por EDUARDO SANTOS e MÁRCIO MARÁ
Globoesporte.globo.com
Copacabana x Ipanema. Ipanema x Leblon. Copacabana x Leblon. Se no fim do século 19 o Rio de Janeiro já tivesse descoberto as belezas das até então desertas praias, poderia ser um desses o duelo de hoje no Maracanã entre dois dos maiores clubes. No dia em que a Cidade Maravilhosa completa 450 anos, o tradicional clássico Botafogo x Flamengo é o retrato de como o futebol andou junto e misturado na vida do carioca. Dá para fazer uma boa lista de clubes criados com nomes de bairros. Além do Rubro-Negro e do Alvinegro, que representam a Zona Sul, do outro lado do túnel tem Bangu, Madureira, São Cristóvão, Bonsucesso, Olaria, Campo Grande…
No caso de Botafogo e Flamengo, o destino quis que se reencontrassem nessa importante data para a cidade. E dos milhões de torcedores espalhados não só no Rio de Janeiro mas em todo o país, poucos sabem que um surgiu por causa do outro. Se no futebol o Flamengo se originou de uma cisão de jogadores do Fluminense, a sua criação, do remo, ocorreu por um fato curioso. E com a cara do povo carioca. Sim, o Rubro-Negro surgiu por causa de mulher. E numa mesa de bar. Em 1895, os remadores desfilavam na cidade como estrelas do esporte mais popular. O Botafogo já tinha sua equipe, que fazia muito sucesso com as meninas. Como os bairros eram vizinhos, os rapazes do Flamengo ficaram preocupados com a concorrência. Perder as mulheres mais bonitas para os botafoguenses era desesperador para os jovens moradores. Daí a ideia de formar um grupo de regatas – que depois se tornou clube – para ser o rival.
Esse mesmo rival Botafogo que incomodava tanto os garotos da vizinhança, criado em 1894 como Clube de Regatas Botafogo, na verdade era a cara-metade do que hoje é sinônimo também de paixão. Em 1904, por conta do interesse maior que o esporte novo despertava na garotada, surgiu o Botafogo Football Club. Em dezembro de 1942, os dois fundiram-se para se transformarem no Botafogo de Futebol e Regatas, alegria de muitos brasileiros.
Electro, não!
“Como vocês são sem imaginação! Escolher um nome tão feio! Morando aqui onde moram, o nome tem que ser… Botafogo.” Foi com um argumento tão simples, porém objetivo, que Dona Chiquitota reagiu ao saber que Electro fora o escolhido por seu neto e alguns amigos para nomear o clube de futebol que estavam criando no bairro carioca em 1904. Mal poderia imaginar aquela senhora, então com 54 anos, que sua sugestão se transformaria na gloriosa marca centenária tão ligada ao Rio de Janeiro, reconhecida em todo o mundo e, o mais importante, capaz de despertar um sentimento quase inexplicável de amor incondicional em milhões de torcedores, Aliás, bem mais do que torcedores, botafoguenses.
Francisca Teixeira Leite era avó de Flávio Ramos, então um rapazinho de 15 anos, que juntamente com Emmanuel Sodré e outros colegas do tradicional Colégio Alfredo Gomes fundou oficialmente o Botafogo Football Club em 12 de agosto de 1904, com o objetivo de poderem praticar o novo esporte que já atraía as atenções dos meninos da incipiente cidade no início do século passado. Nome decidido, Dona Chiquitota tomou outra decisão crucial: cedeu o chalé de um velho casarão da extinta Rua Conselheiro Gonzaga (esquina da Rua Humaitá com Largo dos Leões) para servir de sede ao novo grêmio e que se tornaria, para muitos jornalistas dos primeiros anos do futebol no Rio, o mais carioca de todos.
