quarta-feira, 31 de março de 2021

Heleno de Freitas: o ‘Príncipe Maldito’ e o Maracanaço

por WIKIPÉDIA

 

Heleno não disputou a Copa do Mundo de 1950. Algumas fontes afirmam que a FIFA teria vetado sua convocação por ele atuar na liga colombiana, não reconhecida pela entidade mundial. Outras creditam a ausência aos seus constantes atos de indisciplina.

 

A três meses de começar a Copa, Heleno foi posto à venda pelo Vasco da Gama, após quase trocar socos com Flávio Costa, que também era treinador da seleção. No dia seguinte ao Maracanaço, jornais brasileiros noticiaram que Heleno fora advertido por indisciplina pelo Atlético Júnior de Barranquilla.

 

Em julho de 1950, Heleno deu uma entrevista a um jornal colombiano que teve grande repercussão no Brasil. Heleno responsabilizou o técnico Flávio Costa pelo desastre do Maracanã e afirmou que com ele seria diferente:

 

Se eu estivesse no comando do ataque o Brasil não perderia esse mundial. Conheço a manha dos uruguaios; Obdulio Varela não faria comigo metade do que fez como nosso ataque. Perdemos por incapacidade do técnico que tornou nossa seleção um bando de frouxos, incapazes de reação. Um bando de fracos, castrados e medrosos!

 

Em janeiro de 1951, Heleno se reapresentou ao Vasco da Gama. O técnico Flávio Costa abandonou o treino e foi tirar satisfações de Heleno sobre as declarações. O jogador negou a entrevista, mas o técnico não acreditou. Os dois discutiram publicamente no portão de São Januário. Heleno sacou uma arma, mas o próprio técnico o desarmou.

1937: Taça do Campeonato Carioca de Florete - 1ª Categoria - Equipas

 

terça-feira, 30 de março de 2021

General Severiano em 1923

 

General Severiano em 1923

por LUIZ FELIPE CARNEIRO DE MIRANDA

Curador do Centro de Memória do Botafogo de Futebol e Regatas

A foto foi feita a partir do Morro do Pasmado e digitalizada de um jornal da época. Na parte de baixo da foto vê-se a Rua General Severiano. À direita, a arquibancada social do Botafogo Football Club, com as dependências administrativas e esportivas abaixo dela.

O local onde seria construído o Palacete Colonial, em 1928, aparece demarcado à direita da arquibancada social.

Mais à esquerda vê-se o antigo placar, na arquibancada dos visitantes. O estádio de General Severiano foi ampliado em 1938, na gestão do presidente Sergio Darcy.

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por WIKIPÉDIA

Estádio de General Severiano, denominado ‘O Mais Bonito do Brasil’, com capacidade para 20.000 pessoas, foi um estádio de futebol situado no bairro de Botafogo. O estádio pertencia ao Botafogo de Futebol e Regatas e era muito utilizado antes da construção do Maracanã. O maior artilheiro do estádio é Carvalho Leite, com 101 gols em 90 jogos.

Inauguração: Botafogo 1x0 Flamengo, 13.05.1913

Abertura

O campo foi construído em 1912 e inaugurado em 13 de maio de 1913 em partida válida pelo Campeonato Carioca de Futebol, contra o Flamengo. Vitória botafoguense por 1 a 0, gol de Mimi Sodré.

Expansão

Em 1937, quando começou a "Campanha do Cimento", que consistia num livro de ouro para doações de torcedores, a reconstrução foi concluída em 1938 e o antigo campo, ainda com estruturas de madeira foi reinaugurado como estádio, estrutura de cimento, em 28 de agosto do mesmo ano. Na cerimônia realizada antes do primeiro jogo, um mapa do Brasil foi desenhado no centro do gramado com terra originada de cada estado do país. O jogo foi contra o Fluminense e Botafogo venceu por 3 a 2.

Décadas de 30 e 40

Neste estádio o Botafogo decidiu o Campeonato Carioca de 1934, contra o Andarahy, vencendo o jogo por 2 a 1. O Botafogo também decidiu o Campeonato Carioca de 1948, contra o Vasco da Gama, vencendo o jogo por 3 a 1, com o estádio lotado por aproximadamente 20.000 pessoas.

