De pé: Coggin, Edgar Pullen e Dinorah. Ajoelhados Rolando, Lulu e Lefèvre; Sentados: Emmanuel, Decio, Abelardo, Mimi Sodré e Lauro (foto de 25.09.1910)
O Botafogo Football Club tornou-se o Glorioso em 1910 pela conquista do campeonato carioca com goleadas em quase todas as partidas.
O Fluminense não perdoou esse protagonismo dos rapazes botafoguenses em detrimento dos homens de bigode fluminenses. Os bastidores começaram a mexer novamente, tal como os fluminenses fizeram em 1907, em que se recusaram a disputar em campo o título carioca, que acabou por ser atribuído a ambos os clubes na década de 1990.
Exatamente há cem anos atrás, no dia 25 de junho de 1911, o Botafogo defrontava o América pelo campeonato carioca. Os americanos baixaram o sarrafo nos botafoguenses e isso acabou por estabelecer uma enorme briga provocada pela violência do adversário.
Flávio Ramos foi violentamente agredido por Gabriel Carvalho, protestando. Abelardo intervém e o jogador americano insulta-o. Abelardo riposta com um bofetão, o campo é invadido e a confusão estabelece-se.
As intenções dos americanos parecem ser premeditadas e “Flávio Ramos chega a desarmar um celerado que empunhava um revólver” [in O Futebol no Botafogo (1904-1950), A. M. Oliveira Castro]
A decisão da federação foi assim: advertência aos capitães do Botafogo e do América por terem permitido a violência e trinta dias de suspensão para o provocador Gabriel de Carvalho, enquanto… sancionou seis meses de suspensão para Adhemaro Delamare e doze meses de suspensão para Abelardo Delamare.
A federação conhecia bem a rapaziada botafoguense e acabou por provocar o seu desligamento da liga por solidariedade com os seus camaradas, regressando apenas no campeonato de 1913 e por intervenção de Alberto Borgerth, então ao serviço do rubro-negro, que havia abandonado o Fluminense no mesmo ano de 1911 juntamente com mais oito titulares das laranjeiras. Acresce que a Liga era dominada por fluminenses…
Em 02 de julho de 1911, a diretoria escreve que certos indivíduos “declinavam das características de sportmen, insultando no mais baixo escalão os nossos jogadores e respondendo às espontâneas reclamações das archibancadas, com o emprego de gestos offensivos á moral, somente próprios de indivíduos cuja classificação nos dispensamos de fazer. (…) Diante de taes fatos, é bem de ver-se que, não seria possível aos jogadores do primeiro team do botafogo, por mais esforços que fizessem, manter a compostura conveniente. (…) A diretoria do Botafogo viu realizadas as suspeitas que tinha por denuncia várias de que o América pretendia lançar mão de todos os meios, lícito ou ilícitos próprios ou não do sportmen, para conquistar a victoria do seu primeiro team” [op. cit.].
Em 1907 o Internacional não foi a campo defrontar o Botafogo para os primeiros quadros, apesar de ter enviado os segundos quadros para a partida do campeonato respectivo. Esse era o pretexto para o Fluminense impugnar a vitória do Botafogo, recusasse disputar o campeonato no campo e evitasse a perda da supremacia de que se julgava merecedor.
Havendo essa situação pregressa [tal como outras situações no futuro que permitiram ao referido clube saltar da 3ª para a 1ª divisão de futebol diretamente], e conhecendo-se toda a manha que os fluminenses utilizavam na federação, dominando-a a seu bel-prazer, assim como a influência detida junto de outros clubes, parece-me que a história não foi completamente bem contada.
Para mim, o problema de investigação seria este: que influência tiveram (ou não) os então dirigentes do Fluminense junto dos jogadores americanos, cujo clube nem tinha condições de disputar o título, para exercerem tanta violência em campo e provocarem tão ‘desejável’ desfecho em junho de 1911?
Pesquisa de Rui Moura (blogue Mundo Botafogo)
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