por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Somos líderes isolados do Campeonato Brasileiro de
futebol à 9ª rodada. Toda a gente gosta de liderar quando o assunto é desporto?
Certamente! Por isso, ganhar é o objetivo central, quando se joga bem ou quando
se joga mal.
Estou contente? Todos os botafoguenses estão contentes!
Porém, as minhas primeiras palavras são para sublinhar Artur Jorge quando
questionado sobre a liderança do Botafogo:
– “Não significa nada
nesta altura, é apenas e só a nona rodada. […] São já alguns jogos consecutivamente a ganhar. […] Isso deixa-nos satisfeitos, […] alimenta a nossa ambição, alimenta aquilo
que é o nosso dia-a-dia. […] A
liderança é justa pelo que temos feito, mas muito prematuro para podermos falar
numa liderança confortável. […] Vamos
continuar a trabalhar para fazer mais e melhor, e fazer mais e melhor é pensar
já no próximo jogo para vencer e somar mais três pontos.”
Questionado sobre a Missão do treinador:
– “É uma missão que
tem muitos contextos. […] Há, ainda,
muito caminho pela frente. Aquilo que nós procuramos fazer é trabalhar
seriamente em cada um dos dias, com grande empenho, com grande dedicação,
grande foco a cada um dos jogos que temos pela frente.”
Em suma, irmãos/ãs botafoguenses, AJ sublinha com muita
clareza aquilo que o Mundo Botafogo [e o extinto Castro] vem afirmando
sucessivamente há dois anos: – “Treino a
treino, jogo a jogo, foco nos três pontos.”
Pessoalmente não estou pensando em títulos, estou
pensando jogo a jogo, vitória a vitória, fruição com os resultados que estamos
alcançando, mas ciente que títulos só se conquistam com muito trabalho
diariamente e foco jogo a jogo – e nada mais.
Paulo Cézar Caju exibiu-se publicamente com uma prematura
faixa de campeão carioca de 1971, e o título não veio. Torcedores do Botafogo
exibiram-se publicamente com uma prematura faixa de campeão brasileiro de 2023,
e o título não veio.
Fruamos as lideranças, fruamos as vitórias, mas não façamos
essa coisa de fruir títulos antes do seu tempo próprio. Os foguetes lançam-se
no fim.
No ano passado rimos muito antes de tempo e foram outros
que riram no fim.
– “Quem ri por
último, ri melhor”, diz o ditado popular.
O extinto Castro teve sempre o cuidado de sublinhar o
lema “jogo a jogo”, nunca falando em título, e nós, contentes, também não o
fazíamos explicitamente porque era prematuro. Veio o interino Cláudio Caçapa e
quebrou o lema dizendo que sim, que tínhamos que apontar ao título. Quebrado o lema,
embandeiramos em arco, alguns envergaram camisas de campeão, outros zoavam
prematuramente e nenhum treinador conseguiu, ou não quis, retomar o antigo lema no nosso dia a dia, tanto mais que ninguém blindou os jogadores e foi o próprio
Tiquinho Soares que, nas redes sociais, lançou a expressão “C.T.C.T.”, a qual
contribuiu para fazer cair a blindagem da equipe ao exterior.
Companheiros/as e amigos/as de Escudo, sigamos a cartilha
de AJ, que parece ser o treinador certo para o atual contexto do nosso futebol.
Ele sabe liderar o vestiário, sabe blindar os jogadores, sabe escapar às
artimanhas da mídia nas Coletivas, conhece bem os jogadores, sabe o que quer e,
obviamente, como qualquer treinador, jogador ou torcedor, quer conquistar
títulos, mas cada título tem um tempo próprio, que não antecede as vitórias que
têm que se conquistar com humildade, treino, união, força, vontade e devoção
JOGO A JOGO!
*****
A vitória sobre o Grêmio foi importantíssima, não apenas
pela liderança, mas sobretudo porque o nosso adversário foi o vice-campeão
brasileiro, o jogo contou como sendo fora de casa (embora na prática não tenha
sido devido à nossa fabulosa torcida presente) e as dificuldades surgiram muito mais
avultadas porque se trata de um Grêmio bem treinado (contra minha vontade,
porque nunca perdoarei a Renato Gaúcho a cena de 1992) e que mostra todas as
dificuldades que teremos pela frente com adversários muito qualificados e
ambiciosos.
