terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Porque a nossa é uma torcida diferente – etnografias populares

Fonte: Dissertação de Mestrado de Eduardo Lacerda Mourão.

Obra da autoria de EDUARDO LACERDA MOURÃO

Mourão, Eduardo Lacerda (2012). Porque a nossa é uma torcida diferente: uma etnografia do Movimento Popular Loucos pelo Botafogo. Dissertação de Mestrado. Orientada por Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia.

RESUMO

Este trabalho aborda os agrupamentos torcedores autodenominados Movimentos Populares, surgidos no Rio de Janeiro a partir de 2006. Estes grupos distinguem-se das torcidas tradicionais, de diversos modos. Apresentam nos estádios uma expressão torcedora calcada no apoio incondicional aos times, através da elaboração e performance de um repertório de cantos de exaltação, da utilização da internet e da apropriação de distintas referências estéticas e comportamentais.

Por meio da etnografia de um destes grupos, o Movimento Popular Loucos pelo Botafogo, reflito sobre suas ideias e práticas, tomando como fio condutor a trajetória pessoal de um de seus fundadores e mais ativos componentes. Com isto, busco atualizar a compreensão da trama de relações que compõe a atividade torcedora na cidade, no contexto das transformações por que passa atualmente.

Fonte: Dissertação de Mestrado de Eduardo Lacerda Mourão.

ALGUNS EXCERTOS CONCLUSIVOS

«Neste contexto de transformações profundas, o corpo apareceu como plataforma de novas políticas torcedoras (TOLEDO, 2012), e a festa se constituiu como um espaço de uma corporalidade pensada para um engajamento performático. Se puseram em ação novas gestualidades (mais corporais do que retóricas) que traduziram a intensificação de um processo iniciado ainda na década de 1990 e que tinha como epicentro a consolidação de uma “linguagem e estética de periferia”, e segundo o mesmo autor “essa conjuntura específica valorizará no plano da socialidade uma leitura da sociedade a partir de princípios estéticos, valendo-se do corpo como produtor de valores e crítica social (…)” (op. cit.: 138). No contexto carioca, especificamente, a estética funk que já convivia com a matriz cultural e organizacional advinda do mundo social das escolas de samba, passou a conviver também com uma estética vinculada à Barra Brava, um modo latino que se espraiou por todo a América Central e do Sul como modelo dominante a partir dos anos 80.» [...]

«Os cantos que mencionei […] se tornaram protagonistas da festa, a modalidade da torcida cantada sendo uma espécie de linguagem comum, voltadas para a exaltação, para o cumprimento de uma torcida de apoio incondicional.» […]

«Busquei mapear o novo contexto de transformações ao expandir e colocar à disposição as versões nativas e as ideias que movem os movimentos populares em busca de expressão própria, em um cenário de dificuldades e obstáculos crescentes a que se possa cumprir seus principais objetivos – a festa nos estádios. As respostas serão dadas com o tempo, e não seremos nós, analistas externos ao âmago desta atividade, que as daremos. Estas respostas serão fornecidas pelos próprios torcedores no curso de sua atuação. Cumpre-nos apenas estarmos atentos e preparados para registrá-las e com isso oferecer mais recursos para sua compreensão.»

Texto integral em https://buscaintegrada.ufrj.br/Record/aleph-UFR01-000787805

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