sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Botafogo 2x1 Avaí – análise e outras notas

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

Nem sei por onde começar… Talvez registrar, desde já, os vaticínios dos ‘cavaleiros do apocalipse’, que nas redes sociais, e mesmo aqui no Mundo Botafogo, expressaram ideias absolutamente impensáveis em qualquer momento da nossa trajetória 2022 – seja no pior seja no melhor momento.

Cito apenas um exemplo de comentários no Mundo Botafogo:

Ruy, pra mim a queda pra série B em 2023 é inevitável, pois Luís Castro não irá sair do comando. Só um milagre pra mudar tal destino! Seu trabalho é deplorável, patético, um terror. Vi mais lógica no trabalho do Barroca que no de Castro. Luís Castro para mim faz o pior trabalho de um treinador em nossa história.”

Talvez valha a pena relembrar que Barroca nos deixou virtualmente rebaixados à Série B em 2020 quando foi demitido após uma campanha pontuada por 1 vitória, 1 empate e 8 derrotas – algo bastante pior do que a pior fase de Castro quando teve que montar a 2ª equipe do ano por entre o maior número de lesões e suspensões que um clube brasileiro teve neste ano.

E não sabia por onde começar porque se olharmos para a tabela a situação é muito boa face às expectativas herdadas em dezembro de 2021, isto é, com a vitória de ontem estamos em 9º lugar a dois pontos do G8 e distanciados do Z4 em 10 pontos. Porém, foi um jogo que se pode designar globalmente – segundo um amigo meu – por ‘marromênu’, porque se tivemos boas chances para marcar vários gols, desperdiçamos a maioria e fomos muito incertos no desempenho – ora ‘bom’, ora ‘marromênu’, ora ‘mau’.

Durante todo o jogo errámos muitos passes – mesmo os de dois metros –, corremos estabanadamente em vez de assentarmos jogo e fazer o Avaí correr atrás da bola, criámos pouco, fomos perdulários nas concretizações, chegamos a dar grandes esperanças de um bom resultado ao adversário devido a um desempenho pífio após o gol do Avaí.

Sem bom domínio da bola, sem boa qualidade de passe e sem velocidade, o Botafogo caiu claramente após o pênalti inventado pelo VAR e confirmado pelo árbitro a favor do Avaí, sobretudo porque o nosso adversário – sem grandes argumentos técnicos – decidiu proteger a vantagem aproximando as linhas defensivas, jogando na reação e criando mais dificuldades para a criação do Botafogo, que até entrou bem na partida e poderia ter marcado pelo menos em duas oportunidades, falhando devido a erros no último passe ou a pontaria desafinada.

Apesar disso, o Botafogo ainda conseguia ameaçar a baliza contrária, mas uma insistência maior pelo miolo da área acabava inevitavelmente em desarmes dos nossos atacantes. A penetração pela esquerda surtia mais efeito, mas o Botafogo tem sido consideravelmente fraco nas variações de flancos e penetração pelas laterais. E assim saímos derrotados ao intervalo.

O nosso melhor desempenho foi, sem dúvida, a defesa, porque o Avaí não conseguia ameaçar e quando as bolas chegavam a Gatito estavam ‘mortas’.

Porém, seguramente Luís Castro deu uma ‘bronca das antigas’ aos jogadores no vestiário e também fez boas substituições que libertaram mais Eduardo, o único com boa capacidade de criação, porque Jeffinho – como tenho mencionado – ainda não está suficientemente amadurecido, toma algumas más decisões e ontem perdeu quatro oportunidades claras de gol – duas das quais ‘impossíveis’ de desperdiçar.

Então, jogando com mais velocidade e mais assertividade à entrada do segundo tempo, combinando jogo aéreo e benefício de faltas próximas da área, o Botafogo resolveu o seu quiproquó em 10 minutos: aos 48’ Marçal cobra uma falta milimetricamente para a cabeça de Victor Cuesta, que praticamente nem precisou de saltar para cabecear e empatar a partida; e logo aos 55’ Marçal cobra escanteio, Cuesta cabeceia, o zagueiro afasta mal de cabeça e Tiquinho Soares, descaído pelo lado direito, faz um espetacular gol para a virada.