Demolição

O estádio foi demolido quando o clube perdeu a posse do terreno na década de 1970. A última partida neste estádio deu-se em 30 de novembro de 1974, empate em 2 a 2 com o Madureira. Em 1975, recebeu a primeira edição do Hollywood Rock, que gerou o documentário Ritmo Alucinante. Em 1977, a sede foi vendida para a Companhia Vale do Rio Doce; o clube na época era presidido por Charles Macedo Borer. Com a venda da sede, o futebol do Botafogo foi para Marechal Hermes, e como o antigo estádio foi demolido, lá foi construído um novo.

Fontes: Acervo de Luiz Felipe Carneiro de Miranda e Wikipédia.

Voz de Sandro: o erro da torcida

«Eu vejo a torcida empolgada com a vitória contra o Moto Club. Aí já começa o erro. Está tão carente de vitórias, que quando ganha de um time considerado pequeno, é uma festa, o Babi já é o melhor atacante, fulano é o melhor meia, o time já está no caminho. Não é assim. Fico só olhando de longe, observando, porque não posso comentar isso. Aí o jogador abre o jornal, imprensa dando moral e comentarista falando que fez grande jogo. Eu de longe observando tecnicamente vejo que não é isso. Acho que até os jogadores se assustam. Nisso a torcida erra, em idolatrar jogador por causa de uma vitória que era obrigação. Não está tudo bem, o Botafogo ainda está muito longe de ser uma equipe competitiva para fazer uma Série B que está extremamente difícil, tem grandes clubes.» – Sandro, ex-zagueiro do Botafogo que tem forte identificação com a torcida e por isso sente poder apontar um erro de parte dos torcedores.

 

Nota do Mundo Botafogo: O exemplo do Moto Club serve para toda a campanha 2021 até agora. Temos um plantel com qualidade técnica globalmente impensável para o Botafogo e necessitamos urgentemente de duas coisas: reforço do plantel para o campeonato brasileiro e que Marcelo Chamusca possa ser um treinador de nível médio, e não medíocre como foi típico das escolhas da anterior diretoria,  de modo a que possa apoiar cada jogador na melhoria técnica de fundamentos essenciais para a prática de um futebol para já aceitável.

segunda-feira, 29 de março de 2021

Botafoguismo e superstição: a volta da velha paixão

Crédito: Placar, 01.05.1981

por MÍLTON COSTA CARVALHO

in Revista Placar

Eles se fingiram de mortos por mais de uma década. Mas só fingiram: bastou o time realizar uma boa campanha e os botafoguenses surgiram de todos os cantos. Cheios de fé, mais apaixonados do que nunca.

Eles não aparecem na porta do vestiário para saudar os heróis que vão entrar em campo: pode dar azar, quebrar a corrente, mexer com a sorte do time. Mas, na arquibancada, na geral, nas cadeiras, brotam de todos os lados. Já não são apenas 18 e nem cabem mais numa kombi, como teimam em espalhar as torcidas inimigas. São velhos (poucos), rapazes (muitos) e garotos (milhares) que, em três jogos do Maracanã, formaram uma multidão de mais de 300 mil pessoas.

“Uma verdadeira nação”, alardeia um torcedor. E é verdade: em 80,contando todos os campeonatos e amistosos, o Botafogo arrecadou pouco mais de 29 milhões. Este ano, só na Taça Ouro, já conseguiu mais de 33 milhões.

Subitamente, a estrela solitária – símbolo tão amado – voltou a figurar na paisagem de uma cidade que, nas duas últimas semanas, adorou o preto e o branco como suas cores oficiais. Nas lojas, não há mais estoques de bonés, camisas e bandeiras do Botafogo. No Maracanã, em Marechal Hermes, tremulam bandeiras velhas e encardidas que, no passado, reverenciaram os dribles fascinantes de Mané Garrincha, as jogadas do mestre Nilton Santos, os lançamentos precisos de Gérson, as arrancadas e os gols da dupla Jairzinho-Roberto.

