[Nota preliminar: o texto reproduz rigorosamente a ortografia da publicação original]
Gentileza de ANGELO ANTONIO SERAPHINI | Colaborador do Mundo Botafogo
UM “CARONA” DIFERENTE…
Estocolmo, maio – (De Jorge Leal, especial para O Globo) – Vale a pena narrar um episódio ocorrido ainda quando o “team” botafoguense se encontrava no estádio de Rasunda, em Selna, preparando-se para deixar o vestiário e entrar em campo, no seu infeliz compromisso de estréia.
A história difere, completamente, de qualquer outro exemplo que tenhamos presenciado ou tido notícia. Um garoto, de aproximadamente 11 ou 12 anos, conseguiu pular o pequeno muro de entrada principal, burlando a vigilância dos porteiros, uma vez que não tinha dinheiro para adquirir o ingresso. Chegando ao vestiário do Botafogo, obteve o autógrafo do técnico João Saldanha e a permissão para recolher as assinaturas de todos os craques. Concluído o trabalho, foi agradecer ao treinador, desejar felicidades e dizer adeus.
Saldanha convidou-o a permanecer com êle e os suplentes, a fim de possibilitar-lhe melhor colocação, para assistir ao “match”. E o jovem “carona”, o “carona” mais diferente que já existiu, retrucou que agradecia muito, porém como não tivera condições para comprar o ingresso, não poderia assistir à partida. João Saldanha, encantado com tamanha honestidade, renovou o convite.
– Fique pois que agora você mesmo sem “ticket”, é nosso convidado especial.
– Obrigado, senhor, mas eu não comprei ingresso e tenho de retornar pelo mesmo caminho de que me utilizei para chegar até aqui.
E lá se foi o jovem, ante o olhar quase incrédulo do técnico, corredor afora, saltando outra vez o muro e deixando o estádio. Estava em paz com a sua consciência e era, ademais – assim deveria julgar-se – um homem rico, possuidor de todos os autógrafos que tanto desejara.
Fonte:
O Globo, 01.06.1959.
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