Tiquinho merece um comentário especial neste parágrafo à parte, porque na posição e ângulo difícil em que estava, nenhum outro jogador do Botafogo conseguiria ter feito a virada. Tiquinho não encheu o pé, porque se o fizesse a bola iria para a arquibancada, ao contrário, ele tocou quanto baste na bola vinda pelo ar, com suavidade e simultaneamente com força suficiente, fazendo uma virada com um gol muito elegante e que confirma o que o Mundo Botafogo escreveu sobre Tiquinho Soares quando publicou o seu perfil, antes mesmo de ser contratado.

Depois disso, Jeffinho perdeu estrondosamente dois gols a passes açucarados e o Botafogo, não tendo feito o seu obrigatório terceiro gol que mataria o jogo, optou por baixar de produção e tornar o jogo enrolado, tão enrolado que não se verificou nenhuma oportunidade de gol para o adversário – nem para um lado nem para outro. Nem o Botafogo saía para o ataque com a bola dominada nem o Avaí entrava com ela na defesa alvinegra – limitando-se a um ‘chuveirinho’ fácil de resolver.

Finalmente, sobre o pênalti. Tudo o que for duvidoso é marcado contra o Botafogo. E se não for sequer duvidoso, inventa-se. A bola do pênalti, após um carrinho correto, vai na direção de Júnior Santos e roça a sua mão estendida no relvado, ou melhor, roça num dedo do atleta... Foi uma absoluta invenção – mais uma! – que condicionou o andamento da primeira parte e poderia refletir-se negativamente no resultado final. Até quando dura a impunidade?!...

Loffredo, no SporTV News: “Sabe o que me surpreende? Quem faz a jogada nem reclama. Levanta a cabeça e dá continuidade. Toca no dedinho, com o jogador com o braço no chão. Sempre tem um elemento para a arbitragem se basear. Alguém reclamou? Alguém percebeu? Então não foi nada.” Luiz Teixeira: “Não desviou nem teve interferência, não mudou trajetória.”

Conclui-se que os jogadores do Botafogo terem dedos é uma grave deficiência futebolística…

Certo mesmo é que estamos em 9º lugar e a 10 pontos do Z4, exatamente no lugar mais elevado preconizado por John Textor: entre 9º e 12º lugar. O que significa que Textor e eu estamos em absoluto acordo sobre metas para 2022. A minha meta do ano foi sempre o 10º lugar e a respectiva classificação para a Copa Sul-americana. Compreendo que os torcedores aspirem à Libertadores, mas… vamos com calma. Temos a oportunidade única de construir um novo grande Clube em todas as dimensões exigidas pelo competitivo futebol moderno mundial, devidamente consistente, sem pular etapas e concluir cada uma delas com sustentabilidade futura. Isso exige tempo e discernimento. Não estamos em condições para ir correndo à Libertadores e fazermos má figura devido a pressas desnecessárias.

Esperamos há 27 anos por um título expressivo, nacional ou internacional. Em 2023 teremos essa oportunidade com a Copa do Brasil e/ou a Copa Sul-americana. Uma boa campanha para disputar palmo a palmo a Copa Libertadores é de bom senso que seja meta para 2024.

Não nos apressemos, amigos, porque “a pressa é inimiga da perfeição”. Face às nossas aspirações de grandes títulos no futebol, o nosso Clube tem que ser rápido, mas jamais deve ser apressado.

Vamos FUTURAR o nosso Clube unidos, focados e convictos de que a Glória não demorará!