Há um toque de nostalgia neste renascimento do Botafogo, estampado nas feições incrédulas dos torcedores mais velhos. Há também um toque de coisa nova, de energia jovem flutuando no ar, como se, de repente, um novo time e uma nova torcida tomassem toda a cidade. Com força de sua fé e de suas superstições.

São seis horas da manhã e o telefone toca no apartamento do repórter Ricardo Carpenter, o Fantasma, do Jornal dos Sports. Meio grogue, ele atende a chamada, ouve por alguns segundos a voz do outro lado da linha e pergunta espantado:

– Ué, mas o treino não é às nove?

A resposta de Luís Oliveira, vice-presidente de futebol do Botafogo, vem na hora:

– É, mas você não se lembra da antevéspera do jogo com o Bangu? Meu despertador deu problema e eu te acordei às seis em vez das sete. E não deu certo? Não vencemos? Você é ou não é um botafoguense? Então, vista-se, vamos.

 Ricardo Carpenter, o Fantasma

E lá vai o pobre Fantasma, com seus 60 anos, madrugando em Copacabana e seguindo no carro do dirigente rumo ao distante subúrbio de Marechal Hermes.

E nem se diga que essa onda de superstição atinge apenas torcedores e cartolas. Nas últimas partidas, o craque Mendonça tem entrado em campo com a camisa 8 e o calção 13. “Sei que não pode”, explica Mendonça. “Mas desde que recebi o calção errado do roupeiro, o Botafogo começou a ganhar. Então, dou um jeitinho – coloco a mão na frente escondendo o número 13para o juiz não ver.”

Em meio à intensa atividade da semana passada, o roupeiro Cosme conseguiu uma dispensa para ir e voltar no mesmo dia a Aparecida do Norte. Levou consigo a camisa de Mendonça e um pacote de velas. Trouxe uma imagem da Padroeira do Brasil, agora presente no vestiário, onde velas ardem por todos os lados. O outro roupeiro, Jair, está ameaçando dormir com o calção do ponta-direita Édson, como fazia nos tempos de Garrincha.

Sexta-feira, dia de treino, a arquibancada de Marechal Hermes recebe uma rapaziada alegre – ah, como fazia tempo que a torcida não ia ver treino em Marechal Hermes, como costumava fazer em General Severiano; ah, como fazia tempo que um jogador do Botafogo não dava mais de três autógrafos seguidos. Mas, de repente, o clima de festa é quebrado pela notícia que bem de um rádio: “O presidente Charles Borer, de sua casa em Muriqui, informa que irá assistir aos jogos finais do Botafogo”.

Pânico geral. Um torcedor exaltado pede o endereço de Borer: “Vou lá e faço um apelo: presidente, desde que o senhor deixou o futebol de lado, passamos a vencer. Não vá lá, por favor”. Não foi preciso: a notícia era apenas boato.

De toda forma, a torcida continua vigilante e atenta para qualquer detalhe que possa quebrar o encanto do Botafogo. Quando Luís Oliveira antecipou de sábado para sexta-feira à noite o jogo contra o Santos, em São Paulo, ela chiou porque não pôde acompanhar. Mas logo rendeu-se aos argumentos de Oliveira: depois do empate (2 a 2) com o Mixto, gol do adversário no último minuto, ele encomendou uma análise astrológica sobre o momento do futebol. E jamais jogar aos sábados foi a primeira recomendação dos astros.

Mais: na vitória de 1 a 0 sobre o Bangu, primeiro jogo da segunda fase, aconteceu um desencontro entre os membros da diretoria. Resultado: todos tiveram de deixar seus carros no Mourisco e seguir às pressas de táxi até o hotel Regina, onde se juntaram aos jogadores e, de ônibus, foram para Marechal Hermes. Como o Botafogo venceu, desde então aqueles diretores, vestindo as mesmas roupas, passaram a seguir o mesmo itinerário – e o ônibus do clube, que antes era exclusivo dos jogadores, já está ficando pequeno para tantos passageiros.

