terça-feira, 5 de julho de 2011

Taça Brasil de 1968: notícia em Brasília


Nesta semana que passou, o Correio Brasiliense publicou uma reportagem sobre a conquista da Taça Brasil de 1968, assinada pelo jornalista Roberto Fonseca.

Em duas páginas muito bem ilustradas, o Correio Braziliense apresenta a história da conquista e faz referências muito elogiosas ao blogue Mundo Botafogo, que foi utilizado por Roberto Fonseca para compor e ilustrar a sua prosa.

Parabéns pela reportagem, Roberto Fonseca!

[Seguidamente reproduz-se dois dos artigos publicados, mas vale a pena uma consulta ao jornal porque há mais reportagem acerca da Taça Brasil de 1968]

NO CENTRO DE DOIS TABUS

Taça Brasil
1968
ESPECIAL CORREIO BRAZILIENSE 23

» ROBERTO FONSECA

Uma partida que acabou com um jejum de 10 anos e deu início a outro que só terminaria duas décadas depois. Depois de um empate sofrido no Estádio Presidente Vargas, um mês antes, na capital cearense, Botafogo e Fortaleza voltaram a se enfrentar na tarde de 4 de outubro de 1969 no Maracanã. Em disputa, a Taça Brasil do ano anterior, paralisada diversas vezes por problemas de calendário, e que finalmente chegaria ao fim depois de 54 partidas.

Aquela tarde que se esgueirou pela noite entrou para a história como a primeira em que um clube do Rio de Janeiro se sagrava campeão de um torneio nacional. Desde a disputa da primeira Taça Brasil, vencida em 1959 pelo Bahia, a imprensa e os torcedores fluminenses cobravam um título de maior expressão. Flamengo e Vasco esbarraram no Santos de Pelé nas finais de 1964 e de 1965, respectivamente. O Botafogo também não resistiu ao forte time da Vila Belmiro em 1962. A chance estava desenhada.

A manchete do jornal Última Hora anunciava, como gostavam de publicar os diários de quatro décadas atrás: “É hoje!”. E não deu outra. O time da Estrela Solitária não tomou conhecimento dos rivais cearenses no jogo final. Os cariocas abriram o placar logo aos 7 minutos. Depois de uma rápida tabela entre Waltecir e Paulo Cézar, Roberto recebeu um passe rasteiro e mandou para o fundo das redes. Os jogadores do Fortaleza sentiram o gol. O Botafogo passou a tocar a bola e só não ampliou por conta das defesas de Mundinho, elogiado pelos jornais como o melhor atleta tricolor em campo.

No intervalo, os pouco mais de 13 mil pagantes demonstravam nervosismo. O domínio alvinegro tinha sido evidente, mas o medo de sofrer o empate assustava. O técnico Zagallo havia demonstrado durante toda a semana preocupação com a bola aérea dos cearenses. “Precisamos ter atenção especial com as jogadas de linha de fundo”, alertava o treinador, em entrevista ao jornal Gazeta Esportiva, dois dias antes da partida.

Baile

Veio o segundo tempo. E aos 8 minutos, a bola parada funcionou. Mas a favor do Botafogo. Ferretti cabeceou no ângulo após um escanteio e fez 2 x 0. Doze minutos mais tarde, Afonsinho e Roberto tabelaram da intermediária até a grande área. Roberto ajeitou e tocou de leve na saída do goleiro. Um golaço do capitão alvinegro. Com a mão na taça, o time aproveitou para gastar o tempo. Até que, aos 38, Ferretti escorou de cabeça um cruzamento de Rogério. Pronto. Festa completa. Botafogo campeão. Fora o baile.

No dia seguinte, os jornais cariocas estampavam a conquista alvinegra. No resto do país, o título, porém, foi praticamente ignorado pelos veículos de comunicação. A Folha de S.Paulo, por exemplo, informou o resultado em uma nota de três linhas na edição de segunda- feira. O motivo: todos estavam com as atenções voltadas para o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, considerado, à época, o verdadeiro campeonato brasileiro de futebol.

