Pelé e Maradona
em extremos políticos de direita e de esquerda
“É mais que sabido que Pelé, ao
longo da vida pública, cultivou uma persona à sombra do equívoco. “
“Sua condescendência com regimes
autoritários e federações desportivas idem não tem como não desabonar a sua
reputação. Um entranhado conservadorismo (que Mário Filho involuntariamente
detecta na referida glorificação da sua família) é, sem sombra de dúvida, a
bússola dos seus descaminhos pelo território da opinião livre.”
“Diego Armando Maradona revelou
ter a mesma habilidade de craque num outro domínio onde o seu concorrente
brasileiro, apesar do esforço, é um rematado pereba: a autopropaganda. O
argentino intuiu que ela é a alma do negócio.”
“Pelé e Maradona encarnam toda
sorte de paixões populares, representações coletivas, expectativas sociais. É
uma carga imensa sobre dois homens que também têm a sua dimensão de
mortalidade. Queiram ou não, são mitos em vida, condição também reservada a
alguns poucos humanos, não se pode esquecer. Foram condenados por força da
própria genialidade a ocupar a boca de cena desde antes de completar a
maioridade. Trataram de corresponder ao papel que se esperava deles na
encenação tragicômica que a indústria do espetáculo produz. É uma fatalidade.
Sob todos os holofotes, nunca sairão do palco, território da sua glória e
solidão.”
“Numa nação vocacionada para o
Barroco como o Brasil, defender o retrógrado Pelé pode ser uma tarefa
libertária.”
– Lúcio Branco, escrevendo sobre
Pelé 'homem' e Pelé 'futebolista'.
2 comentários:
Bom dia. Pelé é fruto de um bem elaborado projeto de markerting desde quando este termo ainda não era tao conhecido. Vejamos: Copa de 58, Pelé aparece para o mundo, porém, segundo os cronistas da época, o melhor jogador do mundial foi DIDI. Chegamos a copa de 62 e, GARRINCHA comandou a seleção para o titulo com "meio" time do Botafogo. Copa de 70, difícil falar qual o melhor jogador daquele time, todos jogaram muito bem. O destaque vai para JAIRZINHO, que resolveu fazendo gols em todos os jogos, sendo até hoje, 45 anos depois um feito ainda não igualado. Para o marketing de Pelé e alguns comentaristas, o "Rei" do futebol ganhou todas sozinho. FOGÃO SEMPRE.
Concordo, Roberto. Na verdade, os Botafoguenes tinham a vocação de 'Seleção', Pelé a vocação de 'Clube'. O Brasil teria sido tricampeão do mundo sem ele, mas não sem Didi, Garrincha e Jairzinho, os três melhores jogadores em cada uma das Copas.
Obviamente, sem que eu pretenda negar a qualidade superior de Pelé, que provavelmente mereceu o título de Futebolista do Século pelo conjunto da sua obra e das suas capacidades.
Abraços Gloriosos.
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