sábado, 13 de fevereiro de 2021

Botafogo ainda é o time carioca mais importante para o futebol nacional

por MILTON NEVES

UOL, 09.02.2021

Blog do Milton Neves

Pois é, meus amigos, a última sexta-feira (5) foi muito triste para o futebol carioca e para o futebol brasileiro.

Afinal, após a derrota para o Sport pelo placar de 1 a 0, o Botafogo foi rebaixado no Campeonato Brasileiro pela terceira vez em sua história.

E que lindíssima história, convenhamos!

Sim, uma trajetória tão gloriosa que nem mesmo todas essas quedas tiram do Fogão o posto de clube carioca mais relevante para o futebol brasileiro em todos os tempos.

"Ah, mas e o Flamengo, que tem mais títulos regionais, nacionais e internacionais que o Botafogo?", vocês certamente vão perguntar nos comentários.

Sim, o Rubro-Negro tem mais taças, mas, sem os jogadores do Bota, quantos troféus teria a seleção brasileira?

Sem o Botafogo, minha gente, o Brasil simplesmente não teria conquistado suas três primeiras Copas do Mundo!

E não teria mesmo!

O mesmo pensamento se aplica ao Santos, o maior do estado de São Paulo, também fundamental em 58, em 62 e em 70.

Bom, e a dolorosa verdade é que se o Flamengo não existisse não mudaria em nada o rumo do escrete canarinho nos Mundiais.

Vejam bem:

Em 1958, Vicente Feola levou para a Suécia três botafoguenses e quatro flamenguistas.

Aqui, a questão é que os três atletas do Glorioso eram titulares fundamentais (Garrincha, Didi e Nilton Santos), enquanto o único rubro-negro do time principal era Zagallo (que sempre foi Botafogo até a medula).

Em 1962 a situação já é mais acentuada.

Com Pelé fora de batalha, o Botafogo cedeu nada menos do que cinco TITULARES (Nilton Santos, Didi, Garrincha, Zagallo e Amarildo), enquanto o Flamengo não teve nenhum jogador convocado para o Mundial.

Ou seja, esse título de 1962 vocês podem colocar em 91,4% na conta do Fogão!

Em 1970, o placar ficou em 3 a 1 para o Botafogo contra o Flamengo.

O Glorioso cedeu Jairzinho (único jogador a marcar gol em todas as partidas de uma edição de Copa), Paulo Cezar Caju e Roberto Miranda, enquanto Brito, vascaíno que por acaso à época estava no Flamengo, foi o único rubro-negro chamado.

Bom, e agora, foi possível entender quanto o Botafogo é mais importante que o Flamengo para o futebol brasileiro ou eu preciso desenhar?

Resumindo, o Fogão ganha de 10 a 0,5 do Fla no placar do futebol carioca nos três primeiros títulos mundiais do Brasil.

E, se o Brasil não tivesse vencido em 1958, 1962 e em 1970, quem garante que o escrete canarinho teria forças para triunfar em 1994 ou em 2002?

Por isso, os brasileiros fãs de futebol devem todo dia acender uma vela e gritar aos céus:

Obrigaaaadooooo, Fogãoooo!

E volte logo para a Série A, que é o seu lugar!

Fonte: https://blogmiltonneves.uol.com.br/blog/2021/02/09/o-botafogo-ainda-e-time-o-carioca-mais-importante-para-o-futebol-nacional/

16 comentários:

leymir disse...

Olá Ruy!

Milton Neves que é um bobão , dessa vez quase falou a verdade.

O Botafogo não é o clube mais importante junto ao Santos para a seleção nacional, o Botafogo é mais importante que todos e incluindo aí o Santos.

A questão dele quase restringir o Flamengo ao debate, foi para garantir likes.

Contudo, achei a matéria necessária, é entendo ser preciso mais matérias como essa.

Hoje em uma conversa com torcedores do Flamengo, tive que desmontar a tese absurda que o Botafogo não é mais um clube gigante.

Um deles me mostrou uma matéria no UOL, que aponta que no imaginário popular o Botafogo não estaria mais entre os 12 gigantes do Brasil; Uma nociva e gigantesca balela, que estranhamente está presente no discurso de alguns dos torcedores do próprio Botafogo.