Mas, se o 4 de outubro de 1969 entrou para a história como o dia da primeiro conquista nacional de um clube carioca, a data também ficou marcada como a do último título botafoguense antes do jejum de 20 anos. E que só iria terminar na noite de 22 de junho de 1989, quando, aos 12 minutos do segundo tempo, o ponta Maurício deslocava o lateralesquerdo rubro-negro Leonardo e escorava para o fundo das redes o cruzamento de Mazolinha. Mas essa é uma outra história.


O orgulho de Zagallo

Taça Brasil
1968
ESPECIAL CORREIO BRAZILIENSE 24

» ROBERTO FONSECA

Imagens recolhidas pelo blogueiro português Rui Moura, torcedor do Botafogo, da final contra o Fortaleza no Maracanã: um dos melhores times da história

Zagallo tem a resposta de bate-pronto: “Eu me lembro muito bem do título de 1968. Foi a minha primeira grande conquista como treinador em nível nacional. Vinha do bicampeonato na Guanabara com o Botafogo, em 1967 e em 1968, e chegar à final daTaça Brasil, ganhando o título, teve um sabor muito especial”, disse o ex-jogador e ex-treinador em entrevista ao Correio.

Era a coroação de uma geração que dominou o futebol carioca no fim dos anos 1960. “Sem dúvida, aquele Botafogo foi um dos melhores times da história. Tinha muita gente boa”, recorda o português Rui Moura, 59 anos, morador das ilhas de São Tomé e Príncipe, na África, e que mantém um dos blogs mais completos com a história do alvinegro carioca, o mundobotafogo.blogspot.com.

E foi aquele time com Jairzinho, Gérson, Roberto e Paulo Cézar Caju que fez nascer no então rapazinho Rui Moura a paixão pela Estrela Solitária. “Não tinha como torcer contra o Botafogo. Morava no Rio de Janeiro na época e era um período fantástico, pós-Garrincha, com uma defesa espetacular, firme, difícil de ser vazada”, recorda Moura, que desde então adotou o time de General Severiano como a sua primeira grande paixão.

Campeão carioca de 1967 em cima do Bangu e de 1968 contra o Vasco, o Botafogo precisou de apenas sete jogos para faturar a Taça Brasil. Com 16 gols marcados e seis sofridos, venceu quatro partidas, empatou outras duas e perdeu apenas uma, para o modesto Metropol, de Criciúma, em Santa Catarina — sem futebol profissional desde 1969, o time catarinense é hoje apenas um clube amador.

Daquela equipe, no entanto, um jogador em especial merece atenção de Zagallo: Fernando Ferretti. Artilheiro da Taça Brasil com sete gols, o atacante era a “arma secreta” e fez história no time de General Severiano. Trazido das categorias de base do São Cristóvão, jogou no alvinegro carioca entre 1967 e 1975. “Ele era um garoto grande, meio encabulado por jogar nas divisões de base. Como tinha um bom futebol, o promovi à equipe profissional. Ele tinha um bom porte físico, cabeceava muito bem e foi fundamental naquela conquista”, diz Zagallo.

Ferretti disputou 251 jogos pelo Botafogo e marcou 85 gols. Dois irmãos dele também vestiram a camisa alvinegra: Ricardo (Tuca) e Bruno Ferretti. Mora atualmente em Araruama, na região dos lagos no Rio de Janeiro, com a família e luta contra um câncer.

[Nota: houve uma pequena truncagem nos artigos, o que é normal em jornalismo dado os jornalistas recolherem inúmeros depoimentos em pouco tempo: considero que a equipa de 1967-69 foi a melhor de todos os tempos enquanto conjunto (melhor que a equipa das estrelas máximas Garrincha, Nilton Santos e Didi, mas sou torcedor do Botafogo desde 1960, antes do bicampeonato de 1962.]

10 comentários:

Aqipossa Informativo disse...

Parabéns Rui e parabéns ao Mundo Botafogo pela história que faz junto à história do próprio Botafogo.