Aliás, o Rio de Janeiro inteiro parece pequeno para esta legião de botafoguenses que ressurgem vindos de onde, não se sabe. Nas redações de jornais, rádios e tevês, o Botafogo é maioria ou divide as preferências com o Flamengo. E, ali também, não faltam os supersticiosos. Na seção desportes de O Globo, por exemplo, o radinho de pilha está colocado na mesma posição desde que o Botafogo passou a vencer – e ninguém pode ou ousa demovê-lo. O editor de esportes amadores, José Antônio Gerhein, está proibido de sair de sua cadeira – assim acompanhou as duas últimas partidas. Como é aflito e sofrido botafoguense, aceita tudo com resignação.

No jogo contra o Flamengo, seu colega de redação Luís Roberto Porto desapareceu quando Zico foi cobrar uma falta. Não suportando a pressão, preferiu ouvir o jogo no pátio de estacionamento – solitário, trancado em seu carro e dando murros nos bancos a cada gol perdido. E quando estava Fla 1x1 Bota, o repórter Washington Rope resolveu deixar o Maracanã. Ao se aproximar de seu carro, no estacionamento do estádio, lembrou-se de que estava no mesmo local, quase na mesma posição, quando Rondinelli, aos 41 minutos, fez o heroico gol, de cabeça contra o Vasco, na conquista do título de 78. Trêmulo, entrou no carro, suou frio – pra sua sorte, o Mengo não fez mais gols; seu Botafogo marcou dois.

Espontaneamente, sem qualquer premeditação, botafoguenses do Rio inteiro, do Brasil inteiro, do mundo inteiro, parecem de mãos dadas numa corrente de pensamento positivo. Até mesmo grupos de oposição já falam em se unir à situação para formar um grande time e vencer o campeonato carioca – “a nossa grande meta”, como faz questão de frisar Luís Oliveira.

É o renascimento do botafoguismo, que teve em Carlito Rocha, sem dúvida, seu maior representante e grande guia. No jogo de quarta-feira contra o São Paulo, por exemplo, um botafoguense passou o tempo todo dizendo:

– Se preocupa não, Paulo Sérgio. Carlito Rocha vai agarrar tudo.

Um botafoguismo que tem no jornalista Sandro Moreyra um seguidor fiel e bem-humorado:

– O que é botafoguismo? Ora, é o que levou o médico de Charles Borer a proibi-lo de vir a campo. Ele fez isso não para preservar a saúde de seu paciente, mas para impedir que Borer secasse o time.

Na cabine da Rádio Tupi, o comentarista João Saldanha, sempre apaixonado, fala para todo o Brasil:

– Édson e Rocha são dois jogadores de Seleção. Não vejo por que ficaram de fora, ainda mais com o Tita na ponta.

E, virando-se para um amigo ao lado, fora do microfone, completa:

– E não é botafoguismo, não.

É claro que é. Um botafoguismo sadio que tomou conta do Rio. Um botafoguismo que não se via há uma década. Um botafoguismo que fez reviver uma cena que marcou tantas infâncias e que poucos jovens de hoje já viram: a estátua do Manequinho, no Mourisco, novamente vestida com a camisa alvi-negra, estrela solitária no lado esquerdo peito. Como nos bons tempos de 61, 62, 67, 68. Como nos bons tempos de Garrincha, Didi, Gérson, Jairzinho, Roberto, Paulo César…

Fonte: Revista Placar, 1 de maio de 1981.

Botafogo 2x1 Nova Iguaçu

FICHA TÉCNICA

Botafogo 2x1 Nova Iguaçu

» Gols: Ênio, aos 45+2’, e Marco Antônio, aos 90+5’ (Botafogo); Vandinho, aos 52’ (Nova Iguaçu)

» Competição: Campeonato Estadual

» Data: 27.03.21

» Local: Estádio Elcyr Resende, em Saquarema (RJ)

» Árbitro: Beatriz de Oliveira Dantas (RJ); Assistentes: Rafael Gomes Rosa (RJ) e Fabiana Nóbrega Pitta (RJ)

» Disciplina: cartão amarelo  Luís Henrique, Vinícius Matheus, Luã Lúcio e Canela (Nova Iguaçu)