Eu já tive que defender e lembrar o tamanho gigante da instituição Botafogo para torcedores do BFR, e isso sim é um problema sério.

O imaginário popular brasileiro, sofre infelizmente de amnésia e em certa medida de incompreensão histórica. Deveria ser papel da imprensa esportiva combater esse mal, e não fomenta-lo com materias como essa do UOL.

Dessa vez Milton Neves presta um serviço ao Futebol. Não se pode julgar uma instituição mais que centenária com olhos travados no presente e passado recente, o nome disso é superficialidade e maldade.

Todos que amamos o futebol temos que combater isso, é um bom modo é fazer o que tu fazes aqui, resgatar e produzir matérias que deixam claro que é impossível falar de forma séria sobre o futebol no Brasil sem citar o Botafogo, e portanto, é igualmente impossível a desconexão do Botafogo com o imaginário popular futebolístico, se é o Botafogo um dos seus arquitetos.

Estou realmente chateado e preocupado com essa sordidez, que ganha adeptos inocentes dentro da própria torcida do BFR.

Eu vou me opor a isso, e todos que amam o futebol, o clubismo, necessita fazer igual ainda que não sejam Botafogo.

Grande abraço, Ruy!



Abração

Ruy Moura disse...

Estimado, Leymir:

[1] O seu comentário na publicação 'Garrincha e a técnica da fila' foi publicado. Sucede que foi o 51º comentário. Então, quando chega a 50, os comentários seguintes são inscritos noutra página. Para ler é necessário, no final da publicação, e de todos os comentários, clicar em cima de "carregar mais". Então, aparece uma nova página com os comentários a partir de 50 até 100. São abertas novas páginas de 50 em 50 comentários.

[2] Sobre o posicionamneto de M. Neves sobre o Flamengo: (a) pretende colocar o Flamengo no seu lugar, porque o clube se acha o maior de todos eno futebol brasileiro do século XXI não há realmente um clube brasileiro que se destaque como o fizeram Botafogo e Santos consistentemente durante tanto tempo; (b) não esquecer que todas as sondagens feitas até hoje sobre quais os clubes brasileiros mais odiados, o Flamengo é campeão e o Corinthians vice-campeão, e então é natural que Flamengo e Corinthians sejam a bitola da crítica.

[3] Sobre a grandeza do Botafogo, dificilmente algum dia haverá um clube com a grandeza que o Botafogo teve no passado e, por isso, talvez possa ser sempre o Clube mais importante do lançamento do futebol brasileiro no mundo e maioritariamente responsável pelo famosíssimo tri mundial. E isso permite afirmar que foi o maior Clube brasileiro do século XX.

Porém, o mundo muda. O Império Romano teve a dominante grandeza que teve, está lá, no passado, o seu homônimo hoje chama-se USA. Portugal foi o país que se lançou ao mar e inaugurou o processo de globalização; nunca nenhum país tornará a ser o maior descobridor, isso está lá, no passado.

Outra coisa é avaliar hoje a influência de Roma ou de Lisboa no mundo. São belas cidades, mas o seu gigantismo protagonista de outros tempos mudou de morada. Fizeram a história, mudaram a história, já não mandam na história.

O Botafogo urge ter gente séria ao leme para readquirir parte de uma grandeza perdida. A grandeza precisa de legitimdade social. O passado não iliba o presente.

Grande abraço.

Ruy Moura disse...

No comentário sobre Garrincha eu acrescentei, logo no início da publicação, uma nota explicativa em letra azul sobre a razão do 51º comentário não aparecer sem que se clique em "carregar mais".

Grande abraço.

leymir disse...

Querido professor,

Como sempre aprendo muito aqui, mas hoje vou ponderar algumas colocações e como este é um debate honesto, posso vir até mesmo a mudar de opinião.

Quando dizes que o Flamengo se acha o melhor de todos os tempos, me permita com educação discordar.

Como Flamengo eu tenho convicção que o Flamengo é um clube gigante, como outos gigantes o são , e é claro, incluindo aí o BFR.

Os 12 grandes clubes em minha humilde opinião tem características exclusivas, o Botafogo é pra mim o clube mais importante até para identidade do futebol nacional, mais importante entre todos, incluindo aí o Santos.