Para entender tal afirmativa, é necessário voltar no tempo, voltar muito no tempo, até o dia 1º de março de 1565, precisamente há 450 anos, quando o português Estácio de Sá fundou a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Com o intuito de desenvolver a região, o capitão-mor e governador Estácio decidiu fazer doações de terras a colonos e agricultores, como a seu amigo Antonio Francisco Velho (que por 40 anos emprestaria inicialmente seu nome à região). Ainda de acordo com o professor e historiador Milton Teixeira no blog da AMAB (Associação de Moradores e Amigos de Botafogo), em 1590 Velho decidiu vender todo seu lote ao também conterrâneo João Pereira de Souza, que, “por ter sido chefe da artilharia do galeão São João Baptista, era conhecido como Botafogo, pomposa alcunha que a poderosa embarcação de guerra ganhara devido a suas inúmeras conquistas e inigualável poder de fogo”.
Com o nome devidamente escolhido, os meninos fundadores trataram de reunir mais adeptos e bater suas primeiras “peladas” no Largo dos Leões, tradicional ponto de encontro do Rio antigo e, ao lado da Enseada, até hoje uma das principais referências históricas da cidade. Pois foi com as palmeiras imperiais como traves que Flávio Ramos e companhia utilizaram o local como campo e deram seus chutes iniciais como futuros players do Botafogo Football Club, que disputaria dois anos depois o primeiro campeonato oficial da cidade.
Pouco mais novo do que o Fluminense (surgiu em 1902), o Alvinegro era formado basicamente por meninos e jovens nascidos na cidade, enquanto o coirmão tinha em sua maioria de associados “homens feitos”, além de ingleses e descendentes, o que dava um ar aristocraticamente mais maduro ao clube das Laranjeiras. Mais um ponto que associa diretamente o Botafogo ao Rio e o coloca na vanguarda do futebol da cidade é ter sido o primeiro campeão oficial (1906), fato que ocorreu com a conquista do chamado torneio de segundos quadros, terminado antes da competição jogada pelos times principais e vencida pelos “marmanjos” do Fluminense. Sendo assim, a primeira equipe a conquistar uma taça de uma disputa de futebol nas terras de Estácio de Sá foi… o Botafogo.
De mãos dadas ao bairro, o clube foi rapidamente ganhando dimensões, que fizeram com que seus meninos fundadores procurassem um campo “de verdade” para que pudessem praticar melhor e enfrentar, quem sabe, o já experiente “team” do Fluminense. Usaram o da Rua Humaitá, depois o da Voluntários da Pátria e finalmente o da Venceslau Brás, sendo fundada em 1913 aquela que passaria a ser a histórica casa do Botafogo: a sede de General Severiano.
No aspecto social, o Alvinegro (que passaria a ser chamado também de o Glorioso após a conquista do campeonato de 1910) também está ligado diretamente ao Rio, já que os famosos encontros dançantes no palacete de General Severiano, assim como os concorridos bailes de carnaval, foram durante décadas arduamente disputados pela sociedade carioca e viraram momentos marcantes na história da cidade.
Além de ter sua imagem sempre relacionada ao Carnaval, o Rio de Janeiro também é praia, outro privilégio que o Botafogo teve na formação de muitos de seus times até os anos 1970 [em especial o tetracampeonao 1932-33-34-35, assim como os inúmeros títulos estaduais e o 1º campeonato brasileiro conquistado por um clube carioca em 1968, no período 1957-1968]. Vários jogadores alvinegros foram formados nas areias de Copacabana, berço de craques que brilhavam no então chamado futebol de praia e escolhiam o preto e branco como opção para tentar a sorte nos gramados. De fato, muitas são as evidências históricas que fazem a trajetória do Botafogo estar intimamente ligada à própria história do Rio de Janeiro, e neste domingo, quando a Cidade Maravilhosa completa 450 anos de vida, não será exagero algum afirmar que muitos de seus momentos marcantes tiveram ao lado um de seus filhos mais ilustres, o Botafogo.
Pherusa: tragédia inicia paixão
Tudo começou numa noite de setembro de 1895. Quatro amigos ainda atordoados por perderem as meninas do bairro do Flamengo para o vizinho Botafogo, cujos remadores eram os “sarados” da época, se reuniram no tradicional Café Lamas, à época localizado no Largo do Machado, para pôr a ideia de recuperá-las em prática.
Era necessário ter também o seu grupo de remo. […] Zezé, Mário, Augusto e Nestor foram os “Beatles” rubro-negros. Mas não poderiam imaginar que, entre goles de cerveja e algumas risadas, dariam ali início a uma paixão nacional.