» Botafogo: Douglas Borges; Jonathan, Marcelo Benevenuto, Gilvan e Paulo Victor (Rafael Navarro); Kayke (Cesinha), Matheus Frizzo e Felipe Ferreira (Ronald); Warley (Marco Antônio), Marcinho (Ênio) e Matheus Babi. Técnico: Marcelo Chamusca

» Nova Iguaçu: Luís Henrique; Digão (Vinícius Matheus), André Santos, Gilberto e Rafinha; Abuda, Vandinho e Dieguinho (Canela); Yan (Roberto Baggio), Luã Lúcio e Raphael Carioca (Anderson Künzel). Técnico: Carlos Vítor.

domingo, 28 de março de 2021

Tríplice coroa da artilharia carioca

Montagem do editor do MB a partir de uma charge de Globoesporte.com

por RUY MOURA

Editor do Mundo Botafogo

Antes da década de 2010 o Botafogo foi tradicionalmente responsável por integrar nas suas fileiras atacantes que se tornaram grandes artilheiros nos campeonatos estaduais, ocupando mesmo o 1º lugar em número de artilharias por temporada na categoria principal.

No ano de 1959 o Botafogo produziu os artilheiros dos três níveis mais importantes do futebol carioca – profissionais, aspirantes e juvenis:

» QUARENTINHA, artilheiro do Campeonato Carioca de Profissionais.

» AMOROSO, artilheiro do Campeonato Carioca de Aspirantes.

» DEDÉ, artilheiro do Campeonato Carioca de Juvenis.

Botonista Paulo Afonso partiu precocemente


 por FOLHA DE BARBACENA

Faleceu o botonista Paulo José Afonso, de 48 anos, vítima da COVID, atual campeão mineiro de futebol de mesa da categoria dadinho e ex-atleta botafoguense, campeão do último Aberto do Botafogo Futebol e Regatas, realizado no Rio de Janeiro em 2019.

Homenagem do Futmesa Barbacena, onde o Glorioso atleta jogava atualmente

Quem pensa que futebol de mesa é para crianças, está enganado. Futebol de mesa é para quem tem espírito de criança, jovem e determinado. Alegre com as coisas simples da vida e que valoriza a boa companhia de amigos fiéis... E o Paulinho era um desses espíritos. Sempre centrado a cada jogada, determinado na busca pela vitória, não perdia o fair play e muito menos a paciência em ensinar quem estivesse começando. Gostava de uma boa brincadeira, principalmente se tivesse de zoar algum flamenguista. Apaixonado pelo Botafogo, trazia tatuado na pele o escudo do Glorioso Carioca.

Paulinho foi um atleta multicampeão, mas mal sabia ele que os vitoriosos eram seus amigos, por terem ao seu lado uma figura tão iluminada, carismática e motivadora.

O Futmesa não perdeu só um de seus melhores atletas (talvez até o melhor), mas sim, uma parte enorme de seu coração. Segue em paz guerreiro, e ilumina a gente aí do céu, como a Estrela Solitária que você tanto admirava. Gratidão e saudade é o que nos sobra. Obrigado Paulo Afonso, o nosso Paulinho.

Fonte: https://folhadebarbacena.com.br/cidade/barbacena-se-despede-do-atleta-paulo-afonso-26032021

sábado, 27 de março de 2021

Livro 89: ‘Loco por Ti’

SINOPSE

Loco Abreu foi um cometa que passou pelo Botafogo. Apesar da curta passagem, marcou época no clube. O time da Estrela Solitária amargava uma sequência de três derrotas consecutivas para o Flamengo nas decisões do Carioca. Para piorar, o adversário acabara de conquistar o Brasileiro. O uruguaio desembarcou na Cidade Maravilhosa em 2010. Estreou sendo massacrado pelo Vasco, 6 a 0, mas aos poucos espalhou seu carisma e sua fome de vitória pelos quatros cantos do clube.

Os jogadores ganharam confiança e, alguns jogos depois, com direito a gol de Loco, ganhou a Taça Guanabara. Mas foi na final da Taça Rio que Loco fez História ao marcar um gol mítico, épico, de ‘cavadinha’, ‘imperando’ sobre o Flamengo de Adriano. A vitória rendeu o título estadual e colocou Loco na galeria de heróis alvinegros.