Não consigo identificar um clube entre os 12 como o maior do século, e entendo o torcedor que o faça e especificamente o torcedor do BFR, mas não tenho esse sentimento hegemônico em mim. Eu entendo que o todo do futebol brasileiro é construído e fundamentalmente representado por sutilezas e diferenças entre esses 12 clubes.

Peço licença para reproduzir sua fala.

"3] Sobre a grandeza do Botafogo, dificilmente algum dia haverá um clube com a grandeza que o Botafogo teve no passado e, por isso, talvez possa ser sempre o Clube mais importante do lançamento do futebol brasileiro no mundo e maioritariamente responsável pelo famosíssimo tri mundial. E isso permite afirmar que foi o maior Clube brasileiro do século XX."

Concordo com tudo, exceto com a última afirmação, embora não coloque o Botafogo abaixo de ninguém, não o colocaria acima. Ao longo dos 100 anos do Sec XX o Botafogo fez sim o que ninguém fez, o Flamengo também, o Vasco também, o Santos também e assim por diante.

Quanto ao fato do Flamengo ser o mais odiado e o Corinthians o vice, não é coincidência que o inverso proporcional seja o mesmo.

Querido Ruy, eu não farei nenhuma treplica sobre o assunto.

Porque pode acabar parecendo fruto de um mau clubismo de minha parte, e não é esse o caso.

Por isso seu próximo comentário seja qual for, será definitivo nessa questão.

Espero não ter sido inapropriado, se achar que fui, nem precisa publicar o comentário.

Um forte abraço.

Os: sobre os três últimos parágrafos, é uma conversa maravilhosa e com extensão infinita, sobre estes podemos prolongar.

Mais outro abraço! Hahhaa

Ruy Moura disse...

Meu querido Leymir, pode fazer tréplica, 'quadréplica', 'undéplica'... porque com a qualidade do nosso debate o vai e vem dos argumentos é sempre positivo, quer o outro concorde ou não.

Quando me referi ao BFR como poder ser considerado o maior foi segundo o critério de ter sido o principal clube a lançar o Brasil no mundo e a consagrá-lo tricampeão, porque as três linhas atacantes eram, no conjunto, predominantemente botafoguenses: Didi e Garrincha (Zagallo estava de passe na mão para o BFR, mas entrou oficialmente no clube em agosto/58); Didi, Garrincha, Amarildo e Zagallo; Jairzinho, Roberto Miranda e PC Caju. O Botafogo teve o maior nº de campeões titulares das 3 copas do mundo. Isto é, individualmente, considero que o Santos foi o maior clube brasileiro do século XX, mas tendo em conta a importância do Botafogo nas Seleções e a sua pujança nos maiores torneios internacionais da época, derrotando clubes como Barcelona, Bayern, Liverpool, etc., poderia ser considerado o maior, o que é mais ou menos irrelevante, tal como Real Madrid ser o maior do mundo, porque se um clube estiver entre os 10-20 melhores do mundo isso é notável. Por exemplo, dá-se muita importância a quem mais venceu a Bola de Ouro (6 Messi, 5 CR7), quando na verdade o mais importante é perceber, por exemplo, quem tem estado permanentemente entre os 3 finalistas nos últimos 12 anos. Outros exemplos poderiam ser dados visando diminuir a importância do ‘primeiro’.

"Eu entendo que o todo do futebol brasileiro é construído e fundamentalmente representado por [...] esses 12 clubes." Concordo, mas não era esse o enfoque. Se o enfoque for esse, completamente de acordo. O futebol brasileiro foi construído coletivamente pelos seus principais clubes e suas rivalidades essenciais.

Quando falo dos ódios apenas pretendo realçar que os autores aproveitam sempre que podem para se posicionarem contra o CRF e o SCCP.

Finalmente, sobre os torcedores do CRF acharem que o clube é o maior, basta ir aos blogues e às respostas em redes sociais e confirmar a asserção. Em tempos eu frequentava blogues flamenguistas, e até cheguei a colaborar com um deles, mas os sentimentos e as linguagens expressas foram-me afastando desses veículos de informação. Talvez no íntimo os flamenguistas não se sintam os maiores, mas maioritariamente expressam isso nas redes sociais, com bastante empáfia e bazófia. Não são os únicos. De resto, todas as torcidas se podem estratificar, e não considero que o Leymir pertença às estratificações mais populosas, pelo contrário, o seu comportamento pertence a uma estratificação minoritária e discernente, tanto no paixão pelo deporto como no sentimento clubista. É por isso que o considero um privilégio das minhas 'amizades virtuais', que certamente seria 'real' se nos conhecêssemos pessoalmente. Quando eu lia muito sobre a história do Flamengo, que sempre considerei muito interessante, quer no mar quer em terra, devia tê-lo conhecido para podermos trocar impressões e melhorar as nossas perceções.

