segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

O Rei e os 12 Apóstolos – a simbologia esteve toda lá

E tudo começou há 130 anos na Baía de Guanabara numa manhã iluminada pela Estrela Solitária lá no alto.

por RUY MOURA| Editor do Mundo Botafogo

Não sou supersticioso como a maioria dos meus irmãos de Escudo, mas sou fã das simbologias e das coincidências e trato-as todas com o maior carinho – o ano botafoguense de 2024 é absolutamente repleto de simbologias espetaculares.

Em primeiro lugar porque se não fosse o trágico ano de 2023 jamais conseguiríamos obter a dupla conquista desta temporada. Se tivéssemos sido campeões brasileiros em 2023 teríamos ficado com um técnico como Bruno Lage, Lúcio Flávio ou Tiago Nunes, qualquer deles falho de carisma e capacidade de liderança.

Ao contrário, desde quase o início desta temporada procurávamos técnico e estávamos desacreditados em todo o país, o que nos beneficiou para conseguirmos novamente surpreender quando ninguém esperava – nem mesmo nós.

John Textor emendou todos os erros que cometeu em 2023, e teve a humildade de os reconhecer, pelo menos alguns deles, ampliando a sua capacidade de aprendizado na gestão do futebol, reforçando fortemente a equipe e escolhendo ele próprio o treinador, que, independentemente da sua qualidade técnica como treinador, dispõe de dois componentes cruciais para as conquistas, e escassos nas equipes do futebol brasileiro – uma enorme capacidade de liderança assertiva e uma enorme capacidade de planejamento e organização.

Paulatinamente a equipe foi se arrumando por entre alguns erros de estratégia, tática e dinâmica de jogo e muitos ajustamentos, cumprindo até final da temporada o nosso destino de “se não for sofrido não tem sabor”.

Nessa caminhada difícil de 7-8 meses, já na reta final, após três empates sucessivos e ‘traumáticos’ que deram a liderança ao Palmeiras à 35ª rodada, exatamente como em 2023, levantando o ‘fantasma’ do passado recente, Artur Jorge acabou por subitamente perceber muita coisa caso quisesse ser campeão, e quase por magia – demonstrando uma enorme capacidade de discernimento e liderança - enredou os jogadores numa profunda convicção de vitória, ao mesmo tempo que acabou por perceber o contexto do futebol brasileiro nos últimos seis jogos (além da final da Libertadores), mudando quase radicalmente tanto a estratégia como a tática, não se intimidando com o então super favoritismo do Palmeiras após chegar à liderança, nem com a expulsão dos 29 segundos na final da Libertadores, mantendo toda a linha de ataque conforme a preparação para o jogo, instando os jogadores ao maior combate da vida deles e vencendo claramente as duas competições pela ousadia final e a gestão rigorosa dos placares e do estado físico dos atletas.

Se John Textor havia dado uma lição de aprendizado como empreendedor estratégico após os erros cometidos, Artur Jorge seguiu-lhe as pegadas e nos momentos cruciais mostrou uma determinação raríssima de comandante, contagiando os jogadores que ganharam nova alma, cresceram inacreditavelmente nos jogos da decisão e se empenharam até à exaustão para comemorarem as duas fenomenais conquistas.

E foi muito difícil bater o Palmeiras (26.11) no seu estádio quando tudo parecia caminhar a seu favor; foi muito difícil enfrentar e vencer o Atlético Mineiro (30.11) quatro dias depois do enorme esforço para derrubar o Palmeiras da liderança e jogar a final com apenas 10 jogadores; foi muito difícil depois de jogos arrasadores enfrentar o Internacional (04.12) quatro dias depois tendo em conta que os gaúchos faziam a melhor campanha do 2º turno; pareceu fácil e inevitável a todos os botafoguenses ganhar ao São Paulo e conquistar o título brasileiro – porque até a torcida abandonou as suas angústias e pessimismos, certa agora que seria duplamente campeã!

Ah… é verdade… e então onde estão as simbologias?

Bem, a primeira o Mundo Botafogo lançou logo que se soube que o adversário final da Libertadores seria o Atlético Mineiro, isto é, no único título oficial internacional em 1993 o Botafogo enfrentara o Atlético Mineiro na semifinal da Copa Conmebol e o Peñarol na final, e o destino simbólico estava traçado quando se inverteram os papéis, mas se mantiveram os dois adversários – Peñarol na semifinal da Libertadores e Atlético Mineiro na final.

Iríamos ser campeões segundo as nossas superstições e a inesperadíssima coincidência simbólica!

E em 30 de novembro de 2024 registrou-se o 50º aniversário sobre o último jogo do Botafogo no Estádio General Severiano, no empate por 2x2 contra o Madureira, em 20 de novembro de 1974, que marcou o nosso imenso declínio – 30 de novembro de 2024 significa a virada de chave, novamente a caminho da Glória.

E, diríamos nós, fomos campeões com muito sofrimento e sem necessidade, caso Gregore não tivesse cometido a imprudência que cometeu e não tivesse sido expulso.

Ledo engano: tinha que ser assim.