Infelizmente essa X Taça Brasil, mesmo sendo a cobiçada Taça que o Rio de Janeiro faltava conquistar, é considerada pela imprensa do Rio como "sem valor". A história mostra e conta o porquê: o calendário. Mas a história que querem deixar pra trás, também conta que o Botafogo é o único clube carioca a vencê-la.

Não é a primeira vez que vejo citarem o título de 21 de Junho como sendo do dia 22. Mas essa "outra história" é para ser lembrada. Eu diria que com a ponta dos dedos, Maurício empurrava para a história do Botafogo mais um título inesquecível do Glorioso Alvinegro de General Severiano. A história deve ser contada como o segundo maior chororô de um time do futebol brasileiro. Já dura 22 anos que a beira da Lagoa chora por isso.

O maior chororô de todos também vem de lá, e tem 2 anos a mais. Mas ESSA, é uma história que eu mesmo me encarrego de contar lá no Aqipossa.

Saudações.

Ps. Estou voltando aos poucos, depois de tanto problema. Um HD queimado, uma forte gripe, uma demissão do emprego, um novo recomeço em nova empresa e por fim, agora, uma conjuntivite.

Isso em praticamente um mês, dizem, que o "inferno astral" dura um mês antes do aniversário. Depois de amanhã meto 39 na bagagem da vida. Será que acabam as intempéries?

Abraços.

Ruy Moura disse...

vantagem da sintempéries acontecerem em catadupa é que a seguir só sobra a bonança. Vai ser um resto de ano frutoso!

Com o Aqipossa junto! Que venham mais histórias cathartiformes!

Abraços Gloriosos!

Soham disse...

Antes de mais nada, que bacana esse espaço. De muito bom gosto a imagem na parte superior, condizendo com a grandeza do clube.

Humildemente, deixo aqui um convite ao administrador e a todos que acompanham o Mundo Botafogo: visitem o BotArseNapoli, blógui que abri por esses dias e onde pretendo abordar os 3 times que mais mexem comigo.

Fraternal abraço e saudações alvinegras,
botarsenapoli.blogspot.com

Anónimo disse...

Saudações,
É com grande alegria e saudosismo que posso falar daquela tarde de sol maravilhosa que brindou a todos que lá estiveram. Aos 16 anos eu estava naquela geral vendo de pertinho, aqueles jogadores formidáveis darem, novamente, outro baile em mais uma final de campeonato. Mais uma goleada. E mais uma de QUATRO. Pra mostrar a todos quem era esse Botafogo dos anos sessenta. Incrível e espetacular. Abriu e fechou a década com chave de ouro. Sensacional!
E aproveitando o teu espaço, gostaria que ajudasse a divulgar uma campanha para que fosse eternizado e conhecido, em todos os cantos do planeta terra, o nosso lindo e maravilhoso escudo. E como o apresentaríamos? Simplesmente erguendo-o, sob a forma de monumento em nossos estádios(Na nossa se de em botafogo e no engenhão) Principalmente, agora, aproveitando o momento internacional dos jogos militares mundiais. Ergueríamos escudo nas entradas principais, onde eles existirem, acompanhado pela seguinte frase em inglês: - THE MOST BEAUTIFULL IN THE WORLD(F.I.F.A) - Imagina, quem não iria gostaria de levar essa foto pra tirar "um sarro" com ela. Ou, simplesmente, tirar uma foto na entrada do nosso belíssimo estádio e exibi-la aos seus familiares e amigos mundo afora!! Aproveitando a oportunidade pela realização dos jogos mundiais no engenhão, acho que seria um "gol de placa" como marketing internacional aproveitar o excepcional momento para dar conhecimento mundial a esse nosso TÍTULO UNIVERSAL de mais lindo pavilhão do mundo(escudo). Imagine a repercussão e orgulho que vai gerar a nós botafoguenses. Nós que já possuimos um imbatível tetra carioca... Já temos os títulos mundiais com a seleção brasileira... O título de 12 clube do século XX....E agora esse, que é imbatível, inigualável e inquestionável: UM TÍTULO UNIVERSAL. Uma distintinção imensurável: "A mais bela estrela de toda a galáxia brilha em nosso pavilhão. Que show!
Agradeceria o encaminhamento dessa ideia ao nosso departamento de marketing, para sacramentar esse título que nos foi mundialmente conferido e tornar o nosso pavilhão definitivamente conhecido em cada canto do nosso planeta.
FOGOOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLLL!!!!!!!!!
Agradeço ao nosso anfitrião o espaço e a oportunidade.

