por RUY MOURA | Editor
do Mundo Botafogo
A escalação do Botafogo não foi mais do que uma derrota
anunciada. Caçapa foi um bom jogador nos bons tempos do Lyon, mas não tem estofo
para treinador. Escolheu uma tática de clube pequeno, a defender-se para o zero
a zero com três volantes, e não evidenciou nenhuma capacidade de comando. Os jogadores
fizeram o que quiseram, sem uma mão disciplinar no banco, e as expressões corporais
de Caçapa evidenciavam a sua incapacidade, não sendo sequer melhor do que o
interino anterior.
Caçapa apenas gere legados e não introduz nada de novo: em
2023 fez furor com o legado do ex-técnico que foi para a Arábia Saudita; em
2025 faz horror com o legado de Carlos Leiria e sobretudo com a ausência de
qualquer planejamento da responsabilidade de John Textor.
Textor é um homem de alternâncias que se vira para um lado e
para outro consoante as circunstâncias: em 2022 fez o certo, montando um elenco
relativamente forte; em 2023 os erros sucederam-se ao suprimir a pré-temporada,
em não contratar reforços capazes prometidos para julho, não se esforçar para
manter o treinador que chamava de ‘parceiro’, deixar cair Lage e, sobretudo,
aceitar Lúcio Flávio como solução; em 2024 redimiu-se dos erros crassos do ano
anterior e proporcionou-nos o melhor ano dos 120 anos de futebol do Botafogo;
em 2025 deixou-nos à deriva até agora, delapidando o patrimônio de prestígio
que foi alcançado e sem fim à vista da crise patética pela qual nos fazem
passar.
Da ousada e valente equipe de 2024 temos agora uma equipe burocrática
e desinteressada, reflexo da gestão caótica do topo e de treinadores interinos
sem a mínima capacidade para dirigir campeões sul-americanos.
Em campo, a desorganização foi total: péssimas decisões de
passes, inconsequentes perdas de bola, recomposições lentas, incapacidade de jogar
com a bola no chão, omissão total de jogadas articuladas no ataque e nem sequer
contra-ataque havia, limitando-se a equipe a enviar bolas para a frente à espera
de um milagre do isolado Igor Jesus.
Sem técnico e sem acionista maioritária à vista, o desempenho
da equipe é a prova de que sem liderança qualquer equipa passa a um simples grupo
de pessoas sem visão e sem estratégia.
A abordagem ao jogo foi simplesmente o reflexo da falta de liderança
e medo de um adversário tecnicamente inferior, residindo a diferença das equipes
no esforço de uns e na covardia de outros.
Obs.: Desisti de assistir ao jogo aos 62’ e desejo que o
Botafogo não se classifique entre os 8 primeiros da Taça Guanabara, poupando-nos
a mais exibições decadentes que minam o mental de todos nós.
FICHA TÉCNICA
Botafogo 0x2 Racing
» Gols: Vietto, aos 30’ (pen.), e Adrián Martínez, aos 62’
» Competição : Recopa Sul-Americana
» Data: 20.02.2025
» Local: Estádio El Cilindro, em Avellaneda, Argentina
» Árbitro: Felipe González (Chile); Assistentes: José
Retamal (Chile) e Miguel Rocha (Chile); VAR: Rodrigo
Carvajal (Chile)
» Disciplina: cartão amarelo – Alexander Barboza, Danilo Barbosa, Newton e Rwan
Cruz (Botafogo) e Di Cesare, Zuculini, Martirena e Nardoni (Racing); cartão vermelho – Cuiabano (Botafogo)
» Botafogo: John; Vitinho, Danilo Barbosa, Alexander Barboza e Alex Telles; Newton,
Allan (Rwan Cruz) e Marlon Freitas; Savarino (Kauê), Igor Jesus e Matheus
Martins (Cuiabano). Técnico: Cláudio Caçapa.
» Racing: Gabriel Arias; Di Cesare, Colombo e Quirós; Martirena, Nardoni,
Zuculini e Gabriel Rojas; Vietto (Zaracho), Maximiliano Salas (Nacho Rodríguez)
e Adrián Martínez. Técnico: Gustavo Costas.
4 comentários:
Olá Ruy e amigos,
As (in)decisões de JT beiram a loucura, o homem consegue algo dificílimo em curtíssimo prazo.
Recupera a autoestima de sua torcida e depois de ciclos de administrações horrorosas que machucaram o BFR, entrega o melhor ano desportivo de sua história futebolística.
Ao realizar tudo isso, faz o que nenhum adversário conseguiu em 24, freia o clube num momento absolutamente virtuoso.
JT jogou fora um movimento de excepcional otimismo, como se decidisse emperrar um clico virtuoso que teve para ser justo, sua importante participação.
O BFR ainda pode ganhar os grandes títulos do ano (embora nesse momento trabalhe contra si mesmo.), mas em fevereiro de 2024 já jogou água fria no fogarel histórico que construiu.
Em 24 vimos muitas coisas que só acontecem ao BFR, a linda vitória contra o Palmeiras quando o time chegou a dar sinais de oscilação, a fantástica vitória com um jogador a menos numa final de libertadores, um ano que valeu a síntese do "é tempo de Botafogo."
O descuidado absurdo com que isso foi tratado pelas lideranças políticas da SAF, são daquelas coisas inexplicáveis que também só acontecem ao Botafogo.
Um lamentável caminho de quem acho eu, ainda não entende o Clube que controla.
Abraços.
Um bom gestor não atira a sua equipe para o limbo. Quem o faz não sabe de gestão e liderança e não entende verdadeiramente o objeto do seu negócio. Uma pena.
Abraços.
Nem nos tempos das vacas magras vi um começo de ano tão desastroso.
Porém, o Textor mostrou-se irritado com as justas críticas de Barboza e Savarino à situação criada pelo acionista. Ele é muito 'delicado': faz as burreiras à torcida e aos atletas e não gosta de ser confrontado com essas burreiras. Está destruindo a própria criação...
Abraços Gloriosos.
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