Primeira providência: fazerem uma vaquinha com outros moradores do bairro para comprarem uma baleeira – algumas meninas já eram convidadas para passear nas dos botafoguenses. E a casa de Nestor, na Praia do Flamengo, 22, virou o local das reuniões e a garagem para o barco, de nome Pherusa, de segunda mão, mas de boa qualidade.
A primeira empreitada quase terminou em tragédia. Num domingo de sol a pino, céu de brigadeiro, sete dos rapazes do bairro se aventuraram numa travessia que começava na ponta do Caju, Zona Norte, até a Praia do Flamengo. Na altura da Ilha do Bom Jesus, o tempo virou – coisas do Rio de Janeiro. Raios, trovões, forte chuva… naufrágio. Um dos remadores, Joaquim Bahia, conhecido como Baiano, era o melhor dos nadadores e resolveu arriscar-se sozinho a nado em busca de socorro.
À noite, dependurados no Pherusa virado, os outros seis, já contando com a morte, viram as orações darem resultado quando a lancha se aproximou para salvá-los. Joaquim Bahia, mesmo sem encontrar ninguém, chegou à Praia do Flamengo auxiliado pelas luzes da Igreja da Penha.
No dia seguinte, os seis integrantes do Pherusa foram para a casa-sede de Nestor achando que Baiano havia morrido. Baiano também pensou que os amigos não tinham sobrevivido ao naufrágio. O encontro acabou emocionante, e a aventura heroica de todos foi o assunto principal da cidade. Sem querer, os rapazes tiveram o destino conspirando a favor para ganhar popularidade, afastar os rivais alvinegros das meninas e darem o pontapé inicial a um clube que, do remo ao futebol, conquistaria uma legião de apaixonados e encontraria nos gramados um velho rival com histórias cheias de emoções.
[Entretanto, na primeira regata que disputaram, a nova baleeira ‘Sycra’ largou no Gragoatá, em Niterói, mas como a tripulação almoçara um bacalhau à portuguesa regado com vinho verde, sentiu-se mal durante o percurso, embateu numa boia de sinalização e foi uma lancha do Botafogo que rebocou a guarnição do Flamengo para terra firme. http://mundobotafogo.blogspot.com/2019/12/o-que-seria-do-flamengo-sem-o-botafogo.html]
Em 1912, o Clube de Regatas do Flamengo chegava aos gramados com nove jogadores vindos de uma cisão com o Fluminense. E o primeiro Fla-Flu foi vencido pelos tricolores, com o time que já fora reserva. O primeiro título chegaria dois anos depois, em 1914. Dali em diante, aumentaria a legião de fãs e popularidade, principalmente nos anos 1930, quando o clube contratou os jogadores negros mais populares do país. […]
O clube deixava o bairro que dera origem a seu nome para habitar a Gávea, onde fora criada a sede junto com o estádio José Bastos Padilha, nome do presidente que revolucionou o clube. A popularidade crescia também com a aproximação com a torcida. O time por várias vezes treinava na praia, aumentando o contato. […] Nos anos 1970 e 1980, a geração de Zico, Júnior, Adílio, Andrade & Cia. fazia crescer a sala de troféus e as grandes rivalidades, com o Botafogo, que principalmente nos anos 1960 tinha em Garrincha o grande algoz rubro-negro nos confrontos [e toda a geração botafoguense de campeões do mundo como Nilton Santos, Didi, Amarildo e Zagallo, além de Garrincha e do maior artilheiro do Clube, Quarentinha, ausente da Copa do Mundo de 1962 por lesão] e em 1972, sob o comando de Jairzinho, aplicara goleada de 6 a 0 sobre o Fla […].
A decisão do Brasileiro em 1992, a rivalidade Romário x Túlio nos anos 1990 e as recentes finais estaduais no século 21 fizeram crescer a história desse clássico com a cara do carioca. Dos bairros para o Brasil.
35 comentários:
Flamengo nunca se deu bem em datas festivas contra o Botafogo.