Ruy Moura disse...

Viva Soham! Obrigado pela deferência.

Também gosto do Arsenal em Inglaterra. Irei ao seu blogue.

Abraços Gloriosos!

Ruy Moura disse...

Certo, caro anónimo. Farei isso.

Abraços Gloriosos!

Anónimo disse...

Oi.

De acordo com sítio da CBF e Correio da Manhã, 34.558 pessoas

BOTAFOGO FR 2 x 2 FORTALEZA EC
Data: 03 / 09 / 1969
Local: Presidente Vargas, Fortaleza
Renda: NCr$ 46.810,00
Público: 15.375
Árbitro: José Mário Vinhas
Competição: Campeonato Brasileiro (Taça Brasil)
Gols: Erandir e Joãozinho, no 1° tempo; Ferretti (2), no 2° tempo
Botafogo: Ubirajara Motta, Moreira, Zé Carlos (Moisés), Leônidas e Waltencir; Carlos Roberto e Afonsinho; Zequinha (Rogério), Humberto, Ferretti e Torino. Técnico: Zagallo
Fortaleza: Gilberto, William, Zé Paulo, Renato e Luciano Abreu; Joãozinho e Luciano Frota; Lucinho (Mimi), Mozart, Erandir e Alísio (Amorim). Técnico: Caiçara


BOTAFOGO FR 4 x 0 FORTALEZA EC
Data: 04 / 10 / 1969
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Renda: NCr$ 84.575,00
Público: 34.588
Árbitro: Guálter Portela Filho
Competição: Campeonato Brasileiro (Taça Brasil) (decisão)
Gols: Roberto, 12’ (1° tempo), Ferretti (2), 12’ e 35’, e Afonsinho, 22’ (2° tempo)
Botafogo: Cao, Moreira, Chiquinho Pastor (Leônidas), Moisés e Waltencir; Carlos Roberto (Nei Conceição) e Afonsinho; Rogério, Roberto, Ferretti e Paulo Cézar. Técnico: Zagallo
Fortaleza: Mundinho, William, Zé Paulo, Renato, Luciano Abreu; Luciano Frota e Joãozinho; Garrinchinha, Lucinho, Erandir (Amorim), Mimi. Técnico: Gílvan Dias
Obs: Botafogo, campeão do Brasil (1968)


Fontes: Correio da Manhã e Correio do Ceará.

Saudações Alvinegras

Ruy Moura disse...

Obrigado, Pedro.

Abraços Gloriosos!

ali reslan disse...

amigo RUY, mesmo a imprensa carioca nao dando importancia a competiçao o mais importante é que esse titulo foi reconhecido como campeonato brasileiro,e essa competiçao nao teve a importancia que merecia por parte da imprensa tambem porque criaram outra competiçao nacional para indicar o campeao brasileiro antes de terminar a outra, isso é que eu acho errado e desorganizado, porque a taça brasil foi criada para indicar um campeao brasileiro, e como que criam outra competiçao para indicar um campeao brasileiro, antes da outra ser extinta, o robertao deveria ser criado depois da extinçao da taça brasil . porque seria a mesma coisa que a cbf criar agora uma outra competiçao nacional com o objetivo de criar um campeao brasileiro, só mudando o nome da competiçao, isto tambem nao teria cabimento.mas uma coisa tenho certeza RUY,se algum outro clube do rio tivesse conquistado a competiçao aí sim a imprensa carioca daria valor, principalmente se fosse o flamengo. abraços gloriosos!

Ruy Moura disse...

Assino em baixo, Ali. Todas as suas observações são certeiras.

Abraços Gloriosos!

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