por RUY MOURA |
Editor do Mundo Botafogo
O resultado do jogo pode-se considerar teoricamente positivo, mas uma vez mais o Botafogo não se superiorizou ao adversário, o qual jogou mais, efetuou mais remates – sobretudo enquadrados com a baliza –, gerou mais oportunidades de gol e evidenciou mais vontade de bola do que o Botafogo.
É certo que entramos com mais vigor do que o
Vasco e logo ao segundo cabeceamento de Arthur Cabral, em mais um excelente
cruzamento de Alex Telles, o Botafogo passou para a frente do marcador aos 7’.
Porém, o Vasco recompôs-se rapidamente, subiu a marcação e empatou aos 17’ por
intermédio de Jair na sequência de mais uma falta desnecessária de Barboza
(como faz faltas este rapaz!) e uma interceção falhada de Marlon Freitas, que anulou
uma bola que John defenderia facilmente e a colocou nos pés de Jair.
Daí para a frente só deu Vasco porque o
Botafogo de Paiva e Ancelotti ainda não aprendeu a contornar a marcação alta e
falhou sucessivamente as tentativas de saída de bola. Por outro lado, o meio
campo tornou a evidenciar debilidades e o Vasco dominou as ações na 1ª parte.
Espera-se sempre que a nossa equipe arrepie
caminho após os intervalos, mas não foi o caso. O Botafogo entrou pessimamente
no 2º tempo e teve a sorte do seu lado. Primeiro, porque o Vasco perdeu boas
chances de marcar; segundo, porque o choque de cabeça de Cris Ramos obrigou a
substituição, que já devia ter sido feita antes, e entrou Savarino.
Então o Botafogo recompôs-se no meio campo e
a partir dos 15’ a nossa equipe reequilibrou as ações, embora não tenha
conseguido criar grandes oportunidades, mas pelo menos travou a sede do Vasco,
que já não conseguiu manter a força e a dinâmica para vencer.
Tendo sido um jogo bastante movimentado, o
último quarto de hora da 2ª parte decaiu em força física e em emotividade,
deixando tudo por decidir no jogo de volta no Nilton Santos.
Deve-se realçar, contudo, que o Botafogo
continua sem ganhar aos clubes da frente do Brasileirão, sem ganhar clássicos e
ter tido a sorte do seu lado quando nada espantaria que tivesse perdido os dois
últimos jogos, em vez de ganhar um e empatar outro. Independente dos reforços
capazes que não chegam, apesar de Textor continuar a insistir que o ano ainda
será muito bom, embora não se veja a razão de tal otimismo, continua havendo
muito que fazer, tanto a nível estratégico, tático e de dinâmica de jogo como a
nível individual de desenvolvimento dos atletas.
O que temos por enquanto é que o otimismo de
Textor não se consubstancia em reforços efetivos (embora esteja sempre
disponível para libertar jogadores como Savarino) e as eventuais capacidades de
Ancelotti estão longe de aparecerem, notando-se claramente equívocos em
escalações e falta de leitura de jogo.
Resta-nos torcer para que a sorte que temos
tido em campo nos últimos dois jogos não mude e que os dois objetivos definidos
por Ancelotti se possam concretizar: conquista da Copa do Brasil e
classificação no G4 – dois objetivos bem difíceis face às atuais condições, mas
como em futebol nada é garantido…
FICHA TÉCNICA
Botafogo 1x1 Vasco da Gama
» Gols: Artur, aos 7’ (Botafogo); Jair, aos 17’ (Vasco da Gama)
» Competição: Copa do Brasil
» Data: 27.08.2025
» Local: Estádio São Januário, no Rio de Janeiro (RJ)
» Público: 19.615 pagantes; 20.358 espectadores
» Renda: R$ 1.432.857,00
» Árbitro: Anderson Daronco (RS); Assistentes: Rodrigo
Figueiredo Henrique Correa (RJ) e Victor Hugo Imazu dos Santos (PR); VAR: Rodolpho Toski Marques (PR)
» Disciplina: cartão amarelo – Arthur Cabral, Marlon Freitas, Danilo e Marçal
(Botafogo) e Vegetti e Hugo Moura (Vasco da Gama)
» Botafogo: John; Vitinho, Alexander Barboza, Kaio Fernando e Alex Telles
(Marçal); Danilo e Marlon Freitas (Allan); Artur (Newton), Arthur Cabral, Chris
Ramos (Savarino) e Álvaro Montoro (Matheus Martins). Técnico: Davide Ancelotti.
