Crédito: Twitter Botafogo F.R.
por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
Em primeiro lugar, um bom jogo de futebol entre uma equipe consolidada e uma em consolidação. O melhor visitante (novo recorde invicto de 17 jogos fora de casa) contra um dos piores mandantes, mas ainda assim um jogo intenso de parte a parte, sobretudo no primeiro tempo, apesar da diferença entre a equipe botafoguense e os processos muito automatizados dos palmeirenses.
Porém, como se esperava, o Palmeiras entrou a dominar o jogo com uma intensidade que não nos permitia boa saída de bola. Os paulistas faziam a bola circular com rapidez e acerto de passes e conseguiam alcançar profundidade pelas pontas, acabando por levar uma bola à trave. Todavia, o Botafogo conseguia pouco a pouco chegar à área adversária com algum perigo e aos 19’ tivemos uma verdadeira surpresa: o péssimo Saravia passa por três adversários pela ala direita, endossa um passe perfeito para Tiquinho que, sem preparação, concluiu de primeira comum remate espetacular no ângulo superior esquerdo do goleiro: Botafogo 1x0.
Porém, o tradicional Botafogo que tem “a vocação do erro” (citação de Augusto Frederico Schmidt) entrou em ação dois minutos depois quando Gabriel Pires tomou a liberdade de meter a mão à bola dentro da área provocando um pênalti infantil e estúpido num momento em que o Botafogo encaixara o jogo palmeirense. Parece que nunca mais nos livramos destes disparates individuais.
Minutos depois, aos 29’, Júnior Santos driblou o adversário e chutou com perigo. O jogo manteve-se bom, emocionante, mas o Palmeiras mantinha-se mais dominador e perigoso, muito confiante na virada. Aos 33’ Gatito defende um remate de Marcos Rocha que a defesa do Botafogo se esqueceu de marcar. E logo aos 35’ Saravia voltou à normalidade quando Piquerez o desafiou ao estilo ‘baila comigo’, e Saravia não se fez de rogado, aceitou e bailou meio atarantado como é seu costume. Então, o lateral palmeirense deixou Saravia ainda zonzo do baile que levou e endossou passe rasteiro para Mayke virar o placar a favor dos paulistas.
Já nos acréscimos o Botafogo poderia ter empatado: Júnior Santos envia um passe magnífico para o miolo da área e Carlos Eduardo, de frente para o gol, em vez de rematar de primeira como fez Tiquinho, ajeitou a bola para o remate e acabou desarmado.
Jeffinho levou sumiço durante 45 minutos, confirmando a minha opinião em análise anterior que Jeffinho deveria entrar somente após o intervalo como arma desestruturante do jogo montado pelo adversário. Por seu lado, Kanu perdia constantemente bolas aéreas para um baixinho de 1,70m.
No segundo tempo o panorama manteve-se, mas o Botafogo abriu mais o jogo em busca do empate e também mais espaços, errando mais passes do que na primeira parte, o que contra um Palmeiras que sabe muito bem circular a bola com precisão e rapidez, esperando o erro adversário, pode ser fatal.
E foi: novamente uma perda de bola do inefável Gabriel Pires no nosso meio campo e o Palmeiras engendra um ataque que termina em gol aos 60’, selando a sorte da partida. Foi então que Luís Castro decidiu finalmente substituir Gabriel Pires no minuto seguinte por Victor Sá. E tem que perceber que embora seja fundamental manter a identidade da equipe conforme pretende, e bem, os esquemas de jogo têm que funcionar também segundo o próprio esquema de adversário, o que exige, eventualmente, mudar o esquema de jogo durante as partidas, por exemplo, para evitar a anulação de um criativo como Carlos Eduardo – objetivo claro de Abel Ferreira. O Mundo Botafogo já mencionou esse aspecto algumas vezes e mantém-se pertinente a reflexão sobre o assunto.
O Palmeiras continuou em busca da profundidade aproveitando erros elementares da nossa defesa e aparecendo sempre mais rápido sobre a bola, mas o ritmo esmoreceu aos 68’ quando Zé Rafael foi expulso por duplo cartão amarelo. Ainda assim, a máquina palmeirense fechou bem a defesa e o Botafogo só conseguiu rematar à baliza aos 82’, isto é, 14 minutos após a expulsão. Teve entretanto duas faltas a seu favor que Sauer centrou com intensidade mas… nenhuma cabeça alvinegra chegou à bola…
Talvez o Palmeiras ganhasse em qualquer caso face à estupenda equipe que montou, mas fez três gols através de um pênalti estúpido, um ‘bailo comigo’ esculhambador e uma perda de bola infantil no nosso meio campo. O que exige muita reflexão sobre o assunto nos próximos dois dias.