FICHA TÉCNICA

Botafogo 2x1 Avaí

» Gols:  Víctor Cuesta, aos 48’, e Tiquinho Soares, aos 55’ (Botafogo); Bissoli, aos 14’ (pen) (Avaí)

» Competição: Campeonato Brasileiro

» Data: 06.10.2022

» Local: Estádio da Ressacada, em Florianópolis (SC)

» Árbitro: Paulo Cezar Zanovelli da Silva; Assistentes: Guilherme Dias Camilo e Leonardo Henrique Pereira; VAR: Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral

» Disciplina: cartão amarelo – Víctor Cuesta, Rafael, Jeffinho e Marçal (Botafogo) e Bruno Silva e William Pottker (Avaí)

» Botafogo: Gatito Fernández, Rafael, Adryelson, Víctor Cuesta e Marçal; Tchê Tchê (Danilo Barbosa), Gabriel Pires (Jacob Montes) e Eduardo; Júnior Santos (Victor Sá), Jeffinho (Philipe Sampaio) e Tiquinho Soares (Matheus Nascimento. Técnico: Luís Castro.

» Avaí: Vladimir, Kevin, Bressan (Rodrigo Freitas), Rafael Vaz (Jean Cléber) e Cortez; Raniele, Bruno Silva (Lucas Ventura)  e Mateus Sarará (Jean Pyerre); Muriqui (Rômulo), Guilherme Bissoli e Willian Pottker. Técnico: Lisca.

8 comentários:

jornal da grande natal disse...

O "achismo" é uma doença nacional

Ruy Moura disse...

É verdade, Vanilson. Porém, essa 'doença' é cada vez mais internacional. Infelizmente, alastra pelo mundo fora... e como as redes sociais sem controlo nem filtros adequados ajudam a isso!...

Abraços Gloriosos.

Sergio disse...

"O achismo é uma doença nacional', perfeito, mas a má vontade com o Luís Castro desde o começo do seu comando é irritante, mesmo com todas as dificuldades encontradas pelo treinador, nunca houve tolerância com ele.
Ontem em minha modesta opinião foi o treinador que mudou o jogo, e o Tiquinho falou da "bronca' que tomaram no vestiário.
Depois de um primeiro tempo bem abaixo do que o time do Botafogo pode produzir, no segundo o Castro fez duas substituições importantes e corrigiu a marcação pressionando a saída de bola do adversário, com isso o time dominou o jogo até aproximadamente os 20 minutos,, fez dois gols e estranhamente começou a recuar. Apesar disso o Botafogo perdeu 2 gols daqueles que "feitos", o primeiro com o Jefinho foi de uma displicência incrível, o que demonstra que ele tem um caminho de muito trabalho a percorrer.
Se fosse outro jogador e não o "queridinho" de muitos, estaríamos ouvindo críticas até agora.
Tenho a impressão que se a SAF tivesse começado ano passado e o Luís Castro tivesse esse time da segunda janela o Botafogo talvez alcançasse vôos mais altos. ABS e SB!

Sergio disse...

Faltou o seguinte: o prazer de ler a análise tão clara e precisa sobre o jogo e sobre os destinos do Botafogo
ABS e SB!

Biriba disse...

"Face às nossas aspirações de grandes títulos no futebol, o nosso Clube tem que ser rápido, mas jamais deve ser apressado." Perfeito, Rui!

Sobre o "pênalti", o Sandro Meira Ricci comentou que "...onde a bola 'pega' nele, a mão dele está 'completamente aberta'" - a mão de um atleta buscando apoio no solo. A imprensa esportiva revela esse aspecto de linha de produção de idiotas, sempre que divulga esses raciocínios completamente tolos.

Saudações botafoguenses!

Ruy Moura disse...

Estamos de acordo sobre o 'achismo', o Luís Castro e o Jeffinho. Sobre a sua última frase confesso que nem penso nisso. Agora só estou mirando o futuro, o futuro e o futuro! (rsrs)

Ruy Moura disse...

Que bom ter tido esse prazer, Sergio! É o que mais desejo a todos os leitores no âmbito do Mundo Botafogo: que as leituras lhes dêem prazer e também possam servir para a nossa reflexão acerca desta nossa grande paixão.

Abraços Gloriosos.

Ruy Moura disse...

É assim, Luiz... Pior do que os árbitros do Brasileirão só mesmo os pseudo jornalistas tolos e sem noção da sua pequenez intelectual. Mas o 'ridicularismo' é uma doença mental que as próprias vítimas dela não auto identificam...

Abraços Gloriosos.

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