O Botafogo não entrou mal na partida, apesar dos
obstáculos criados pelo Grêmio do início ao fim do jogo, e até poderíamos
inaugurar o marcador logo aos 7’, apesar de Damián rematar de posição difícil.
Contudo, aos 10’ ocorreu o que eu já afirmara aos meus amigos: Marlon Freitas
lançou Cuiabano pela ala esquerda, o lateral progrediu como é seu costume e
numa arrancada em diagonal inaugurou o marcador com um remate cruzado como
mandam fazer os ‘manuais’ de futebol. Botafogo 1x0.
Eu já alertara para que Cuiabano não é apenas um lateral
que defende, que avança no terreno e efetua bom cruzamentos, porque ele também tem
outra boa característica a apurar: marcar gols!
Tudo parecia começando bem, mas, na verdade, o
posicionamento do Grêmio, muito bem plantado no seu meio campo, e à espera de
contra-atacar apenas em momentos certos, não permitiu ao Botafogo desenvolver o
seu futebol envolvente e os lances de surpreendente velocidade em
contra-ataque. Quem fazia isso era o Grêmio, que reagiu ao gol sofrido, foi ao
ataque e numa falha clara de Halter o Grêmio empatou dentro na nossa área. 1x1.
A partir daí o Botafogo ressentiu-se e deixou de
controlar o jogo, o Grêmio encaixou melhor a marcação, anulou o nosso
meio-campo e as oportunidades de ataque escassearam, com o Grêmio muito bem
posicionado no seu meio campo. O intervalo chegou com as equipes empatadas.
No segundo tempo, como já é hábito, o Botafogo melhorou,
assim como Luiz Henrique, que pouco ou nada produziu na 1ª parte. Aos 57’, num
erro de Geromel, Luiz Henrique endossou um passe fabuloso para Júnior Santos no
miolo do semicírculo, que dominou a bola na perfeição tirando um zagueiro da
jogada, arrancou para a área por entre outros dois defensores e rematou para o
gol da vitória. Botafogo 2x1.
‘Jacaré’?! Não meus amigos, o Júnior Santos é
verdadeiramente o ‘Furacão II’, digno descendente futebolístico de Jairzinho!
O Grêmio não se deixou abater, reagiu, atacou e poderia
ter empatado o jogo, mas John fez duas defesas absurdas (temos goleiro!), além
de outras, e Júnior Santos, em voleio, salvou um gol adversário na linha de
meta. Soberbo JS!
O Botafogo continuou tentando o ataque, até poderia ter
marcado, mas não jogou tanto em equipe e as tentativas individualistas
surgiram, e sem resultado, como quase sempre.
Talvez o empate pudesse ter sido mais justo porque não
dominamos como em jogos anteriores, mas os dois belíssimos gols marcados, as
defesas miraculosas de John e o salvador ‘Furacão II’ fazendo de zagueiro,
mostraram que estamos muito focados em campo e que a equipe, pelo seu denodado
esforço em missão de resistência, não desmereceu ter vencido uma partida
difícil e crucial. Parabéns a todos!
OUSOU LUTAR! OUSOU VENCER!
FICHA TÉCNICA
Botafogo 2x1 Grêmio
» Gols: Cuiabano, aos 10’, e Júnior Santos, aos 57’
(Botafogo); Gustavo Nunes, aos 20’ (Grêmio)
» Competição: Campeonato Brasileiro
» Data: 16.06.2024
» Local: Estádio Kleber Andrade, em Cariacica (ES)
» Público: 15.595 espectadores
» Árbitro: Paulo Cesar Zanovelli da Silva (MG); Assistentes: Felipe Alan Costa de
Oliveira (MG) e Fernanda Nandrea Gomes Antunes (MG); VAR: Wagner Reway (ES)
» Disciplina: cartão amarelo
– Gregore, Damián Suárez e
Yarlen (Botafogo) e Gustavo Nunes, Carballo e Everton Galdino (Grêmio)
» Botafogo: John; Damián Suárez, Lucas Halter, Bastos e
Cuiabano; Gregore (Yarlen), Marlon Freitas, Tchê Tchê (Eduardo) e Óscar Romero
(Diego Hernández); Luiz Henrique (Danilo Barbosa) e Júnior Santos. Técnico:
Artur Jorge.
