segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Um olhar rubro-negro à imortalidade alvinegra

Arte: Fogo Papers

por LEYMIR MORAES

Flamenguista, leitor do Mundo Botafogo

Quando alguém julga uma Instituição mais que centenária com olhos travados no presente, e em seu passado recente, desconfie!

Quando alguém tentar lhe vender que a historicidade e significância de um clube é a relação entre faturamento x dívida, desconfie!

Um dos maiores ataques do Flamengo alinhava com Zizinho, Pirillo, Jair da Rosa Pinto e Vevé, um dos maiores meios de campo de todos os tempos alinhava com Falcão, Cerezo, Sócrates e Zico, se alguém tentar desqualificar alguma dessas linhas, desconfie!

Já de mim desconfie menos, pois antes de entrar propriamente no assunto eu já cometerei sincericídio. Eu não amo o Botafogo e não amei o Botafogo, muito embora seja eternamente grato aos garotos que o iniciaram e roubavam já em seus primórdios as meninas do bairro vizinho.

Eu cresci ouvindo meu pai lamentar e admirar a geração de Gérson, PC Caju e Jairzinho, meu avô dizer que entrava no Maracanã para torcer mas saía de lá rindo, por intermédio do maior de todos os ponteiros que nasceram e nascerão, o excelentíssimo senhor Mané Garrincha, que gostava de andar bem acompanhado por Zagallo, Amarildo, Didi, Manga, Nilton Santos e Quarentinha.

Desconfie muito quando alguém disser que o BFR se distancia do imaginário popular futebolístico! Poucas são as construções mais impossíveis que essa. Se lamentavelmente confesso que não conseguimos aprender com Mimi Sodré e seu jogo limpo, nossa obsessão pelo improviso e o drible foi solidificada com o brilhantismo de Garrincha e nenhum clube foi mais importante do que o BFR em 58, e principalmente em 62, ao dizimar nosso complexo de vira latas e nos transformar no país do futebol.

Talvez desconfie de mim, porque o primeiro título que me lembro em detalhes foi o de 1989, o cruzamento de Mazolinha, a conclusão de Maurício e as lágrimas do meu amado pai. Eu não tinha nenhum motivo para falar bem do BFR, excetuando-se a verdade e a humildade de reconhecer que o tamanho do meu clube também passa pelo gigantismo de seus rivais, nesse caso o Botafogo.

Quando você, Botafogo, ouvir de um irmão de camisa que teu clube caminha para seguir os passos do Bangu ou America (com todo o respeito a estes), repreenda e lembre o orgulho e sorte de torcer para o clube de Carvalho Leite, Heleno de Freitas, Mimi Sodré, Nilton Santos, Didi e Garrincha.

Quando um torcedor rival tentar lhe diminuir, sorria e saiba que é só o infantilismo da rivalidade e do clubismo, nem todos saem da puberdade.

Quando for a imprensa sempre “imparcial”, olhe para o céu e repita “oh pai, eles não sabem o que fazem”.

Nada mais posso escrever ou cassam por aí minha carteirinha de Flamengo… Querido torcedor alvinegro, desconfie de mim, desconfie da imprensa, desconfie de tudo e de todos, menos da imortalidade do teu Botafogo.

11 comentários:

leymir disse...

Querido amigo Ruy!

É uma honra pra mim, aprendo e desfruto muito aqui.

Tu representas muito bem o que é o Botafogo, o que é o melhor do clubismo e o melhor do espírito desportivo.

Estou realmente feliz e grato.

Um abraço do melhor dessa rivalidade!

Ruy Moura disse...

Também me honras muito, sobretudo por poder desfrutar de uma conversa inteligente de um torcedor de clube rival, coisa rara nos dias que correm porque as conversas entre rivais descambam quase invariavelmente para o campo da tolice e do malcriado.

Esse texto mostra bem a qualidade pessoal do 'rival'...

Grande abraço.

José Carlos Milito disse...

Belo texto... pena que no último parágrafo revelou suas raízes burro-negras com aquele "caçam por aí minha carteirinha"...
"CaÇar" se caça um animal, nem que seja um abutre; uma carteirinha é "caSSada", bem-intencionado rival.

