quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Botafogo 0x0 Guaraní: gerir com o regulamento

Crédito: Vitor Silva / Botafogo FR.

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

Missão cumprida!

Classificação ao próximo duelo pela Sul-Americana e manutenção da invencibilidade na competição, comprovando que não é fácil bater o Botafogo, mesmo jogando mal e com uma equipe reserva integrando apenas 4 titulares habituais.

A aposta de Lage parece ter sido a titularidade dada a Matías Segovia, de modo a desarticular a defensiva adversária e beneficiar da força de Júnior Santos na frente de ataque para completar a gol. Parecia dar certo nos primeiros minutos, mas a equipe não conseguiu aguentar o ritmo porque Júnior Santos, como lhe é peculiar, erra tudo ou quase tudo que faz, Segovia não foi apoiado e o meio campo do Botafogo, embora tendo jogadores que habitualmente são titulares ou atuam muitas vezes na falta dos titulares, criou algo muito próximo de zero.

Efetivamente, diversos passes tentados pelo meio campo foram permanentemente travados e a última bola também nunca teve bom tratamento. Só para o fim da primeira parte é que o Botafogo rematou mais, mas sem nenhum resultado positivo, nem sequer verdadeiramente perigoso. A única jogada mais evidente de gol pertenceu ao Guaraní que, após uma falha clamorosa de Philipe Sampaio, atingiu a trave de Gatito Fernández.

Para a segunda parte, com a equipe sem se harmonizar, a opção parece ter sido jogar com o regulamento debaixo do braço. Matías Segovia perdera fôlego, Diego Hernández não disse ao que veio e foram substituídos pelo habitual reserva utilizado pelo ex-treinador, Luís Henrique, e pelo habitual reserva utilizado por Caçapa, Carlos Alberto. O meio campo foi substituído para segurar mais o jogo.

Porém, nada mudou. O Guaraní foi para o ataque tentando igualar a eliminatória, mas a equipe foi suficientemente ruim para também produzir pouco durante a partida. Com o adversário lançado para o ataque, o Botafogo teve imensas chances de contra atacar e resolver a eliminatória, mas errou permanentemente o último passe e Júnior Santos era um a menos em campo. Terá sido o anti craque da partida.

Lá pelos 85’ Carlos Alberto poderia ter resolvido a eliminatória, mas o goleiro adversário estava lá. E o ‘herói’ da partida acabou por ser o ‘velho’ Gatito Fernández quando, creio que já em tempo de acréscimos, defendeu cara a cara um remate fulminante do Guaraní, que levaria a partida para os pênaltis.

E assim se escoou um jogo de natureza internacional, nada bem jogado de parte a parte e despido de provocar emoções de real qualidade.

A escalação de Bruno Lage pareceu-me muito arriscada, mas ele assume que estuda bem os adversários e já afirmou que veio para tomar decisões e assumir riscos. Esperemos que os riscos não nos sejam ariscos…

Em todo o caso a gestão do plantel foi feita, salvaguardando os titulares mais cansados, de modo a estarem melhor preparados para o embate contra o Internacional e mantermos a diferença na tabela classificativa do Campeonato Brasileiro.

Todavia, ainda quero referir que dois jogos seguidos sem Tiquinho Soares resultaram em 0x0 contra equipes mediana e fraca. Em minha opinião não há ninguém no plantel que possa substituir o nosso artilheiro de modo pelo menos satisfatório, e espero que esse erro ‘financeiro’ de Textor não se venha a revelar catastrófico. Quem tem ambições a conquistar dois títulos de topo não pode estar dependente de um único atacante. À exceção dos goleiros, que se equivalem, nenhum titular tem um substituto à altura, mas no caso de Tiquinho isso é flagrantíssimo.

Sonhar faz bem; ganhar ao Internacional ainda é melhor!

GAÚCHOS AO TAPETIM!

FICHA TÉCNICA

Botafogo 0x0 Guaraní

» Gols: –

» Competição: Copa Sul-Americana

» Data: 09.08.2023

» Local: Estádio Defensores del Chaco, em Assunção, no Paraguai

» Árbitro: Felipe González (Chile); Assistentes: Juan Serrano (Chile) e Miguel Rocha (Chile); VAR: Rodrigo Carvajal (Chile)

» Disciplina: cartão amarelo – Júnior Santos, Marçal, Victor Cuesta e Marlon Freitas (Botafogo) e Néstor Camacho e Gil Romero (Guaraní)

» Botafogo: Gatito Fernández; JP Galvão (Di Placido), Adryelson, Philipe Sampaio e Marçal; Danilo Barbosa, Tchê Tchê (Marlon Freitas) e Lucas Fernandes (Gustavo Sauer); Matías Segovia (Luís Henrique), Júnior Santos e Diego Hernández (Carlos Alberto). Técnico: Bruno Lage.

» Guaraní: Rodrigo Muñoz; Raúl Cáceres (Amarilla), Riveros, José Moya e Salomoni; Moreira (Brahian Fernández), Gil Romero (Sarquis) e Darío Ríos (Barceló); Néstor Camacho, Santander e Romeo Benítez (Gallardo). Técnico: Juan Pablo Pumpido.

6 comentários:

Sergio disse...