» Grêmio: Caíque; Fábio, Geromel, Gustavo Martins e Mayk;
Dodi (Du Queiroz), Carballo (Edenilson) e Cristaldo (Nathan); Pavón (Everton
Galdino), JP Galvão (Nathan Fernandes) e Gustavo Nunes. Técnico: Renato Gaúcho.
2 comentários:
Parece que o Artur Jorge vai conseguindo dar um estilo de jogo ao time do Botafogo, mas o curioso é que dependendo do adversário ele modifica o esquema e quando o time começa a titubear ele consegue reconduzir o time a fazer um jogo seguro.
Tão bom quando o domínio que o AJ consegue exercer sobre seus comandados que aos poucos estão entendendo o que o treinador pretende, são boas suas coletivas pós jogos assim como sua brilhante entrevista na tv. Nível de inteligência muito acima da maioria dos treinadores em atividade no país, que sempre repetem um discurso quase padrão.
Não há dúvida que pensar no campeonato jogo a jogo é muito importante e, de fato foi provavelmente o grande ou um dos grandes erros no ano passado.
Espero que o John Textor atenda aos pedidos de reforços do Artur Jorge, pois precisamos reforçar ainda mais o elenco para pensarmos em objetivos mais altos. Não que o elenco seja fraco, mas há carências e jogadores que ainda precisa amadurecer, como o Yarlen que tomou uma chamada do treinador, provavelmente pela bola em que ele deveria ter passado para o JS ou o Eduardo e equivocadamente chutou isolando a bola.
Destaques para o Junior Santos, John, Bastos, Marlon Freitas e Cuiabano. Acho que ninguém de fato destuou muito,as acho que o Romero precisa de mais intensidade, o Yarlen ser menos fominha e o Halter menos exitante. Mas o Luís Henrique mesmo ainda não apresentado aquele futebol mais incisivo, tem sido importante para chamar a marcação para si e nós dois gols de ontem teve participação importante, principalmente no segundo gol. Não vai se vem algum título esse ano, é possível, mas o importante é que o Botafogo começou a ser novamente um postulante às primeiras posições. Esse é o caminho para um crescimento promissor. Abs e SB!
Comentários perfeitos, Sergio.O AJ estuda os adversários, que é uma coisa que sempre tenho insistido, porque não é costume no Brasil estudar-se os adversários ao pormenor. Ele estuda, atua em conformidade com o adversário que defronta, mas nunca prescinde da identidade da equipe. E, em minha opinião, esta identidade tende a ser mais forte do que a que o extinto Castro implementou.
A ideia é que tudo se mecanize na equipe, com posicionamentos automatizados, mas também com liberdade de movimentos e, sobretudo, que os atletas entendam o contexto de cada jogo e saibam explorar as fraquezas dos adversários.
Os mais novos, como Yarlen e Jeffinho, são uns 'chatos' com a ânsia de se destacarem, e por vezes perdem a noção da equipe, não entendendo que acabariam por brilhar mais enquadrados em jogadas coletivas. Trabalho de consertação para a comissão técnica.
Acho que o Romero é bom, mas de intensidade tem pouco. Está fazendo falta o Savarino. O Luiz Henrique tem uns lampejos interessantes de vez em quando, mas ainda não fomos ressarcidos em campo do valor pelo qual foi adquirido.
Claro que quero títulos, mas não defini para mim mesmo qual/quais parece/m mais possíveis. O mais importante neste ano é consolidar definitivamente a equipe, com uma identidade forte de conjunto e proposição de jogo. Então, os títulos acontecerão. Se serão neste ano, não sei, mas a coisa promete. Por enquanto o lema tem que ser... JOGO A JOGO SEMPRE! E comemorar título, só mesmo quando matematicamente ele é certo ou quando em decisões o árbitro apitar o fim da partida.
Estou otimista, mas sou cauteloso.
Abraços Gloriosos.
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