A começar pelo seguinte jogo:
- ANIVERSÁRIO DE 4 ANOS DA INAUGURAÇÃO DO ESTÁDIO DO MARACANÃ
BOTAFOGO 2 x 1 FLAMENGO
Competição: Torneio Rio-São Paulo
Data: 17/06/1954 - Quinta-Feira (feriado facultativo de Corpus Christi)
Local: Maracanã - Rio de Janeiro (DF)
Público: 18.299 pagantes + 5.110 não pagantes = 23.418 total.
Renda: 259.180,00
Arbitro: Juan Carlos Armenthal
Expulsões: Zagallo (11'2T) e Jorge David (33'2T) do Flamengo; Bob (14'2T) do Botafogo.
Gols: Vinícius (25'/1ºT de ‘bicicleta’), Dino (33'/1ºT) para o
Botafogo; Duca (10'/2ºT) para o Flamengo.
Botafogo: Pianovsky; Gerson e Floriano; Arati, Bob e Juvenal; Garrincha, Paulinho, Dino, Carlyle e Vinicius. Técnico: Gentil Cardoso.
Flamengo: Garcia; Tião e Pavão; Valter, Jadir e Jorge David; Joel, Duca, Zezinho (Paulinho), Evaristo e Zagallo. Técnico: Fleitas Solich.
Obs: A partida estava inicialmente marcada para o dia 16 de junho, para celebrar os 4 anos da inauguração do estádio Jornalista Mário Filho (16/06/1950 - Seleção Carioca 1 x 2 Seleção Paulista). Mas devido a estreia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1954 no mesmo dia (16/06/1954 - Seleção Brasileira 5 x 0 Seleção Mexicana), a partida foi adiada para o dia seguinte.
Fonte: Jornal dos Sports.
É verdade, Leymir, o Flamengo não acerta em datas festivas, mas creio que tudo começou mesmo em 1013, no 1º jogo oficial entre Botafogo x Flamengo, em que se inaugurou o estádio de General Severiano com o Comodoro C. Bleck, presidente do Club Naval de Lisboa e uma comitiva portuguesa convidada para o evento.
Ver http://mundobotafogo.blogspot.com/2010/09/1-classico-botafogo-x-flamengo.html
Como somos adeptos dos dois clubes, publiquei o artigo pensando em si e DEDICO-O AO LEYMIR!!!
Grande Abraço.
Tem razão
Esse jogo de 1913 era o inicio de tudo.
Abraços Gloriosos.
Oi Ruy, eu ainda estou maravilhado com o texto.
Não fui eu que comentei, ainda tô aqui achando lindo o texto.
Nem vou rivalizar, ainda estou aqui agradecendo a Dona Chiquitota, pensando na tia Ciata, pela grande contribuição que deram ao futebol e ao samba respectivamente.
Também estou pensando na Pherusa que é a minha "derrota" predileta, pensando no Bairro de Botafogo e Flamengo no final do século XIX e sua garatota fantástica.
Eu ainda estou enternecido com esse texto,agradeço muito por ter dedicado a mim.
Esse é um verdadeiro gesto desportivo e também de amizade, muito obrigado de verdade!
Um grande abraço, de uma verdadeira amizade que essa rivalidade nos trouxe!
Não consigo terminar esse texto com nenhuma outra frase: Viva o Botafogo, que me deu muita "dor de cabeça" mas me deu muita beleza e essa grande amizade!
Abraços gloriosos, querido professor!
Eu gostava muito de poder ver esse jogo. Devia ser um verdadeiro dia de gala do futebol daqueles tempos. Uma pena que os vídeos de jogos sejam coisa tão recente.
Abraços Gloriosos.
Peço desculpa por ter confundido o autor do 1º comentário. Afinal, foi o meu amigo "Anonymous'. Obrigado.
Abraços Gloriosos.
Belíssimo comentário, Leymir. Desfrute bem o texto!
Grande abraço.
Tudo tranquilo.
Como eu disse amigo Leymir, o Flamengo não tem sorte em jogos festivos, mas pode se gloriar de ter vencido os dois clássicos disputados fora do território nacional.
Grande abraço.
Verdade, em Buenos Aires (3-0 Fla) e em Milão (2-0 Fla).