» Vasco da Gama: Léo Jardim; Paulo Henrique (Pumita Rodríguez), Hugo Moura, Lucas Freitas
e Lucas Piton; Barros (Thiago Mendes), Jair e Philippe Coutinho (David); Nuno
Moreira (Andrés Gómez), Rayan (Estrella) e Vegetti. Técnico: Fernando Diniz.
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2 comentários:
Eu penso que o grande problema do atual time do Botafogo esteja nesse planejamento mequetrefe na atual temporada. Acrescente-se a isso a venda de quase meio time titular com jogadores que faziam a diferença.
Acho difícil qualquer treinador com um mês e dezenove dias sem conhecer plenamente o elenco conseguir dar um padrão de jogo consistente ao time, mesmo os mais experientes, imagina um treinador que está começando agora. Foi assim com o Luís Castro, com o Bruno Lage e mesmo e muitos momentos com o Artur Jorge. Mas com este , por ter conquistados dois títulos importantes nós nos esquecemos de partidas bisonhas do time, inclusive na derrota para o Bahia no Nílton Santos quanto o Barboza foi escalado como centro avante. Cansei de ler o Artur Jorge sendo chamado de professor Pardal. Talvez seja bom lembrarmos que a segunda janela de 2024 vieram jogadores que deram mais qualidade ao time, bem contar na forma excepcional de um Luís Henrique, Bastos e Junior Santos entre outros, e isso é algo que não está acontecendo agora.
Sobre o jogo o que foi escrito por você foi exatamente o mesmo que eu vi, nada a acrescentar, apenas que eu tinha a convicção que o gol do Vasco havia sido por erro do Marlon Freitas, mas imaginava que apenas eu tivesse essa impressão, mas no texto pude confiar a minha percepção.
Acho que o gol abalou a confiança do time do Botafogo, que estranhamente passou a ser dominado sem mostrar muita resistência.
Espero que o jogo de ontem tenha servido de lição para o Davide, inclusive na escalação inicial e nas mudanças.
Mas o mais importante seria o Textor resolver esse imbróglio na SAF e mais importante, contratar pelo menos dois jogadores que acrescentem qualidade ao time, ou esperar umilagre que vários jogadores entrem em forma e que o treinador consiga dar um padrão de jogo consistente ao time. Mas repito, grande parte dos problemas da atual temporada é consequência de um planejamento muito ruim. Espero que o acionista maior do Botafogo tenha aprendido a lição, a temporada no Brasil começa em janeiro, e a nossa temporada é muito extenuante,noite isso há necessidade de um elenco equilibrado, e se quiser disputar títulos, precisa de jogadores de qualidade no começo da temporada. Abs e SB!
Esse é maior de todos os problemas, Sergio, mas pessoalmente coloco entre os equívocos das decisões tomadas a contratação de Paiva e de Ancelotti, porque para um time campeão brasileiro e continental não se pode contratar nem técnicos de fraco currículo e menos ainda técnicos iniciantes, que todos sabemos que cometem grandes gafes em início de carreira. Concordo que um treinador precise de tempo para se adaptar, mas Ancelotti comete erros elementares injustificáveis para quem herda não apenas a escola futebolística italiana mas também 12 anos de experiência a lado de um dos melhores treinadores do mundo.
Sobre o jogo. Não sei se o Botafogo se abalou com o empate ou se a razão é a falta de consistência em campo por mais de alguns minutos. As atuações têm sido um desastre e a sorte tem estado do nosso lado, designadamente conseguirmos ainda estar em 5º lugar no Brasileirão. Só lá estamos porque os outros também são inconsistentes, e não propiamente em função das nossas virtudes ou em função de um padrão de jogo que efetivamente ainda não conseguimos definir.
Sobre Textor. Nem quero aprofundar o assunto, tais foram os imbróglios em que se meteu. Não deu certo no Crystal Palace, no Lyon e no Moleenbek. E agora estamos nós em risco. Só espero que o assunto se resolva satisfatoriamente para o Textor se manter à frente do Clube, porque apesar de ser um falastrão, o regresso ao Botafogo do futebol e das regatas seria a nossa morte definitiva, e a venda para outros investidores seria muito incerta.
Abraços Gloriosos, desejando que a sorte nos possa sorrir muito brevemente.
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