Ruy Moura disse...

Meu estimado amigo José Carlos, o Leymir é flamenguista e leitor do blogue há muito tempo, e comenta regularmente. Logo de início, quer no título quer junto ao seu nome, se revela que é flamenguista. O texto que o Leymir escreveu foi precisamente para contrariar a ideia que anda por aí em círculos flamenguistas de diminuição do Botafogo, e provavelmente será publicado num portal de futebol, bastante conhecido. O Leymir admira a história do Botafogo e os seus craques.

E ontem, hem?... Até um pênalti absolutamente inexistente inventaram para o Botafogo não ganhar. Nem mesmo com a descida garantida desistem de bater na clata intenção de humilhar...

Abraços Gloriosos.

Ruy Moura disse...

José Carlos, vá a publicações recentes do MB que tenham comentários e verá como tem sido interessnte debater a história do futebol com o Leymir, um grande desportista.

Abraços Gloriosos.

leymir disse...

Oi Ruy!

Vc pode por favor corrigir, eu realmente errei.

Embora fosse possível argumentar que minha inscrição seria realmente caçada como se faz com um abutre, e não cassada após o devido processo.

Tem gente sempre disposta caçar,atiram primeiro e entendem depois.

Seria bom se fosse só na torcida do Flamengo, mas não é.

Abraço!

Ruy Moura disse...

A seu pedido eu emendo, Leymir, mas 'caçado' pode-se utilizar em sentido figurado no seu texto, porque na verdade niguém lhe cassaria formalmente a carteirinha por ter escrito o que escreveu, mas certamente alguns gostariam de ir à sua caça, à caça da sua carteirinha.

Grande abraço!

leymir disse...

Ruy, vc é verdadeiramente um amigo!

Eu escrevi nesse sentido, de caçar mesmo, de forma abrupta, mas a correção me deixou inseguro.

Sobre o penal que comentou, foi uma das coisas mais ridículas do campeonato.

Um abraço!

Ruy Moura disse...

É. E acontece preferencialmente com o Botafogo ano após ano. Este ano, apesar dos erros da diretoria, apesar dos atletas com pouca qualificação, o Botafogo não tinha plantel para cair. Teve problemas com as arbitragens logo de início. Este ano o apito agiu de modo arrasador e escandaloso. Tudo para liquidar a S/A que a CBF não quer que vingue. Os beneficiados são sempre os mesmos, os prejudicados idem, idem, aspas, aspas.

O futebol brasileiro está em coma. Vai ser reduzido ao Flamengo e de vez em quando ao Corinthians ou ao Palmeiras ou ao... Tal como em Itália (últimos 9 campeonatos, 9 vezes campeão a Juventus), na Alemanha (últimos 8 campeonatos, 8 vezes campeão o Bayern), França (últimos 8 campeonatos, 7 vezes campeão o PSG), Espanha (últimos 16 anos, Barcelona e Real 15 vezes campeões), Portugal (últimos 18 anos, Porto e Benfica 18 vezes campeões). Salva-se o campeonato inglês apenas - que é o único futebol que realmente consigo ver com interesse.

A competitividade foi-se e, em consequência, o futebol é apenas para uma minoria de clubes enriquecidos à força que se eternizam nos títulos e enterram o futebol popular. O capital impôs-se brutalmente no futebol no âmbito de uma sociedade neoliberal manipulada nos bastidores, desequilibrada e profundamente abismal. Tal como nos países: os ricos estão mais ricos ano após ano desde 2008, os pobres mais pobres desde esse mesmo ano. É a Selva instalada no planeta, retirando à humanidade a cultura e a solidariedade orgânica.

Grande abraço.

leymir disse...

Querido professor,

O museu da pelada publicou o texto, fico muito feliz.

Não poderia te-lo escrito sem o que aprendi nesse blogue e sem as constantes trocas contigo. Trocas essas que muitas vezes são verdadeiras aulas.

Muito obrigado de verdade e um abração gigante!

Ruy Moura disse...

Ficou muito bem, Companheiro! Gostei de ver! Parabéns!
Grande Abraço.

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