Há muitos
anos que o futebol europeu ultrapassou estrategicamente, taticamente e
tecnicamente o futebol sul-americano, representado sobretudo por velhas glórias da
Argentina, do Brasil e do Uruguai. Porém, uma coisa é certa: o futebol
sul-americano e o que o envolve continua a ser muito mais divertido do que o
‘sério’ futebol europeu, embora se sujeite a diversas críticas de natureza ética e moral.
Na Europa
não há jogadores que arranquem o cartão amarelo das mãos do árbitro e lho
mostre; na Europa não há jogadores que beijem o árbitro ironicamente como
quando não foi marcado um pênalti a favor do Madureira contra o Botafogo; na
Europa ninguém diz ao melhor futebolista do século XX que “calado é um poeta”
ou que “coloque um sapato na boca”; na Europa nunca houve algo sequer parecido
com o ‘Alegria do Povo’ e a sua deslumbrante espontaneidade; na Europa não foi
inventada a folha-seca, a paradinha, o fair-play, a roda de bobo.
Ontem, duas ocorrências,
apesar de sujeitas a críticas negativas, me fizeram sorrir:
(a) O
Botafogo recolocou a foto do ex-presidente NÓDOA chefe da ‘quadrilha da praia’
na Galeria de Presidentes, mas não uma foto qualquer e sim a foto tirado pelo
meu querido companheiro Thiago Pinheiro quando o atual presidente indicava a
rua ao ex-presidente – simplesmente delirante, embora institucionalmente indefensável.
(b) Teo
Gutiérrez, colombiano ao serviço do Sporting, retornou de uma lesão e marcou um
gol espetacular contra o Besiktas após um drible notável e, então, tomado de
emoção, arrancou o spray da mão do
árbitro e fez a sua marca no relvado – simplesmente delirante, embora tenha
tomado um prejudicial cartão amarelo.
Quer no
plano racional da foto que expulsa o ex-presidente, quer no plano emocional da
imagem da marca de Gutiérrez, o futebol sul-americano continua com a sua índole característica
e divertida, longe da sisudez europeia. Marcando bem as diferenças entre o 'velho' e o 'novo' continente no ciclo da vida humana e social.
Sem comentários:
Enviar um comentário