Segundo maior artilheiro estrangeiro do Alvinegro, o principal goleador do estádio Nilton Santos tem toda a sua trajetória no clube esmiuçada com riqueza de detalhes pelos jornalistas Gustavo Rotstein e Marcos Eduardo Neves.

Detalhes da obra:

LOCO POR TI – as juras de amor eterno entre Loco Abreu e a Estrela Solitária, é uma obra literária editada em formato eBook Kindle, da autoria de Gustavo Rotstein e Marcos Eduardo Neves.

» ASIN: B08WH9LWXN

» Idioma: Português

» Tamanho do arquivo: 3279 KB

» Quantidade de dispositivos em que é possível ler este eBook ao mesmo tempo: Ilimitado

» Leitura de texto: Habilitado

» Configuração de fonte: Habilitado

» Dicas de vocabulário: Não habilitado

» Número de páginas: 191 páginas

» Data da piblicação:11 de março de 2021

Heleno de Freitas e sua mãe Rita

 

sexta-feira, 26 de março de 2021

Um espectro rondou nosso Garrincha


por ESPAÇO CULTURAL MANÉ GARRINCHA

in Jornal Aroeira

 

13 de junho do presente ano [2015]. Data de oito anos de nosso Espaço Cultural. Casa cheia, o maior número de ateus por metro quadrado. […] De repente, não mais que de repente, uma voz ecoou pela sala:

 

- Para Mané. Para Mané…; para Mané, para Mané, para Mané!

 

Os presentes não temeram o brado forte e, acompanhados por um pandeiro, responderam em uníssono:

 

- Para Mané. Para Mané…; para Mané, para Mané, para Mané!

 

De súbito, como que de um imortal só outro imortal saberá dizer, Vinícius veio até nós para saudar O Anjo das Pernas Tortas:

 

“… o olhar atento

Dribla um, dribla dois, depois descansa

Como a medir o lance do momento.

Vem-lhe o pressentimento; ele se lança

Mais rápido que o próprio pensamento

Dribla mais um, mais dois; a bola trança

Feliz, entre seus pés – um pé-de-vento!”

 

Após essa entrada triunfal do poetinha os incrédulos caíram na graça e passaram a invocar toda sorte de espectros. E mesmo espírito reacionário […] não se intimidou em baixar por lá:

 

“… Porque Garrincha não acredita em ninguém e só acredita em si mesmo. Se tivesse jogado contra a Inglaterra, ele não teria dado a menor pelota para a rainha Vitória, o lorde Nelson e a tradição naval do adversário. Absolutamente. Para ele, Pau Grande, que é a terra onde nasceu, vale mais do que toda a Comunidade Britânica. Com esse estado de alma, plantou-se na sua ponta para enfrentar os russos. Os outros brasileiros poderiam tremer. Ele não e jamais. Perante a platéia internacional, era quase um menino. Tinha essa humilhante sanidade mental do garoto que caça cambaxirra com espingarda de chumbo e que, em Pau grande, na sua cordialidade indiscriminada, cumprimenta até cachorro.”

 


Ora, mas se até Nelson Rodrigues ali fez das suas, não seria o revolucionário Carlos Marighella que brilharia por ausência. Ele, que entregou a vida por sua gente, assim cantou em versos A Alegria do Povo:

“Um drible impossível…

Garrincha sai por um lado,

E o adversário se estatela no chão.

Gargalhada geral,

O Maracanã estremece…

[…]

Garrincha! Garrincha!

A alegria do povo,

No balé estonteante

Do futebol brasileiro.”

 

E a coisa não parou por aí. Ainda que nossa pouca experiência em ciências ocultas não nos autoriza a palpitar sobre o tempo de incubação das almas na pós-morte, o fato é que a boa alma uruguaia de Eduardo Galeano, morto recentemente, também se fez presente para a justa homenagem a seu Mané:

 

“… nome de um passarinho inútil e feio. […] Era um pobre resto de fome e de poliomielite, burro e manco, com um cérebro infantil, uma coluna vertebral em S e as duas pernas tortas para o mesmo lado. Nunca houve um ponta direita como ele […] o homem que deu mais alegria em toda a história do futebol…”

 

Mas se a alegria um dia vai embora, a esperança tarda em janela drummondiana aberta ao mundo para, quem sabe, novamente vê-la passar em sonho de indescritíveis pernas tortas. Descendo para uma boa prosa, disse o mineiro de Itabira sobre Mané e o Sonho:

 

“Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho.”