Tinha que ser assim porque sem sofrimento talvez nem sequer vivenciássemos tanto essa conquista; mas teve que ser assim para que o Botafogo e os seus jogadores mostrassem que eram capazes com a sua ousadia, a sua luta, a sua vontade de vencer à beira do abismo; e teve que haver novo sobressalto com o gol do Atlético para que o Botafogo soubesse sofrer e ganhasse o jogo com apenas 20% de posse de bola; e tinha que entrar Júnior Santos para mostrar que, afinal, não íamos ser campeões apenas por arrojadas defesas de John fazendo alguma cera no gramado, mas porque eramos capazes de mais e fechar a competição conforme começou – com gol de Júnior Santos, artilheiro da Libertadores e maior artilheiro do Botafogo na competição.

E fomos então enfrentar o dificílimo Internacional. Vencemos por 1x0 e chegamos a ser campeões devido ao empate do Palmeiras no decorrer dos jogos de ambos. Porém, isso não nos servia e, então, o ‘apitador’ marcou uma falta inexistente a favor do Palmeiras que com isso venceu o jogo e adiou teoricamente o título para a última rodada.

E tínhamos que ganhar o último jogo para mostrarmos que não precisávamos de tropeços do Palmeiras para sermos campeões - embora eles acabassem por mostrar, no derradeiro jogo, perdido para o tricolor carioca, que mereciam o... vice-campeonato, 

E tinha que ser assim porque a dobradinha exigia uma comemoração no Estádio Olímpico Nilton Santos e no dia do 82º aniversário da fusão do Clube de Regatas Botafogo e do Botafogo Football Club que fundou o Glorioso Clube da Estrela Solitária BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS.

E para os crentes mais fervorosos, comemorar a dobradinha no dia da padroeira do Clube – Nossa Senhora da Conceição.

E por último, no dia do 17º aniversário de criação do blogue Mundo Botafogo.

E ao 12º mês de 2024, após 12 dias exatos, de 26 de novembro a 8 de dezembro, da retoma da liderança do Brasileirão, conquista da Copa Libertadores e conquista do Brasileirão, apenas três anos depois de nos resgatarmos da Série B e o Botafogo estar à beira da falência técnica, financeira e quiçá associativa, o Rei e os seus 12 Apóstolos tomaram o futebol da América do Sul e do Brasil pentacampeão mundial de assalto!

O Rei – John Textor; os doze Apóstolos – Artur Jorge no banco a comandar energicamente e onze titulares devotados, levando o Botafogo e milhões de corações disseminados por todos os estados do Brasil e pelo Mundo à ‘Gloria Eterna’.

Te amo BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS!

8 comentários:

Sergio disse...

Um texto que resume bem o que é o Botafogo, seus dramas, suas coincidências incríveis, erros e acertos e o regozijo das conquistas históricas, épicas e inesquecíveis, tudo muito claro nessas belas linhas.
Realmente o Botafogo não seria esse clube tão incrível se não percorresse tantos caminhos inusitados.
Esse ano de 2024 é provavelmente o ano mais incrível que vivenciei em relação ao Botafogo, e com dois títulos grandiosos, e digo apenas: É CAMPEÃO! É CAMPEÃO! Da Libertadores e do campeonato brasileiro. Abs e SB!

Biriba disse...

Belo texto, Rui!
E na quarta-feira já começa uma nova saga numerológica, cabalística, e novas datas e efemérides pra você formular relações de forma brilhante
Saudações botafoguenses!

Ruy Moura disse...

Sergio, admito até que seja o mais histórico ano dos 130 que o Botafogo já vive desde as águas da Baía de Guanabara.
Abraços LIBERTADORES.

Ruy Moura disse...

Vamos ver amigo Biriba, vamos ver como será. Os jogadores estão muito cansados porque o ´número criminoso' já chegou a 74 partidas em 2024! Haverá algum clube no mundo que vá fazer no mínimo (após o Pachuca) 75 jogos?! Se isto fosse jogado cm tempos decentes não tenho dúvida que defrontaríamos o Real Madrid na final, mas com tal calendário os mais desfavorecidos e mais fustigados pelo cansaço somos nós.Mas em futebol impossível existe?...

Abraços LIBERTADORES.

BFR Números disse...

Texto fantástico! Esta numerologia botafoguense deveria ser estudada a sério e publicada em livro. Como dizia um conhecido - "são coincidências demais para serem meras coincidência", rs.

Ronaldo Correa disse...

Ainda não consegui escrever nada do jeito que achava que normalmente escreveria porque aquilo que o Botafogo alcançou, e da forma como alcançou foi totalmente inesperado, mas inteiramente de acordo com a grandeza de sua história. Hoje todos os grandes atletas e dirigentes do passado foram elevados. Mas o que eu tenho mais curtido mesmo é essa música do "Sujeito de sorte" do Belchior, um achado da brilhante torcida do Botafogo. Se o Clube passar a ter sorte, então uma turma, que não sabe que o Brasil já foi bom no futebol, vai saber que as histórias do Botafogo eram verdade.
Que o Botafogo continue a percorrer uma longa estrada dos louros!

Ruy Moura disse...

Meu amigo, é caso para dizer, parafraseando a história da bruxa: "Não creio em coincidências, mas que as há, há!" (rs)
Abraços LIBERTADORES!

Ruy Moura disse...

Vamos percorrê-la, Ronaldo, vamos sim! Pelo menos as últimas palavras de Textor foram animadoras sobre estarmos permanentemente no top 3 ou 4 do futebol brasileiro, dando-nos a possibilidade de títulos e acesso permanente à Libertadores. Espero que o 'capitalista' continue a ter mais amor ao Botafogo e um pouquinho menos de amor ao bolso. (rs)

Abraços LIBERTADORES!

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