções. Eu de minha parte vou tirar umas férias do Botafogo, a paciência que eu tanto peço aos outros, em mim se esgotou, principal nos últimos 8 anos; ver bom futebol no Botafogo nesse período é algo que não consigo lembrar. Para que acompanhou o Botafogo nas décadas de 60/70 e posteriormente no período Emil, ver esses times montados pelo Botafogo é um verdadeiro suplício. Só mesmo uma torcida tão fiel e apaixonada consegue aguentar tantas decepções.
Quanto ao sub 23, foi inoportuno tirar 3 jogadores importantes do jogo decisivo e manda-los para a Bélgica. Enfim, ordenes do chef.
Torço ardentemente que o Botafogo consiga retomar o caminho das vitória, mas eu, sinceramente, estou quase desistindo, para não desistir de vez, umas férias. ABS e SB!
Análise perfeita.
Sergio, as suas analogias com uma orquestra e seu maestro são sempre magistrais. É isso mesmo: se tenho recursos médios não posso aspirar a escolher repertórios difíceis sob pena de desafinar e criar completa insatisfação na plateia. Antes de ser professor universitário e pesquisador científico fui diretor de instituições e geri contingencialmente com os recursos que dispunha - num caso, tinha bastantes recursos, tripliquei os objetivos a atingir e concentrei-me numa estratégia de desenvolvimento; em outros dois casos, com recursos ao nível do Botafogo pré-SAF concentrei-me numa estratégia de recuperação em crise e quando deixei os cargos a velocidade já era de cruzeiro. A comissão técnica do Botafogotem objetivos de futebol bonito e de ataque sem ter ainda intérpretes para o fazer. Um erro crasso!
De todas as possibilidades anunciadas ultimamente de novos atletas creio que apenas temos com real valor Marçal, Eduardo, Adryelson, Tiquinho Soares e talvez ainda uns dois,que conheço mal. No blogue fiz o perfil de alguns. Eu penso que os reforços são sobretudo quantitativos, e não tanto qualitativos, e a demora de atuação é espantosa. E o Botafogo continua a insistir na velha receita de ter muitos volantes. Para quê muitos volantes?
Torço para que a dupla JT / LC dê certo. Creio que com os reforços a equipe vencerá mais vezes e poderá aspirar à classificação para a Sul-americana, mas temo que a criatividade necessária para outros voos se mantenha baixa. Explico: LC tem tido relativo sucesso em clubes com boas estruturas e tem formatado as equipes para o estilo 4x3x3, mas receio que a tática não seja suficientemente flexível para se adaptar aos jogadores disponíveis aquando delesões e suspensões. Embora sem perder de vista a noção estruturalista essencial para qualquer empreendimento, a flexibilidade e a contingencialidade foram sempre aspectos-chave de gestão emque eu acredito.
Abraços Gloriosos.
Pois é, Prof. Pizzolato, nós estamos todos realmente preocupados. Vamos torcer para que possamos ficar a meio da tabela e ir à Copa Sul-americana 2023. E depois ver se 2023 será um ano com reforços mais em qualidade do que em quantidade. E avaliar se esta comissão técnica tem condições para continuar.
Abraços Gloriosos.
O Botafogo de 2020 perderia pro de 2023? O do Autuori, pra mim não. E com salários em dia, nunca. Abraços gloriosos Ruy, irei me afastar do Botafogo temporariamente, pra mim a queda pra série B em 2023 é inevitável, pois Luís Castro não irá sair do comando. Só um milagre pra mudar tal destino!
Saulo, vamos por partes:
1) Lembro-o que o Botafogo 2020 teve a pior campanha de sempre do futebol do Botafogo, mesmo contando com a atual péssima campanha, feita em circunstâncias muito difíceis de montagem de equipe, de muitas lesões, de várias suspensões e, ao contrário do que tem dito, com contratações na 1ª janela em que Castro não participou.
2) Lembro-o que em 2020 ficámos em ÚLTIMO LUGAR!
3) Foi precisamente com Autuori que o descalabro começou, porque claramente estava entediado, zangado com os dirigentes nacionais por causa do Covid e desmotivou os jogadores, tendo saído porque o buraco se abria aos seus pés, e quem veio fez ainda pior. O Autuori nunca foi grande treinador.
4) Em minha opinião, considero mal afastar-se. Um botafoguense nunca se afasta seja em que circunstâncias for.
5) O Botafogo se classificará na zona da Copa Sul-americana.
6) Creio que no final do ano, iníco do ano seguinte é que saberemos se as intenções de JT são realmente para Glorificar o Botafogo ou para fazer do Botafogo ponto de passagem como foi com o Hamalainen, que jogou 17 minutos e foi embora...
Abraços Gloriosos.
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