Grande abraço..
Olá amigo anonymous, olá Ruy!
Um ótimo dias pra vcs! Eu estou esperando chegar O Glorioso Botafogo de Roberto Porto, para que possa entender mais sobre a formação do clube.
Eu li alguns sobre o Flamengo, o melhor até agora é de Mario Filho - Historias do Flamengo.
Visitar esse Rio do final do século XIX, e essa tão comum rivalidade de bairros que nesse caso deram origens a duas instituições extraordinárias e eternas, tem me deixado muito empolgado.
Tô descansando das batalhas de mar e terra, e me deliciando com o Largo dos Leões, o Café Rio Branco, a 22 do Flamengo casa do Nestor, a Dona Chiquitota, o jogo entre os remadores, os rapazes que deram origem ao Botaogo, os rapazes que deram origem ao Flamengo, essa que pode até mesmo se dizer que foi quase uma brincadeira de crianças...
Uma coisa é entender na teoria que o Flamengo é do tamanho que é por conta dos rivais, e em especial o Botafogo (acredito que a recíproca é verdadeira), outra coisa é sentir isso, sentir isso é realmente maravilhoso.
A pior coisa que poderia ter acontecido é devido a proximidade, Flamengo e Botafogo formasem um só clube, e se fossem um clube de homens e não de meninos, talvez até pudesse acontecer.
Graças a Deus não aconteceu, e foi materializada em duas instituições eternas essa rivalidade de bairros!
Da casa de dona Chiquitota a casa de Nestor na 22 do Flamengo, aos dribles de Garrincha e as cobranças de falta de Zico, que coisa fantástica!
Mesmo nas goleadas mais dolorosas aplicadas por um e por outro, ainda devemos ser gratos, voltar aos primórdios dessa antiga rivalidade e ser feliz por ela existir!
De mar, terra e história nós somos!
Abração em vcs e vivas a essa fantástica, pulsante e criativa rivalidade!
E que comentário fantástico, pulsante e criativo! (rsrsrs)
O Rio de Janeiro de finais do século XIX e primórdios do século XX era fantástico. Desportivamente imperavam as corridas de cavalos e as regatas, ao que se foi juntar o futebol ainda numa perspectiva amadora e 'romântica'. Ainda estava muito presente o que a corte portuguesa trouxe culturalmente, incluindo influências da sociedade francesa. Certo que havia muito elitismo ainda, mas o perfil carioca, antes de se destruirem os bairros operários que deram origem às favelas, porque o plano de modernização do Rio 'esqueceu' a componente social de apoio a quem ficou sem habitação, era um perfil que imbuiu a vida carioca de um enorme charme. As coisas mudaram bastante, mas ainda ssim, até aos primórdios da década de 1960 o Rio era ainda uma 'Cidade Maravilhosa'. A ditadura iniciou o processo de regressão e hoje o Rio é uma sombra daquilo que foi. Muito lamentável como uma metrópole tão extraordinária se transforma numa cidade à mercê das milícias que a dominam.
A vida social dos clubes era de um brilhantismo único e os desportos de água e quadra não ficavam muito atrás do futebol, ao contrário d ehoje em que os desportos de água estão em absoluto declínio de adeptos e mesmo a quadra está quase só entregue ao basquete. Talvez o futsal venha a tomar conta dela.
Em suma, pesquisar o Rio entre 1860 e 1960 é um verdadeiro fascínio centenário!
Grande abraço.
Tenho vários livros, vhs, algumas edições antigas de jornais e etc. Mas por incrivel que pareça algumas informações que até então desconhecia sobre a história dos clubes consegui em um site que não fala sobre futebol, e sim sobre a cidade do Rio.
como essa:
"Na parte inferior esquerda vemos o prédio do hospital Rocha Maia, inaugurado no período Passos cujo terreno é do Botafogo Futebol e Regatas, algo que pouca gente sabe, pois o Dec. 289/36 dá ao Clube o aforamento de toda a área contígua ao seu campo, com a ressalva que a unidade de saúde pública ali existente permanecerá, e não sendo mais necessária, o domínio do terreno retornará ao Alvinegro, na realidade toda a área antes do aforamento pertencia ao Ministério da Justiça que o cedia à Saúde e lá funcionou por anos o desinfectório, na chegada do Botafogo já abandonado e em ruínas."
