por AUGUSTO
FREDERICO SCHMIDT
Poeta
botafoguense nascido para o Botafogo de Futebol e Regatas
Que lua embranqueceu os teus cabelos?
Não; foram muitas luas,
Luas de muitos feitios,
Luas hoje caducas.
Não foi só esta lua.
Foram muitas, tantas!
Não esta pejada lua, apenas,
Que descendo sobre os teus cabelos
Os tornou tão brancos!
Foram inúmeras luas de quem os céus
E o mar nem mais se lembram.
Muita água de lua
Lavou os teus cabelos,
Luas de velórios, magras e curvas,
Luas de bodas enfeitadas de rendas,
Luas viajeiras, que o vento parecia levar,
Como veleiros frágeis sobre as águas.
Luas de velórios, de noites brancas,
De doenças e agonias
Envoltas em véus.
Foram muitas luas, que tornaram
Brancos os teus cabelos.
Foram as luas dos primeiro bailes,
Dos primeiros amores.
Dos primeiros encontros humildes.
Foram as luas das vigílias,
Que te ajudaram a embalar,
Que te ajudaram a fazer dormir
Os frutos alheios que amaste,
com a doçura da tua maternidade irrealizada.
Foram muitas luas que fizeram assim
Brancos os teus cabelos.
De Fonte Invisível (1949)
FIM da série ‘Poetas Botafoguenses’ com excertos das obras de Olavo Bilac,
Vinícius de Moraes e Augusto Frederico Schmidt.
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