Imagem: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco
por MÁRIO
FONTES
Folha de Pernambuco
Um dos materiais mais tradicionais usados para a
prática do futebol de mesa sobrevive nas mãos dos botonistas.
“Antes de jogar,
temos que limpar os botões”. Enquanto passa seus “jogadores” na almofada de
carnaúba, o militar reformado Abiud Gomes fala sobre a seriedade de uma das
atividades mais tradicionais na infância: o futebol de mesa. Antes da chegada
dos computadores e da popularização dos videogames, era através dos botões que
os mais jovens organizavam suas equipes, colocavam seus ídolos em campo. Hoje
em dia, um grupo mantém vivo o jogo, sendo muito mais que uma diversão. Membros
da Associação Pernambucana de Futebol de Mesa (APFM) se reúnem todo fim de
semana com suas equipes de todos os tipos: acrílico, resina, osso. Entre estes,
um em especial chama a atenção: o botão de chifre.
Criado por presos da Casa de Detenção do Recife (onde
fica atualmente a Casa da Cultura), o botão feito com chifres de boi foi
introduzido na década de 40 em Pernambuco. Nos dias atuais, uma equipe de
chifre é raridade, verdadeiro item de colecionador. “É diferente, feito por um
artesão não por um mecânico”, comenta Alexandre de Freitas, um dos sócios da
APFM. Além da composição diferente, e o formato distinto do que é jogado no
resto do País, o botãobol tem regras únicas, que têm por objetivo deixar o jogo
mais parecido com o futebol de campo. “Hoje no Brasil se joga botão de tudo que
é jeito, mas só aqui utilizamos esta regra dos 12 toques, a regra
pernambucana”, afirma Abiud Gomes. “O nosso, se você olhar os placares
recentes, até os scores são semelhantes aos do futebol”, completa. A “Rainha
das Regras” inclui também tempo, bola de borracha e goleiro em formato
cilíndrico, diferente dos goleiros retangulares tradicionais.
A relíquia não é fácil de encontrar, e também de se
adquirir. Um time completo pode custar em torno de 400 reais, a depender do
valor simbólico que aquela esquadra tenha também. “O que faz o preço do botão é
a paixão da gente”, diz José Ribamar.
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