Faça tréplica, por favor!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Grande abraço!

leymir disse...

Fico muito feliz, quando acabar essa pandemia e se quiseres a gente se encontra.

Se não for abuso, pode ser numa regata porque aí aproveito pra ter uma aula! Hahhaa

Numa conversa informal no museu da pelada, foi ventilado a possibilidade de enviar textos que eventualmente eles publicam.

Pensei em enviar um que talvez esclareça minha posição, e irei com prazer voltar a teu texto para gente continuar essa conversa.

Segue o texto e inclusive aberto para correções que julgares necessárias.

Um abração!


BFR – Acabou o Chorare

Quando alguém julga uma Instituição mais que centenária com olhos travados no presente, e em seu passado recente, desconfie!

Quando alguém tentar lhe vender que a historicidade e significância de um clube, é a relação fria entre faturamento x divida, desconfie!

Um dos maiores ataques do Flamengo alinhava com Zizinho, Pirillo, Jair do Rosa Pinto e Vevé, um dos maiores meio de campo de todos os tempos alinhava com Falcão, Cerezo, Sócrates e Zico, se alguém tentar desqualificar algumas dessas linhas, desconfie!

Já de mim desconfie menos, pois antes de entrar propriamente no assunto eu já cometerei sincericideo. Eu não amo o BFR e não amei o Botafogo, muito embora seja eternamente grato aos garotos que o iniciaram e roubavam já em seus primórdios as meninas do bairro vizinho.

Eu cresci ouvindo meu pai lamentar e admirar a geração de Gerson, PC Cajú e Jairzinho, meu avô dizer que entrava no Maracanã para torcer mas saia de lá rindo, por intermédio do maior de todos os ponteiros que nasceram e nascerão, o excelentíssimo senhor Mané Garrincha, que gostava de andar bem acompanhado por Zagallo, Amarildo, Didi, Manga, Nilton Santos e Quarentinha.

Desconfie muito quando alguém disser, que o BFR se distancia do imaginário popular futebolístico! Poucas são as construções mais impossíveis que essa. Se lamentavelmente confesso que não conseguimos aprender com Mimi Sodré e seu jogo limpo, nossa obsessão pelo improviso e o drible, foi solidificada com o brilhantismo de Garrincha e nenhum clube foi mais importante do que o BFR em 58 e principalmente 62, ao dizimar nosso complexo de vira latas e nos transformar no país do futebol.

Talvez desconfie de mim, porque o primeiro titulo que me lembro em detalhes foi o de 1989, o cruzamento de Mazolinha, a conclusão de Mauricio e as lagrimas do meu amado pai. Eu não tenho nenhum motivo para falar bem do BFR, excetuando-se a verdade e a humildade de reconhecer que o tamanho do meu clube também passa pelo gigantismo de seus rivais, nesse caso o Botafogo.

Quando você Botafogo ouvir de um irmão de camisa, que teu clube caminha para seguir os passos de Bangu ou América, (como todo respeito a estes) o repreenda e lembre o orgulho e sorte de torcer para o clube de Carvalho Leite, Heleno de Freitas, Mimi Sodré, Nilton Santos, Didi e Garrincha.

Quando um torcedor rival tentar lhe diminuir, sorria e saiba que é só o infantilismo da rivalidade e do clubismo, nem todos saem da puberdade.

Quando for a imprensa sempre “imparcial”, olhe para o céu e repita “oh pai, eles não sabem o que fazem”

Nada mais posso escrever ou caçam por aí minha carteirinha de Flamengo... Querido torcedor alvi-negro, desconfie de mim, desconfie da imprensa, desconfie de tudo e todos, menos da imortalidade do teu Botafogo.

Ruy Moura disse...

Sem mais comentários além de uma palavra apenas: SOBERBO!!!

