terça-feira, 22 de abril de 2008

Noutros tempos... outros ventos…

A narração que se segue é da autoria de Armando Nogueira, tendo sido publicada no Jornal do Brasil nos anos 60 e, posteriormente, no livro Bola na Rede. A minha fonte secundária foi o blogue de Paulo Marcelo Sampaio.

Nos tempos de Carlito Rocha, o juvenil Joel, que constituía uma grande promessa, estava sendo assediado pelo clube rubro-negro, através de Chico Abreu que dirigia o departamento de futebol. Quando soube, Carlito Rocha decidiu ir a casa de Joel, acompanhado do professor Alfredo Taunay.

Recebido amavelmente pela família, Carlito teve a confirmação do assunto através do irmão João Martins.

Então, o notável diálogo, narrado por Armando Nogueira, terá acontecido assim:

“ – Mas Seu Martins, Joel é um filho do Botafogo e o Botafogo não tolera a idéia de vender um filho seu. E, depois, ninguém sai do Botafogo. Primeiro, porque o Botafogo é uma família, é o melhor clube do mundo e, segundo, porque os jogadores do Botafogo são os melhores do mundo, também.

“ – Eh, Seu Carlito, mas o negócio já está fechado com o Flamengo: o meu filho vai pra lá.

Carlito espalmou as mãos enormes como duas raquetes e estalou nas próprias pernas:

“ – Não senhor, o Joel é um filho do Botafogo. É um filho como o Baduca.”

O professor Taunay tomou um susto: o Baduca era um humilde come-e-dorme, qua jamais conseguira dar uma grande alegria à torcida botafoguense; e Joel era uma pinta enorme de craque. O professor engoliu em silêncio.

E Carlito perorando.

A família Martins mandou servir mais um cafezinho. E Carlito perorando. Do Botafogo ninguém pode sair, nem um Joel, nem um Baduca.

“ – O senhor quer saber o que é o Botafogo? – perguntou Carlito ao irmão de Joel. “ – O Botafogo não trocaria o Baduca pelo Ademir.

“ – Por quem? – perguntou a senhora mãe de Joel.

“ – Pelo Ademir, esse Ademir que é artilheiro, que é o mais famoso jogador do Brasil (pros outros, pra mim, não). Eu não faço a menor questão de trocar o Baduca pelo Ademir. O Baduca é um filho nosso, o Ademir é do Vasco.

E de olho fuzilando, Carlito invocou o testemunho do professor Taunay:

“ – Taunay, diz pra eles, diz Taunay, se o Botafogo trocaria o seu filho baduca pelo Ademir!

O professor Alfredo Taunay, que sempre foi um exemplo de sensatez, olhou para Carlito e respondeu:

“ – Espera aí, Carlito, assim também já é demais: o Baduca pelo Ademir, eu troco agora, agora.

Carlito, meio chocado, reagiu:

“ – Pelo amor de Deus, Taunezinho, que é que você tem contra o Baduca, o nosso filho Baduca?

E com a mais transparente sinceridade, Carlito Rocha dispensou o testemunho do professor, dizendo-lhe, amargurado:

“ – Taunay, eu não sabia que você não gostava do Baduca. E isso me entristece muito porque o Baduca sempre me falou muito bem de você.

“ – Boa noite – e foi-se embora.

4 comentários:

Danilo Julião disse...

Rui, tenho certeza que você fará sim!!!O seu texto é de uma técnicaincrível, capaz de prender o mais desatento dos leitores!!!

E teremos uma motivação a mais sim!E eu espero escrever uma análise apaixonadamente botafoguense...acho que você teve uma provinha lá no blog do rodrigo(federman),né?rs!

Amanhã, São Jorge vai sair da Lua e vai abençoar o Fogão!!!!rs...grande abraço aí pra terrinha!!!

SA!

Ruy Moura disse...

Ah... Danilo... Se nós pudermos escrever maravilhosas análises no Domingo... Aí é que a sua inspiração vai eclodir como fogo de artifício em comemoração de ano novo!...

Eu acredito... Mesmo com o 12º jogador deles... Se mantivermos a calma... Se jogarmos com a inspiração da carta do Cuca... Então, o Joel terá que ir até África com um desfecho indesejado... rsrsrs...

SAUDAÇÕES BOTAFOGUENSES

Anónimo disse...

Prezado Rui,
Presumo que o suposto artigo de Armando Nogueira refere-se a Joel Martins, grande lateral-direito do BANGU, contratado pelo Botafogo no início de 1962. Portanto, ele não foi juvenil do alvinegro. Ao ser contratado, já era craque consagrado (não uma promessa). Desconheço qualquer investida do Flamengo sobre o atleta. Informo que Carlito Rocha exerceu o cargo de presidente do clube, pela última vez, em 1952, só retornando, em 1963, para o cargo de diretor de futebol.

Parabéns pelo blogue.
Atenciosamente,
Carlos Vilarinho (sócio e ex-conselheiro)

Ruy Moura disse...

Estimado Carlos Vilarinho, trata-se do Joel ponta-direita que foi do Botafogo para o Flamengo no início dos anos cinquenta, precisamente quando Carlito Rocha fez a sua última presidência no Botafogo. Joel foi convocado para o escrete canarinho mais tarde e reserva de Garrincha em 1958. Consegue confirmar isso para mim, por favor?...

Obrigado por frequentar e gostar do blogue!

Saudaçõs Botafoguenses

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