terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Narração do dia Glorioso do título de 1910

Acervo de ANGELO ANTONIO STEPHANINI

Boletim Oficial do Botafogo, nº 166, 1960

por ALCEU MENDES DE OLIVEIRA CASTRO

Autor do livro ‘O Futebol no Botafogo (1904-1950)’

A data inesquecível de 25 de setembro, assinala o quinquagésimo aniversário de estupenda façanha botafoguense, marco indelével na História do Futebol Carioca, qual foi o da conquista do Campeonato de 1910, após impressionante vitória de 6x1 sôbre o quase invencível conjunto tricolor. […]

Assim foi, com intensa emoção, que o nosso meio esportivo viu raiar o domingo 25 de setembro de 1910, que assinalava o decisivo jôgo do returno entre o BOTAFOGO, com dois pontos perdidos, e o Fluminense, com três (derrota do turno e empate com o Rio Cricket).

Desde cedo, o nosso inolvidável campo da rua Voluntários da Pátria, nº 459, bem em frente à estação de bondes da Cia. Jardim Botânico, começou a receber uma ávida multidão, cheia de interesse e curiosidade, animada pela graça e pela beleza das torcedoras da época, que jamais poupavam seus gritinhos de incentivo aos atletas em luta.

Iniciou-se a célebre jornada como prélio de segundos quadros e o BOTAFOGO, com um goal impressionante do saudoso Luiz de Paula e Silva, o querido “Vovô”, consagrou-se campeão da categoria, sob palmas estrepitosas.

Ninguém mais respirava quando ao apito do refere A. H. Hassell, que era o goleiro do Rio Cricket, alinharam-se as seguintes equipes: “BOTAFOGO”: Coggin, Pullen e Dinorah; Rolando, Lulú e Lefévre; Emanuel, Abelardo, Décio, Mimi e Lauro.”Fluminense”: Watermann, Feliz Frias e Paranhos; Ney, Mutz e Galo; Millar, Oswaldo Gomes, E. Cox, Gilbert Hime e Borgerth.

Como uma avalanche irresistível, o BOTAFOGO assaltou a meta tricolor e, aos três minutos, Abelardo, de cabeça, abriu a contagem para, por mais duas vêzes, em um centro de Lauro (o segundo goal) e novamente de cabeça (o terceiro), beijar as redes tricolores defendidas pelo consagrado Watermann. Estava findo o primeiro tempo: BOTAFOGO 3. Fluminense 0.

Ninguém podia acreditar…

Recomeçada a porfia, o grande Lulú Rocha, ao obstar um avanço do temível Edwin Cox, coloca a bola nas rêdes de Coggin, assinalando o único tento [contra] tricolor.

Era a virada, muitos pensaram…

Mas ninguém resistiria ao BOTAFOGO naquela tarde apoteótica e mais três bolas impulsionadas por Mimi Sodré, aos vinte e cinco minutos; por Décio, com uma bomba de bico de pé, de vinte jardas e novamente, por Décio, arrematando um passe de Abelardo, foram dormir nas redes tricolores.

Estava o BOTAFOGO vencedor e campeão.

Nascia o “Glorioso” da legenda, título que ainda ostenta orgulhosamente, bradado naquela tarde de ouro, por uma multidão alucinada e em delírio.

Mais uma rodada – a 2 de outubro – e com 11x0 sôbre o Haddock Lobo, o Glorioso encerrava sua estupenda campanha com dez jogos, nove vitórias, uma derrota, com um saldo impressionante de 57 pontos!

Atuaram os três irmãos Emanuel, Benjamin (Mimi) e Lauro de Almeida Sodré; Hugh Edgar Pullen e Rolando de Lamare, nas dez partidas; Dinorah Cândido de Assis, Luiz Martins da Rocha (Lulú), Carlos Lefévre e Abelardo de Lamare, em nove; Décio, em oito; Othon Baena, em seis; Ernest Coggin, em quatro; Cândido Viana e Maurício Silva, em duas; Flávio da Silva Ramos e José Gonçalves do Couto (Juca), em uma, perfazendo um total de 16 jogadores.

Abelardo de Lamare, o maior forward de seu tempo foi o artilheiro com 22 goals. Seguiram-se-lhe Décio, 14; Mimi, 11; Rolando, 6; Emanuel, 3; Lulú, 2; Dinorah, 2; Flávio, 2 e Lefévre, 1.

Nosso segundo quadro participou de oito jogos (o Rio Cricket não concorreu a êsse torneio), com sete vitórias, uma derrota, 39 goals pró, seis contra, saldo de 33, atuando Adhemaro de Lamare, Luiz de Paula e Silva e Mário Fontenelle; oito vêzes; José Gonçalves do Couto (Juca), 7; Augusto Paranhos Fontenelle, Cândido Viana, Carlos Hasche, César Gonçalves, Edgard Soares Dutra, Flávio da Silva Ramos e Nilo Rasteiro, 6; Carlos de Pino, 4; Oscar dos Santos Cunha, 3; Ernest Coggin, Normann Hime e Pedro Martins da Rocha, duas; Arthur César de Andrade e o Presidente Souza Ribeiro, uma, em um total de 18 atletas.

Fonte: Boletim Oficial do Botafogo, 1960.

4 comentários:

Anónimo disse...

Em toda temporada de 1910, foram:
16 jogos - 13 vitórias - 2 empates - 1 derrota - 93 gols marcados - 24 gols sofridos
3 Taças conquistadas

Vale lembrar que o 6 a 1 contra o Flu em 1910 foi a maior goleada em Decisão no Campeonato Carioca na era do amadorismo, assim como o 6 a 2 contra o Flu em 1957 foi a maior goleada em Decisão no Campeonato Carioca na era do profissionalismos.

Coisas que só acontecem ao Botafogo.

Ruy Moura disse...

Podemos não ter muitos títulos oficiais, mas não nos faltam recordes nem histórias inéditas e inimitáveis! E as histórias fantásticas do Botafogo valem muito mais do que alguns títulos!

Abraços Gloriosos.

Anónimo disse...

Outro feito desse time que acabei esquecendo de mencionar é que esse time conseguiu a maior médio de gols de um clube campeão na história do Campeonato Carioca: 66 gols em 10 jogos - 6,6 gols de média.

Ruy Moura disse...

Exatamente! O Botafogo fez jus ao título de GLORIOSO!!!
Abraços Gloriosamente estrelados!

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