Quando for publicado no Museu da Pelada eu gostaria muito, se possível, de poder replicar no Mundo Botafogo.

Como se aprende tanto consigo!

Afinal, vou fazer mais um comentário ao texto: SOBERBO! SOBERBO! SOBERBO!

Grande abraço!

leymir disse...

Nossa,

por essa eu não esperava. Eu ia continuar nossa conversa e me deparo com isso.

Muito obrigado de verdade, eu nem sei se eles publicarão lá, como disse foi uma conversa informal. Eu vou mandar o e-mail e ver se eles vão ou não publicar.

Se realmente quiser publicar aqui, será uma honra pra mim! Esse texto tem muito da minha vivencia contigo e com esse espaço, do tanto que aprendo, aprendi e certamente aprenderei por aqui.

Na verdade ficaria bastante orgulhoso e feliz, nem sei como agradecer!

Mas vou agradecer sem saber, muito muito muito muito OBRIGADO!

Ruy Moura disse...

É claro que eu quero publicar esse texto! É só o Leymir autorizar e publico. Um flamenguista com a sua fibra só pode ser uma honra publicá-lo no MB.

Grande abraço.

leymir disse...

Meu querido amigo, será um prazer e uma honra.

Eu não teria conseguido escrever esse texto sem teus ensinamentos, a frequencia e a troca de experiencia aqui.

Tá muito mais que autorizado.

só te agradeço!

leymir disse...

Me recuperei para continuar, realmente fiquei muito feliz! MUITO! estou muito honrado, nunca imaginei que publicaria aqui!

Continuando nossa conversa anterior, quanto a empáfia de parte significativa da torcida do Flamengo, é verdade, e eu entendo isso como uma distorção.

O tempo e suas construções vão modificando, enriquecendo e empobrecendo coisas caras em nós, na sociedade, e é claro, em nossos clubes. Eu vejo que a maneira de torcer de hoje de parte das torcidas de Flamengo, Botafogo e Vasco se modificaram e em alguns pontos até se antagonizaram com suas origens. Entendo que o Fluminense se manteve no mesmo lugar, ou mais próximo a ele que seus rivais.

Eu tenho grande ignorância na historia dos quatro grandes clubes do Rio, mas do CRF um pouco menos, e portanto, falarei nesse post quase exclusivamente dele.

É um assunto muito sensível, mas essa empáfia que inclusive é objeto de debate e as vezes discussão acalorada entre outros amigos Flamengos, é fruto de um anti-flamenguismo, é como se fosse um câncer, algo que está decididamente em seu corpo mas não deveria estar e genuinamente não estava.

Dos muitos slogans que o Flamengo construiu, um dos que mais amo é "O Flamengo humilhado é imbatível" , este slogan encontra relevância porque era exatamente o Flamengo o clube mais despossuído de todos. A casa do Nestor que era Sede do Flamengo na rua 22, era também garagem e alojamento para seus remadores que nem sempre tinham o que comer, o Flamengo que ainda hoje não tem Estádio, nos seus primórdios também não tinha campo e utilizava a praia do Russel, suas primeiras aventuras em mar acabaram em naufrágio e demonstração de nado livre, nos entregando assim nosso primeiro ídolo o destemido "Bahia", a segunda acabou em um socorro do maior rival o Botafogo a embarcação Sycra.

A origem do Flamengo vem mais da resiliência e da audácia, do que do sucesso, uma origem que já começou vencedora é uma experiência mais vascaína que rubro-negra. O nosso primeiro jogo de futebol foi um 5x1 para o mesmo Botafogo que anos antes nos socorreu em mar e parecia então, finalmente cobrar a conta!

A torcida do Flamengo assume de forma inteligente o Urubu pela década de 60, assim como assumiu com orgulho os termos mulambo e favelado.

Todos esses movimentos no meu entendimento tem sincronia com o que é o Flamengo, ocorre que o estrondoso sucesso da década de 80 deu a parte importante de torcida um sentimento de desforra, sentimento esse não compartilhado por 90% dos jogadores que construíram aquele sucesso, tendo em sua figura máxima Zico, jogador principal do tri de 78-79-79, dos brasileiros de 80-82-83-87 e libertadores e mundial de 1981.