 

Assim fechamos nossa sessão espírita (sic) sem pedir piedade a ninguém. Os tempos são difíceis e a sorte está lançada. Não iremos retroceder. […] Lutaremos até o fim, fazendo nosso o conselho dado pelo poeta concretista Décio Pignatari, na indicação pelo também poeta Souza Lopes, quanto a Garrincha não ceder em fim de carreira às tentações da piedade assassina:

 

“Recuse a piedade assassina, seu Mané! O que você desaprendeu pode ser aprendido de novo. Lute até o fim como o Corisco diabólico do filme genial de Glauber Rocha! “Mais fortes são os poderes do povo!” Onde a Comissão Técnica vai arranjar quatro pontas-direitas iguais a você?

 

Três? Dois? Um? Nenhum – se você se recuperar!”

 

É isso ai. Oito anos se passaram. A história continua. SEM PIEDADE MANÉ!

 

Fonte: https://revistaaroeirablog.wordpress.com/

Elas - na Loja Oficial do Botafogo

 

quinta-feira, 25 de março de 2021

Brenda Woch: da tragédia familiar a futebolista vencedora

 
Brenda, artilheira do Botafogo na campanha vitoriosa do Campeonato Carioca de Futebol.

por CARINA ÁVILA

28 de janeiro de 2020

Portal globoesporte.globo.com

 

Mãe, irmão e pai assassinados. A jogadora Brenda Woch perdeu a família cedo. A mãe foi assassinada na frente dela quando a atacante tinha 12 anos. No ano seguinte, o irmão também foi morto. Poucos meses depois, o pai. Todos vítimas do tráfico de drogas.

 

Minha mãe vendia drogas para sustentar a família, somos oito filhos. Ela entrou no mundo do crime para nos dar de comer. Quando eu tinha 12 anos, invadiram nossa casa e atiraram na minha mãe. Eu estava ao lado dela, presenciei tudo, vi tirarem a vida dela. Depois de um ano, meu irmão Diego, que era usuário de drogas, também foi assassinado. E no ano seguinte, mataram meu pai — conta Brenda.

 

Brenda nasceu e cresceu em Maceió (AL). Começou a jogar futebol na rua aos 6 anos, com meninos. Aos 12, passou a defender o Parma Brejal, time masculino da capital alagoana — jogava como meia. E foi o futebol que a ajudou a seguir em frente depois de perder a mãe.

 

Não me deixei abalar, sempre segui meu sonho de ser jogadora de futebol. Minha fé em Jesus e a vontade de orgulhar minha mãe me deram forças. Ao 12 anos, eu estava entrando na adolescência e sabia mais o que era bom e o que era ruim. Passei muitos anos sem conseguir falar sobre o assassinato da minha mãe, que vi com meus próprios olhos, porque doía muito. Mas hoje quero contar, por saber que posso ajudar muitas meninas que necessitam e que me têm como espelho.

 

Depois que a família morreu, Brenda pulou de casa em casa. Viveu com uma irmã, depois com outro irmão; em seguida, com um tio; até se mudar para a casa de uma tia, que se tornou seu lar definitivo. Aos 15 anos, o Craques do Futuro, outro time masculino de Maceió, a convidou para atuar como meia-atacante. Na maioria das vezes, jogava no barro e na lama.

 

Algumas semanas depois, para dar uma variada no cardápio, entrou como zagueira em uma equipe de futebol de areia, também masculina, chamada Falcão. Até que, quando Brenda tinha 16 anos, um time feminino de futsal a descobriu e a convidou: o Arepa Futsal. Lá, começou a ser vista por outros clubes, principalmente quando o time reuniu um grupo para disputar um torneio de futebol de campo organizado pelo Sesi.

