Não foi fácil. Esse Botafogo
guerreiro passou por maus bocados até conseguir colocar as mãos na taça da Copa
Conmebol – equivalente na América Latina à Copa da Uefa, na Europa, e que na
sua primeira edição, no ano passado, ficou com o Atlético Mineiro. Houve mesmo
situações em que o caneco esteve por lhe escapar entre dedos. Tal angústia
durou até ao último minuto do último jogo, no Maracanã. […] O título iria para uma dramática disputa na cobrança de pênaltis.
[…]
“Nosso time não tem craques, mas
tem vergonha na cara”, bradou Carlos Alberto Torres durante toda a Conmebol. […]
Depois da derrota por 3x1 para o
Atlético Mineiro, no Mineirão, [na semifinal] só uma vitória por três gols
contra o mesmo galo, no jogo de volta, permitiria ao Bota continuar respirando
no torneio. “Vamos vencer e nos classificar”, profetizou Carlos Alberto, diante
do ceticismo amplo, geral e irrestrito. […]
O alvinegro carioca enfiou
surpreendentes 3x0 no alvinegro mineiro, com o último gol […] acontecendo apenas a três minutos do final da partida, pelos pés do
meia Eliel. […]
Foi assim também com o goleiro
William, 25 anos, caminhou para a decisão por pênaltis contra o Peñarol [na
final]. Em noite de gala, ele fez a diferença: defendeu os chutes de Ferreira,
Gutierrez e Dos Santos e, pelas suas afortunadas mãos, o Bota agarrou,
finalmente, a taça que teimava em escapar.
– “O título era importante demais
para nós”, desabafa o centroavante Sinval, artilheiro do torneio. […]
Carlos Alberto Torres repetia a
plenos pulmões que a equipe “teve vergonha na cara”. […] Em meio à comemoração, foi André, 21 anos, quem melhor enxergou a
importância do título. “Acho que entramos para a história do Botafogo”,
arriscava o zagueiro. Entraram mesmo. Com vergonha na cara e a inédita taça
internacional na mão. […]
– “O Carlos Alberto me ensinou a
não desistir nunca.” – Sinval, o artilheiro.
Fonte:
Revista Placar, nº 1090, janeiro de 1994.
Sem comentários:
Enviar um comentário