Zico é uma unanimidade não só por tudo aquilo que conquista, mas por ser o Flamengo de sempre, o tal do Flamengo que dizia "o Flamengo humilhado é imbatível", Zico que cresceu vendo o Flamengo penar contra o Botafogo foi humilde e continuou humilde, inclusive quando vez por outra devolveu nos campos a derrotas que viveu como torcedor, e reconhecendo igualmente em campo as novas derrotas como jogador.

Ao mesmo tempo que parte da nossa torcida (que sofre como todas as outras de uma amnesia histórica), parecia que nunca havia comido melado, e que não tinham passado pela Gavea no auge de suas formas, jogadores como Leonidas, Pirillo, Zizinho, Dida, Domingos da Guia e tantos outros...

leymir disse...

(continuando)

Se toma de uma empáfia que tristemente exibe até hoje, uma empáfia que na minha opinião nada tem a ver com o que é ser Flamengo. Um clube conhecido sobremaneira pela entrega em campo antes do refinamento do jogo estético, que suas esquadras áureas também possuem, mas é um elemento diminuído se não tiver raça e entrega, duas características que reforçam humildade e não a soberba.

A torcida do Flamengo sempre foi "moleque" e praticou sim atos duvidosos como no episodio da Taça Salutaris por exemplo, mas hoje embora tenha mantido essas características através do tempo, ganhou uma mascara que só faz mal a si mesma e deveria ser retirada.

Lamentavelmente nem tudo é como desejamos, e é lamentável que um sujeito como o Ruy encontre dificuldades em conviver em blogues Flamengo.

Graças a Deus, eu não tive esse dificuldade aqui e fui e sou, sempre muito bem recebido o que me permite ter prazer e também aprender, me enriquecer com a historia de um grande rival.

um grande abraço e vou me preparar paro o jogo, vamos ver como anda minha mandiga hoje! haahhaaha

Ruy Moura disse...

Então publicarei proximamente! OBRIGADO!
Grande abraço.

Ruy Moura disse...

Meu estimado amigo, efetivamente o tempo pode ora enriquecer, ora empobrecer o que é ser Botafogo ou Flamengo. Desde início da década de 1960-69, consequentemente há 60 anos, ser Botafogo e ser Flamengo é, em minha opinião, muito diferente do que era. Hoje não há Tolito a debater todas as segundas-feiras na sua banca de jornal a rodada de domingo; não há Salvador Peixoto, Tarzan ou Russão cobrando com conhecimento de causa os dirigentes e as comissões técnicas; não há dirigentes como Paulo Antônio de Azeredo, Adhemar Bebiano ou Sergio Darcy; não há Sandro Moreyra, Armando Nogueira, Oldemário Touguinhó e outros jornalistas construindo verdadeiras peças de arte; e, por outro lado, não há imparcialidade nos dirigentes confederativos e federativos, não há respeito público e são proferidos os maiores impropérios por pessoas responsáveis que vão, assim, destruindo mais e mais a qualidade do futebol brasileiro e as relações entre os clubes.

Todo o ontem e todo o hoje definem o que é ser Botafogo ou Flamengo em cada época, com sucessos e traumas, com galhardia ou empáfia, com vitórias limpas ou vitórias urdidas, etc., mas também com resultados cumulativos. Ser Botafogo ou ser Flamengo no seu melhor, não afasta ser Botafogo ou Flamengo no seu pior. E os assuntos 'piores' também caracterizam as torcidas e, consequentemente, os clubes, que são quem suporta os clubes e principalmente engendra o seu perfil. Havia uma história bonita de rivalidade entre Botafogo e Flamengo até ao final da década de 1950, portanto durante 65 anos, embora com alguns altos e baixos, mas desde o início da década de 1960, em 60 anos de rivalidade, as coisas mudaram significativamente. O perfil de ambas as torcidas é outro, e entre muitos botafoguenses e flamenguistas a rivalidade de outrora tornou-se coisa inimiga, como facilmente se pode deduzir dos comportamentos de dirigentes federativos, das decisões de juízes desportivos, das conversas nas redes sociais, dos comentários de jornalistas, entre outros. Refiro-me, naturalmente, numa perspetiva sociológica, não a indivíduos mas ao ‘grosso’ da multidão de torcedores de cada clube. As exceções não contam nesta conversa. Portanto, nesta conversa, não contam o Leymir nem eu mesmo, conta apenas o agrupamento que corresponde ao conjunto dos torcedores.

