quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

FLAtulências (96): a cara deles…

O Bangu conta, em sua história, com dois campeonatos dignos de nota: os Cariocas de 1933 e 1966. Vamos relevar o que contam os homens da época, que garantem que em 1966 o Bangu era um timaço, um verdadeiro escrete de ouro, um rolo compressor – sua campanha foi de 15 vitórias, dois empates e apenas uma derrota, para o Flamengo, no primeiro turno. Logo, convenhamos, mesmo que seja uma derrota em final para o Bangu, o Flamengo não havia perdido para um Bangu qualquer, mas para O BANGU. Portanto, cadê o vexame? Então, consta que aos 25 do segundo tempo, tal placar de 3x0 já estava feito em favor do Bangu. Veja abaixo reportagem de Placar sobre o ocorrido no dia 18 de dezembro de 1966 e sinta o drama:

“Aos três minutos do segundo tempo, a maioria dos torcedores rubros negros estavam calados. O placar de 3x0 para o Bangu era um sinal vidente da derrota, pois, além da diferença nos números, o adversário dominava o jogo. Os caminhos da reação pareciam fechados. Vinte e seis minutos e tudo estava na mesma. De repente, o futebol acaba, cedendo lugar a uma das maiores confusões já registradas no maracanã.

O lateral Paulo Henrique se preparava para cobrar um lateral quando Ladeira tentou impedir e provocou o jogador do Flamengo. Paulo respondeu com palavrões e recebeu uma bofetada do atacante do Bangu. Almir estava ligado na partida e disposto a tudo para não aumentar a humilhação. Era demais para uma tarde só. Primeiro, os frangos de Valdomiro, que mais tarde foi acusado pelo próprio Almir de ter se vendido. Depois, as contusões de Carlos Alberto e Nelsinho. Agora, o tapa de Ladeira.

2 Almir perde inteiramente o controle. Partiu, desesperadamente, na direção a Ladeira, que prefere correr, mas em direção a zaga do Flamengo. Itamar, um negro forte de 1,85 e chuteira 43, pula com os dois pés no peito do atacante, que cai. Almir que vinha correndo chutou sua cabeça. A esta altura, o gramado do Maracanã já era palco de uma verdadeira loucura coletiva. Ari Clemente do Bangu, vem por trás de Almir e agride o pernambuquinho. Imediatamente é cercado por Silva, Itamar e o próprio Almir.

A torcida do Flamengo, até então calada com a derrota, resolve agitar suas bandeiras, como se cada soco, cada pontapé, valessem como um gol que o time não conseguiu fazer. E num desabafo começa a gritar – Almir, Almir, Almir.

Ladeira deixa o campo de maca. O juiz Airton Vieira de Moraes, conversa com o treinador Reganeschi, que consegue tirar Almir do campo. Mas, quando Almir vai descendo o túnel ouve alguém gritar – “Volta Almir. Acabe de vez com a festa deles”. Foi o suficiente. Ele dá meia volta e parte novamente para o gramado. É ameaçado pelo goleiro Ubirajara e lhe dá um soco. É cercado por Ari Clemente, Mario Tito, Luis Alberto e Fideles. Almir começa a distribuir socos prá todo lado. Bate e apanha. Silva e Itamar correm em seu socorro.

A muito custo, os policiais conseguem dominar Almir e levá-lo definitivamente para fora do campo. Sua saída lembra um lutador de box deixando ringue após um combate. Os espectadores se dividem em vaias e aplausos. No meio do campo, o juiz Airton Vieira de Moraes resolve expulsar cinco jogadores do Flamengo: Valdomiro, Itamar, Paulo Henrique, Almir e Silva. E mais quatro do Bangu: Ubirajara, Luis Alberto, Ari Clemente e Ladeira.

Futebol não teve mais. Os banguenses deram a volta olímpica com poucos aplausos. A torcidas do Flamengo vaiava e gritava o nome de Almir.”

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