http://rioquepassou.com.br/2005/05/04/estadio-de-gal-severiano-1938/
Pois é, 'Anonymous', a pesquisa conduz-nos a saberes e 'segredos' fantásticos. Fascina-me pesquisar sobre o Rio. Por exemplo, ainda tenho para publicar uma série de coisas ligadas aos desportos dos primórdios so século, não necessariamente sobre o Botafogo. Há muitas publicações que fiz sobre o Botafogo e que obtive através de outros assuntos desportivos de outros estados e cidades, até de outros protagonistas não botafoguenses.
Pesquisar é uma parte muito importante das minhas atividades profissionais que acabei por transpor para o Botafogo e para o desporto como passatempo apaixonado. Pesquisar é para mim sinônimo de paixão; paixão pelas capacidades criativas de todos e não apenas pela nossa.
PS: Sempre gostei muito dessa foto a preto e branco do campo de G. Severiano.
Abraços Gloriosos.
Pra se ter uma ideia de como esse site é bom.
"Em primeiro plano, na parte inferior esquerda da foto, vemos uma trave de campo de futebol, nesse campo improvisado em uma praça pública ainda não totalmente urbanizada é que o Flamengo começou a treinar com seu time de futebol após a cisão com o Fluminense."
https://rioquepassou.com.br/2005/12/20/gloria-e-centro-15-de-novembro-de-1911/
É muito bom, sim!
Abraços Gloriosos.
Olá amigos!
Anonymous, obrigado pela dica, o site é maravilhoso.
Me permita discordar a respeito do final do seu texto, de uma cisão do Flamengo com o Fluminense. Eu entendo e gostaria até mesmo de conversar sobre isso, que nunca houve tal cisão, embora seja essa a versão difundida.
Do ponto de vista subjetivo, Flamengo e Fluminense praticamente se antagonizam, são diferentes em praticamente tudo.
Na maneira de vencer, na maneira de perder, na maneira de sentir derrotas e comemorar vitorias. O Fluminense é um clube absolutamente preso a protocolos, finesses , aristocracias, enquanto o Flamengo encantava e horrorizava as pobres freiras vizinhas a casa de Nestor na 22, que era a sede, ou melhor dizendo garagem, ou melhor dizendo cabeça de porco, que servia de moradia aos remadores do Flamengo e que tanto nos orgulhamos até hoje. O Flamengo é avesso ao protocolo, é um clube de excessos, uns lindos e outros até condenáveis, mas determinantemente diferente do Fluminense.
Bom, essas são apenas algumas questões subjetivas, mas existem as duras e objetivas também, como a cronologia dos fatos. O Flamengo é de 1895 e o Fluminense de 1902.
Na reunião de fundação do Fluminense que foi no bairro da Flamengo, e perto da casa-sede-garagem-cabeça de porco do Flamengo e do Nestor, se juntaram 20 pessoas e dessas 20, 3 eram sócios do Flamengo.
Manoel Rios presidente dessa reunião, era socio do Flamengo, Arthur Gibbons tbm, assim como Virgilio Leite que era então presidente em exercício do Flamengo. Nesta reunião de fundação do tricolor, foram debatidos detalhes como cores e escudos que representariam o Fluminense, e portanto, três flamengos opinaram sobre a intimidade tricolor e assinaram seu documento de fundação. Ainda assim não se vê alguém dizer que o Flamengo deve importante participação na existência do Fluminense, embora o contrario seja fartamente alardeado.
Em 1911 houve um cisma no aristocrático e nobre tricolor, existiu uma cisão capitaneada por Alberto Borgerth. Depoimentos apontam que esse grupo de jogadores debateram aderir ao Botafogo, assim como também ao Paysandu. Ideia afastada pela já grande rivalidade com o Botafogo, já campeão no ano anterior ao cisma em 1910, e pelas raízes inglesas do Paysandu.