Ainda falta capacidade de concentração total durante o jogo, velocidade sobre a bola e discernimento nas decisões. Jogo que segue, na esperança de mais três pontos. Com o apoio da torcida, que se manteve muito ativa praticamente durante todo o jogo e até mesmo após o término da partida: um excelente sinal de união!
FICHA TÉCNICA
Botafogo
1x3 Palmeiras
» Gols: Tiquinho Soares, aos 19' (Botafogo); Gustavo Scarpa,
aos 24’, Mayke, aos 36’, e Dudu, aos 60’ (Palmeiras)
»
Competição: Campeonato Brasileiro
» Data: 03.10.2022
» Local: Estádio Olímpico Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)
» Assistentes: Bruno Raphael Pires (GO) e Bruno Boschilia (PR); VAR: Wagner
Reway (PB)
»
Público: 16.545 espectadores
»
Renda: R$ 496.271,00
» Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (GO)
»
Disciplina: cartão amarelo – Kanu, Tchê Tchê,
Hugo e Del Piage (Botafogo) e Gustavo Gómez, Zé Rafael e Abel Ferreira, técnico
(Palmeiras); cartão vermelho: Zé Rafael (Palmeiras)
»
Botafogo: Gatito Fernández; Saravia (Rafael), Adryelson, Kanu (Matheus
Nascimento), Hugo; Tchê Tchê (Del Piage), Gabriel Pires (Victor Sá), Eduardo;
Júnior Santos (Gustavo Sauer), Tiquinho Soares, Jeffinho. Técnico: Luís Castro.
»
Palmeiras: Weverton; Marcos Rocha, Gustavo Gómez, Luan, Piquerez (Vanderlan);
Danilo, Zé Rafael; Mayke (Kuscevic), Gustavo Scarpa (Gabriel Menino), Dudu
(Atuesta); Rony (Rafael Navarro). Técnico: Abel Ferreira.
2 comentários:
Que comentário brilhante, esse foi o jogo que vi.
Não obstante aos 3 desfalques botafoguenses que enfraqueceram sobremaneira o time do Botafogo, nenhuma pessoa minimamente lúcida não poderia deixar de reconhecer que o Palmeiras é um time pronto, entrosado, joga junto há mais de 2 anos com jogadores muito bons e um elenco equilibrado, com 10 pontos a frente do segundo colocado, não perdeu nenhum jogo fora dos seus domínios e apenas duas derrotas no campeonato e 6 no ano com mais de 60 jogos. Some-se a isso os erros individuais absurdos do time do Botafogo, que é um time construção, ainda desentrosado cuja equipe não consegue manter a mesma escalação por 3 jogos, e com um elenco cheio de carências, resultado normal, mas há de se destacar o desempenho do Botafogo que foi reconhecido por sua torcida.
Infelizmente o Gabriel Pires estava numa noite infeliz, o Saravia depois de uma jogada brilhante faz uma verdadeira paçocada, o que não é novidade, pois ele não consegue vencer nenhum confronto no mano a mano.
E o Jefinho, que para muitos não pode ser reserva não jogou nada. Calma com o garoto, desse jeito acabarão queimando o garoto.
O pior é ter que ler as sandices de sempre atribuindo a derrota ao treinador, isso é perseguição barata que cheira a xenofobia. De fato o Castro botou a mão bola fazendo pênalti infantil, tomou um drible humilhante e entregou uma bola de bandeja para o adversário, e parece que o time do Botafogo perdeu para um adversário comum e que o Botafogo com outra escalação venceria o melhor time do campeonato.
Como disse um amigo meu: parece que certos torcedores pensam com o pescoço e são completamente míopes. Eu gostaria que alguém vem apontasse um grande time formado com apenas poucos jogos no segundo turno, sim, porque esse time do Botafogo que jogou ontem tem pouco tempo jogando junto e, para agravar perde 3 jogadores de muita qualidade. Às vezes eu tenho a impressão que essas críticas vem de quem começou a ver futebol esse ano. Cansei desse tipo de crítica infundada. Críticas são, mas a maioria dessas críticas desabonadores baseia-se em pura especulação teórica, ou seja, o sujeito acha que o modo como ele escalaria o time com certeza seria melhor. Inacreditável! ABS e SB!
Irrepreensíveis os seus comentários, Sergio. Revejo-me totalmente neles. Mas acrecito que o Castro não tornará a botar "a mão na bola fazendo pênalti infantil", não tome "um drible humilhante" e não entregue "uma bola de bandeja para o adversário" (rsrsrs).
As sandices são muitas e ajo como diz o provérbio: "os cães ladram e a caravana passa". Dito de outro modo: eu vou na caravana e os latidos ficam cada vez mais distantes de mim...
Porém, verdade seja dita, uma enorme parte da torcida está ao lado do processo de reconstrução do Clube e começa a perceber que estes jogadores, embora com muitas lacunar ainda por limar, são empenhados e vão crescer. A torcida ontem mostrou isso.
Abraços Gloriosos.
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