Enfim, não me vou alongar. Isto seria assunto para um diagnóstico com uso da análise SWOT, que é simples de fazer com o apoio de pesquisa a jornais desde, pelo menos, o início da década de 1910.

Grande abraço, companheiro!

Sergio disse...

Lendo esses comentários brilhantes, e em especial uma observação do Leymir, lembro que certa vez alguém se dirigindo a mim por ser torcedor do Botafogo me chamou de sofredor, no que respondi: como posso ser sofredor se tive o privilégio de ver vestindo a camisa do Botafogo jogadores como Garrincha, Nilton Santos, Gerson, Quentinha, Jairzinho, PC Caju, etc, etc e etc. E mais, o futebol brasileiro nunca foi tão respeitado mundo afora e o Grande Botafogo exaltado nos 4 cantos do planeta, sendo homenageado até com nome de rua na Holanda, reconhecido por um jogador da categoria de Beckenbauer, não sou sofredor, sou grato por ter visto a nata do futebol mundial.
O Botafogo vive um momento desalentador, mas na nossa história houve muitos momentos assim, mas quem nasceu para ser grande e tem o símbolo de uma estrela que ilumina as suas cores, e pelo que fez pelo futebol e pelos esportes em geral, nunca deixarä de ser grande. Abs e SB!

Ruy Moura disse...

Sergio, em minha opinião, olhando ao percurso do futebol botafoguense nos últimos 50 anos, o Botafogo não é assim tão grande nas últimas décadas como se apregoa. Na verdade desceu de divisão em termos de grandeza. O que sucede é que clubes com tal passado acabam dando a volta por cima e recuperam, sobretudo porque têm uma grande torcida e sempre alguém disposto ao 'sacrifício' de resgatar o clube, encontrando soluções. Quantos anos o Manchester United não ganhou nada?... E o Liverpool?...

Veja grandes clubes rebaixados que acabaram por se recuperar:

Alemanha
BAYERN MÜNCHEN: 1955; 1963
BORUSSIA DORTMUND: 1972

Argentina
INDEPENDIENTE: 2012
RACING CLUB: 1983
RIVER PLATE: 2010
SAN LORENZO: 1981
VÉLEZ SARSFIELD: 1940

Brasil
ATLÉTICO MINEIRO: 2005
BOTAFOGO: 2002, 2014, 2020
CORINTHIANS: 2007
FLAMENGO: salvou-se com ajudas extras
FLUMINENSE: 1996(salvou-se com ajuda extra); 1997; 1998 (3ª divisão); 2013 (salvou-secom ajuda extra)
GRÊMIO: 2004
PALMEIRAS: 2002; 2012
VASCO DA GAMA: 2008; 2013; 2015

Escócia
RANGERS: 2012 (despromovido à 4ª divisão)

Espanha
ATLÉTICO DE MADRID: 1999/2000

França
PARIS SAINT GERMAIN: 1972/73 (3ª divisão)

Inglaterra
ARSENAL: 1913
CHELSEA: 1923/24; 1973/74; 1986/87
LIVERPOOL: 1892; 1895; 1904; 1942/43; 1954/55
MANCHESTER UNITED: 1973/74

Itália
JUVENTUS: 2005/06
MILAN: 1979/80; 1982/83
ROMA: 1950/51

Portugal
PORTO: Década de 1940 por duas vezes (6)
BELENENSES: 1982/83; 1990/91; 1997/98; 2009/10 (7)

Em suma, o Botafogo será certamente grande novamente. Ou por investimento capitalista ou por decreto de falência ao jeito do Rangers Football Club, que já disputa a Liga Europa depoisde descer à 4ª divisão. É preciso é assumir humildemente a realidade e trabalhar para contrariar o sentido atual, mas apenas se tiver à frente profissionais que percebam de futebol e de desporto em geral e que sejam auditados anualmente com muito rigor para que não se repitam os escândalos que a diretoria cessante protagonizou no futebol, no remo, no basquete e no vôlei.

Abraços Gloriosos.

Botafogo campeão estadual de futebol sub-17 (com fichas técnicas)

Fonte: X – Botafogo F. R. por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo O Botafogo conquistou brilhantemente o Campeonato Estadual de Futebol...