Ocorre que em 1911 o presidente do já Clube de Regatas Flamengo, era o mesmo Virgílio Leite que assinou a ata de fundação tricolor em 1902, e decidiu dar abrigo aos ex jogadores tricolores dando origem ao departamento de desportos terrestres do Flamengo.
O Flamengo já existia e é incrivelmente claro e cristalino , que a rivalidade com os meninos do Botafogo que nos atirou ao mar, nos jogaria também em terra mais cedo ou mais tarde.
O Botafogo nesse contexto não é citado, mas as origens do Flamengo falam mais do Botafogo do que do Fluminense.
Portanto de maneira humilde, discordo desse ponto aqui "Flamengo começou a treinar com seu time de futebol após a cisão com o Fluminense" trocaria por: Flamengo começou a treinar com seu time de futebol após cisão DO Fluminense"
As vezes o que a gente escreve pode parecer um tom duro ou professoral, nenhuma das duas coisas é minha intenção, e se deixei essa impressão já peço aqui adiantadas as minhas desculpas.
Um grande abraço e é sempre prazer trocar opiniões e aprender com vcs.
Curioso, Leymir, a versão que partilho desde sempre é que se tratou realmente de "cisão DO Fluminense", tal como parece óbvio. [Nota: o texto não é do nosso 'Anonymous', mas do próprio portal citado.]
O Fluminense SACRIFICOU os seus atletas em favor de continuar a dominar a Federação do futebol carioca, enquanto o Botafogo ABANDONOU honrosamente a Federação apesar de a sua equipe ter tudo para ser bicampeã. Botafogo 'Grande de Hespanha', como escreveu Mario Filho, que acrescentou ser o Botafogo um clube dos rapazes e o Fluminense um clube de homens feitos, de bigode.
Toda a história primordial do Botafogo e do Flamengo é bem mais interessante do que a dos sombrios 'homens bigodudos'. Os remadores dos dois clubes até jogaram futebol antes mesmo de o terem. (rsrsrs)
Bem, aguardemos a voz do nosso amigo para comentar.
Grande abraço.
Sim, um 5 a 1 com vitória do Botafogo, encontrei em um site que o Flamengo jogou improvisado no 1 tempo, sem seu goleiro de ofício.
Mas o jogo estava empatado, e já com o goleiro de fato, fomos vazados cinco vezes! Hahaha
Foi um erro meu e não do anonymous, fica uma correção ao site e não a ele que gentilmente citou o ótimo site por aqui.
Abraços.
Confesso amigos, estou um pouco nervoso com o jogo de logo mais. Hehehe
Creio que o campeonato poderá será/poderá ser resolvido no jogo em que Internacional e Flamengo se defrontam. E o Palmeiras pifou com o Tigres. Foi pena. Mas até está certo: um Tigre come facilmente um Porco...
Grande abraço.
Rindo muito! Muito mesmo! Hahahhaa
O campeonato só irá se decidir aí, se o Flamengo chegar lá com no máximo 3 pontos a menos, e por isso o jogo de hoje é tão importante para o CRF.
Abração, após o jogo passo aqui.
Não sou nenhum Carlito Rocha, mas tenho tbm meu ritual para jogos decisivos. Hehehhe
Não tenho rituais de espécie alguma. Não sou supersticioso (Ai! Ai! Ai! Se os companheiros botafoguenses leem isto expulsam-me! (rsrsrs)
A única coisa que acontece comigo é que nos últimos 10 minutos de jogos decisivos saio de casa de automóvel e só ligo o rádio uns 30 minutos depois para dar tempo de se esgotarem os 10 minutos e eventuais disputas por pênaltis. O mesmo acontece com os outros desportos. Fico muito tenso, penso que isso não é saudável (mas como contrariar?...) e então aplico a estratégia 'fugitiva'. No estádio, quando são pênaltis, a estratégia é 'virar costas'.
Grande abraço.
Ruy, Ruy...
"Não tenho rituais de espécie alguma. Não sou supersticioso (Ai! Ai! Ai! Se os companheiros botafoguenses leem isto expulsam-me! (rsrsrs)"
Melhor guardar isso em segredo! Hahaha
Tenho poucos mas os tenho, hoje eles falharam miseravelmente... só posso ter feito algum errado! Hahahah
Disputa por pênaltis, ou de costas ou olhos fechados, herdei isso do meu pai!