 

Em 2016, Brenda fechou com o São Francisco do Conde (BA), que disputava a primeira divisão do Campeonato Brasileiro, mas não conseguiu se adaptar à equipe baiana. Voltou para Maceió e acertou com o União Desportiva, onde jogava campo e futsal e disputou a série A2 do Brasileirão e o Campeonato Alagoano.


Ela estava em casa e os ares alagoanos a fizeram bem. Com pouco tempo de União Desportiva, foi convocada para a seleção brasileira sub-20. Mas, na primeira experiência com a camisa amarela, não teve um bom desempenho e ficou bastante abalada.

 

Achava que essa seria a única oportunidade que Deus me daria de jogar na Seleção e que eu havia perdido minha chance. Mas continuei me dedicando e me esforçando, fui contratada pelo 3B, do Amazonas, me chamaram para outra seletiva da Seleção e depois nunca mais parei de ser convocada — relembra.

 

Não parou mesmo. Mais convocações vieram em 2017 e, em 2018, disputou campeonatos importantes fora do país. Venceu o Sul-Americano Sub-20, no Equador, e disputou o Mundial sub-20 em França.

 

Ganhar um Sul-Americano pode ser algo muito simples, mas é na simplicidade que a gente vê as obras de Deus. Para uma menina que perdeu tudo, totalmente desacreditada, foi muito importante ser campeã. Também fico arrepiada quando me lembro da partida contra a Inglaterra no Mundial — pontua a atacante.


Naquele ano, ela também foi premiada com um convite do Iranduba (AM), time da elite do futebol nacional. Brenda voltou a disputar a primeira divisão, onde a vitrine é maior. Em 2019, mais uma convocação e mais um país para a conta. A atacante disputou o torneio Nike Friends com a Seleção sub-20 nos Estados Unidos.

 

De todos os lugares que conheci graças ao futebol, o que mais me marcou foi o Equador, porque visitei um orfanato lá e me apaixonei pelas crianças. Nenhum lugar me marcou tanto quanto o orfanato. Foi aí que nasceu meu sonho de criar uma instituição para ajudar as pessoas. Hoje, meu maior sonho é ser uma jogadora reconhecida, ter uma casa em que caiba toda a minha família e abrir uma instituição que ajude pessoas — ressalta.

 

No início do ano passado, Brenda sofreu um baque: rompeu o ligamento do joelho direito jogando futsal com amigas. Precisou passar por cirurgia e foram meses de recuperação. No segundo semestre, ela se recuperou e fechou com o São Paulo para a disputa do Campeonato Paulista, onde foi vice-campeã.


Minha memória em campo mais marcante foi a final do Paulistão contra o Corinthians, com a Arena lotada. Mesmo com a maior parte da torcida sendo corintiana, a atmosfera estava incrível.

 

Para a próxima temporada, Brenda fechou novamente com o 3B da Amazônia, em Manaus. Ela está de férias em Maceió, na casa da tia, e se apresenta ao clube em 3 de fevereiro.

 

Recebi uma proposta do 3B de um projeto muito bom para conseguir subir para a série A1. É um time que já conheço bem e onde fui muito feliz. Tenho muitas amigas na equipe e um ótimo entrosamento. Vou para a minha terceira temporada lá. Meu objetivo é ser campeã da série A2 — diz a jogadora de 21 anos.


Eu me entrego muito. Desde os 6 anos eu jogava com os moleques e desde pequenininha eu tenho esse sonho de ser jogadora. Mesmo depois que minha família foi assassinada, não desisti. Espero que minha história possa dar forças a outras meninas — completa.

 

[Nota do Mundo Botafogo: Posteriormente à entrevista Brenda sagrou-se, pelo Botafogo, Vice-campeã Brasileira A2 (2020) e Campeã Carioca e artilheira do Glorioso (2021).]

 

Fonte: https://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-feminino/noticia/salvacao-brenda-woch-teve-familia-assassinada-e-saiu-das-ruas-gracas-ao-futebol.ghtml

Botafogo campeão estadual de futebol sub-17 (com fichas técnicas)

Fonte: X – Botafogo F. R. por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo O Botafogo conquistou brilhantemente o Campeonato Estadual de Futebol...