por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Abel
Ferreira comentou a equipe do Botafogo durante a coletiva após a partida em que
foi derrotado pelo Glorioso e, em minha opinião, extrapolou a sua análise para
além do jogo mediante as seguintes observações:
«Parabéns ao nosso adversário, que neste
momento tem tudo para ser campeão, está fora da Copa do Brasil, pode se
preocupar só com o Campeonato Brasileiro, tem equipe experiente, sabe pausar o
jogo de forma inteligente e madura. Nosso adversário foi muito eficaz.»
Li estas
declarações hipócritas estampadas em vários meios de imprensa e chamo a atenção
aos nossos irmãos botafoguenses, aos nossos jogadores e demais interessados que
as observações de Abel Ferreira não são inocentes nem pretendem ser
predominantemente elogiosas. O treinador do Palmeiras é inteligente e matreiro (conforme
se verificou ao empacotar para o Botafogo o instável Patrick de Paula) e
pretendeu influenciar percepções várias.
Em
primeiro lugar começou por implicitamente chamar a atenção que a sua equipe tem
outras competições em disputa e consequentemente poderá não ser feliz em todas
as frentes, escudando-se desde já nessa desculpa quando se confrontar com momentos
de insucesso, algo que é bastante típico dele nas derrotas culpando agentes
externos à equipe e à comissão técnica.
Em
segundo lugar omitiu matreiramente que o Botafogo é líder do Grupo A da Copa
Sul-Americana e consequentemente não disputa “só” o Campeonato Brasileiro.
Em
terceiro lugar realça que o Botafogo “tem tudo para ser campeão”, justificando
com o enaltecimento de diversas qualidades da equipe.
Ora, é
justamente aqui que reside a parte mais subtil, estratégica e matreira do jogo
que Abel Ferreira manipula fora das quatro linhas, isto é, uma espécie de
xadrez jogado entre treinadores com o intuito de influenciar principalmente
atletas e torcedores.
É por demais sabido que entre o fim de cada jogo e o início do seguinte as intervenções públicas dos treinadores visam muitas vezes alterar o comportamento dos adversários, especialmente face a embates mais difíceis, procurando obter sucessivos xeques ao Rei até que se obtenham posições mais vantajosas para o xeque-mate.
O que Abel
pretendeu foi chamar o Botafogo para a liça dos favoritos, sabendo que quando
uma equipe, o seu treinador ou os seus dirigentes se assumem como favoritos
isso implica uma pressão acrescentada sobre os jogadores, como se passassem a
ter obrigação de ser campeões.
Consequentemente,
associado ao favoritismo assumido, criam-se tensões complexas face à
probabilidade de se falhar, prejudicando a leveza mental dos atletas, atributo
fundamental e necessário para que se mantenham tranquilos e pacientes no confronto
com os adversários, evitando-se ansiedades e pesos mentais desnecessários.
O
Botafogo não pode alinhar nessa conversa!
Estando
nós a sair de um Inferno de décadas, ainda perseguidos pela imprensa e alvo
negativo de arbitragens, não precisamos, nem queremos, fardos acrescidos de
sermos favoritos e obrigados a conquistar o título brasileiro.
Isso deu
mau resultado em diversas partes do mundo com equipes tradicionalmente não
favoritos e que, em determinadas conjunturas, se chegaram à frente da
classificação e acabaram por sucumbir ao bordão do favoritismo, ao peso da
responsabilidade e à pressão exercida pela imprensa que lhes era desfavorável.
Um dos
grandes trunfos desta equipe é ter-se tornado mentalmente robusta!
Não
queremos ser favoritos a coisa nenhuma! Queremos é jogar saudavelmente e ganhar
apenas o próximo jogo, sempre o próximo jogo, nada mais do que o próximo jogo.
De cabeça limpa e alma cristalina!
Queremos
é fruir o presente e apenas o presente, porque as bolas de cristal que
adivinham o futuro são charlatanice, como sabemos.
Queremos
é vibrar vitória a vitória em cada jogo! Usufruir a maravilhosa sensação de
vencermos rodada após rodada e no final, e só no final, fazermos as contas.
Há um
provérbio de origem portuguesa a propósito da apanha da uva que diz: “Até ao lavar dos cestos é vindima.” Isto
é, pretende-se sublinhar que a vindima só termina com o lavar dos cestos após a
recolha da uva, o que significa, metaforicamente, que devemos saber esperar até
ao final de qualquer negócio, projeto ou campanha, sem retirar conclusões
precipitadas.
‘Eles’
vão tentar tudo para nos confundir, tal como dois jornalistas (?!) que na
coletiva de anteontem foram buscar as derrotas do Botafogo para o Palmeiras, em
2022, quando o assunto era a nossa vitória em 2023. E, claro, o avisado Luís
Castro deu-lhes imediatamente uma bronca e uma lição.
Amigos,
usufruam este momento inédito no século XXI, joguem com a equipe, sorriam,
sejam assertivos, divertidos e felizes.
Longe dos
estratagemas, artimanhas e alçapões que urdem à nossa volta porque… ‘eles’ NÃO
PASSARÃO!
4 comentários:
Que percepção e análise brilhante! Confesso que não tive essa capacidade de análise da fala do AF. Esse texto merecia ser emoldurado e entregue a cada jogador do Botafogo para que não caiam na armadilha. De fato o Botafogo incomoda, mesmo depois de décadas perdidas por administrações nefastas, razão pela qual o Botafogo de Futebol e Regatas é Gigante; só os gigantes incomodam. ABS e SB!
O Botafogo tem história e não se ilude. Está acostumado com glórias desde 1910.
E só os Gigantes não sucumbem a tanta bandalheira dirigente, a tanta perseguição oficial das entidades e a tanto assalto pelo apito amigo dos adversários. Enquanto o Botafogo existir, incomodará sempre!
Parafraseando o que o Sergio escreveu antes, nem Freud explica tal gigantismo sobrevivente aos acontecimentos de 1911, 1977, 2002, 2014 e 2020. Ou talvez se deva, apenas, às torcidas loucas e apaixonadas que sustentaram a Instituição Botafogo década após década por entre alegrias, tristezas, glórias, resistências, dramas, esperanças e resiliências!
O BOTAFOGO É UMA FORTALEZA E A SUA TORCIDA JAMAIS SE RENDERÁ!
Abraços Gloriosos.
Grande verdade, Vanilson! O Mais Tradicional desde 1894 e o mais Glorioso desde 1910!
Abraços Gloriosos.
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