Quase nunca aplico a estratégia fugitiva, quando o faço, ligo o vídeo game ou leio, mas tem que ser algo que me absorva ou volto para o jogo!
Agora por exemplo, vou pegar o carro e dar umas voltas na rua, é o que faço quando espero muito por um jogo e o resultado não é o esperado.
Um grande abraço meu amigo!
Leymir, Você não fez nada de errado, o Cleiton é que fez tudo certo! (rsrsrs)
Às vezes, quando estou mais 'off', seja com o que for, entro no carro e vou viajando pela orla marítima vendo o mar. Tranquiliza.
Grande Abraço.
É verdade, talvez tenha sido a melhor noite na carreira do Claiton, ele trabalha duro, treina muito se concentra e esse é o resultado!
O resultado por eu ter errado a minha mandinga! Hahahahha
Abraços!
Tem que treinar, Leymir, tem que treinar muito! Tem que ir para o ginásio como o CR7 faz todos os dias: 7 da manhã. No seu caso, Ginásio das Mandingas! (rsrsrs)
Grande abraço.
Quando a pandemia passar, vou é fazer um intercâmbio na Bahia! Hahahha
Abraço!
Em busca do Salvador?!... (rsrsrs)
Grande abraço.
Meu querido amigo Ruy,
Tô melhorando na mandinga! Hahahha
Abração,!
E o Internacional entrando pelo cano em momento decisivo. Já em 2005 aconteceu isso, quando a CBF reverteu uma série de jogos que mandou repetir e o Corinthians acabou sendo o campeão.
Grande abraço.
Achei muito injusto o que aconteceu com o inter em 2005, uma vergonha.
Agora as coisas estão acontecendo no campo, acho que o Inter (clube que tenho simpatia pela postura em 87) ainda tem chances.
O Flamengo depende só de si, e até agora no brasileiro de 2020, é esse seu maior problema...
Abraço!
Certo, mas se eu tivesse que escolher entre os dois seria Grêmio. Por sorte não tenho que escolger. (rsrsrs)
Agrande abraço.
Nossa Ruy...
Realmente é curioso isso, temos muitas opiniões e sentimentos parecidos sobre o esporte e amor a um clube.
Mas nem te conto qual time eu torceria no sul, mas vou deixar vc adivinhar.
Qual seria? Hahahhaa
Sul?... Bem, sul... CAXIAS DO SUL!!! Ou... talvez JUVENTUDE para refrescar os anos!!! Ou... se for religioso o SANTA CRUZ!!! Ou... se tiver origem indígena pode ser GUARANI! Ou... se o Leymir praticar o naturismo o PELOTAS!!! (rsrsrsrsrsrs)
Grande Abraço.
Hahahhahaha chegou perto com o Pelotas, mas seria o arqui rival, o Brasil de Pelotas. (Cores lindas esse time tem! Rsrsrs)
Contudo virei a casaca no sul, e prometi ao pai da minha ex-esposa que seria Inter se fosse obrigado a torcer por algum time de lá.
Vi uma entrevista do Eduardo Bandeira de Mello, e trouxe aqui por ser pertinente ao post:
"Cresci vendo o Flamengo perder para o Botafogo. Os caras tiveram duas gerações muito boas. A primeira com Garrincha, Didi, Amarildo e Zagallo e a outra com Gérson, Jairzinho e PC Caju. Isso me traumatizou muito!"
O BFR deve uma reparação psicológica a uma turma muito boa e grande! Haha
Abração!
Quando escrevi Pelotas não pensei em distinguir do Brasil, porque o Brasil de Pelotas é uma coisa, o Leymir naturista de Pelotas seria outra coisa. (rsrsrs)
A única injustiça do BM foi não ter nomeado os dois quintetos integralmente: Didi, Garrincha, Amarildo, Quarentinha e Zagallo | Gérson, Rogério, Jairzinho, Roberto Miranda e PC Caju. (rsrsrs)
O problema é que o BFR também precisa de uma reparação psicológica (sniff...)
Grande Abraço.
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