Tenho a ligeira impressão que a Sul Americana não tem para o Botafogo a importância do campeonato brasileiro, por isso o risco de se colocar um time que parece que nunca jogou junto, e para agravar com 4 jogadores a menos: Felipe Sampaio, Danilo Barbosa, bem defensivamente, mas uma tragédia nos passes, Júnior Santos triste e Lucas Fernandes, uma preguiça irritante.
Claro que o Tiquinho Soares faz falta, mas o Botafogo já venceu partidas sem ele, e mesmo sem ter um reserva a altura, (aliás no futebol brasileiro atual tem alguém no nível dele?) O Bruno Lage terá que ter muita criatividade, mas acredito que o Botafogo possa ser bem sucedido mesmo sem o Tiquinho, ou pelo menos assim espero.
Concordo que foi uma temeridade não ter contratado um centro avante para a reserva do Tiquinho, mas existem muitas razões que desconhecemos, e acho que os valores estão limitando muitas contratações, afinal o clube ainda precisa equacionar a dívida herdada pelos amadores.
Uma coisa não nse pode negar, o jogo de ontem foi uma tremenda pelada, e de má qualidade, pois já vi algumas peladas melhores que a de ontem. ABS e SB!

Eduardo Samico disse...

Meu caro Ruy, dada a excelência de nosso craque-artilheiro é muito difícil, senão impossível, termos um reserva à altura. Resta-nos contar com a criatividade do treinador para tentarmos uma solução diferente, como foi quando o Eduardo substituiu o Tiquinho. O problema é estarmos sem o Gabriel Pires, que vinha bem, e o fato de não podermos contar com o Lucas Fernandes, que ontem, mais outra vez, saiu-se mal. E o Tchê² não funciona bem jogando mais à frente.

Aliás, ontem também o Danilo Barbosa fartou-se de errar passes e o Philipe Sampaio a tentar colocar os cardíacos em alerta.

Infelizmente Janderson e a eterna jóia M. Nascimento não se mostram minimamente capazes de preocuparem as defesas adversárias. Do Júnior Santos nem falo mais. Além de matar sucessivas tentativas de ataque ainda expõe o time a situações de risco ao perder a bola na saída da defesa para o ataque. Confesso não mais entender a insistência com ele.

Dia desses comentei com minha filha que se tivéssemos na reserva um Pedro Raul ou um Mateus Babi eu já estaria satisfeito. Claro que não chegam aos pés do atual artilheiro e craque do Brasileiro 23, são jogadores limitados, de pouca habilidade e técnica, mas muito mais capazes que Janderson e MN.

Que possamos prosseguir assim, na conta do chá da Sul Americana, lembrando que contra o time argentino, nosso próximo adversário, temos que aumentar um pouco a rotação, não dá para entrarmos como contra o Patronato e o Guarani. Que o Botafogo continue resiliente, inteligente e contando com uma ajudinha da sorte. E no Brasileiro, já agora no próximo sábado, não podemos jogar como se fosse uma partida da Sula, como me pareceu o caso do jogo contra o fraco Cruzeiro, em que não criamos, mal marcamos, nada jogamos.

Sigamos na liderança e aumentando a vantagem!

Abraços.

Ruy Moura disse...

Sergio, tenho a certeza que a Sul-Americana é secundária para o Botafog e os atletas.Quando se quer arriscar para testar peças, arrisca-se num cameonato de pontos corridos, em que uma derrota pode ser recuperável na rodada seguinte, mas não em mata-matao onde erros ou uma má invenção pode representar a eliminação.

Não peço nem um craque nem um atacante caro para substitutir o Tiquinho, mas apenas um jogador que o faça 'satisfatoriamente', porque não temos nenhum ainda. Já ganhamos sem Tiquinho, mas foi com outro treinador. Este ainda não sei, porque tornou-se rei de empates (rsrsrs). E está há muito pouco tempo no futebol brasileiro, enquanto o outro esteve um ano até acertar em cheio onde, como e quando queria, e já sabia como colmatar bem a falta do TS porque testou todo o mundo de todos os modos (coisa que muitos torcedores não perceberam que era o prelúdio de uma arrancada espetacular).

Esperemos que o Tapetim funcione no fim de semana (rsrsrs).

Abraços Gloriosos.

Ruy Moura disse...

Meu querid Eduardo, não pretendo ninguém à altura do TS, nem pensar. Não há hipótese. Mas alguém um pouco melhor que o... Pedro Raul (rsrsrs). A única boa solução que vi para substituir o TS foi o Eduardo, num jog cntra o AMérica-MG e crei que noutro jogo também. Mas o BL quis poupar o Eduardo. E não tem soluções. MN e Janderson podem vir a ser bons jogadores - não contesto o que alguns pensam deles -, mas não nesta fase de pouco amadurecimento deles numa equipe com tanta responsabilidade em cima.

O Danilo Barbosa foi uma desilusão ontem, e sobre o JS, olhe, "nem falo mais". E o Sampaio,que alguns gostam, não me parece adequado para a equipe. Não evolui nada no mod de defender, coisa que, por exemplo, esforçado Di Placido conseguiu bastante bem. LH também não me cnvence, acredito mais em evolução do Carlos Alberto.

Mas, vamos que vamos... Temos as coisas a nosso favor e uma vitória contra o Internacional seria bom para calar as bocas adversárias que plantaram a notícia sobre Adryelson e Perri para desestabilizarem a torcida, o Adryelson e o Perri.

Abraços Gloriosos.

jornal da grande natal disse...

O Tiquinho se trata de una joia que deixaram escapar e o Botafogo arrecadou. Nos tempos de hoje muito difícil se encontrar um craque desta envergadura, por isso o editor-chrfe do MB tem modéstia ao desejar a contratação de um jogador pelo menos talentoso para o substituir na necessidade, como agora. Foi -se o tempo que se encontrava no juvenil um amuleto como Ferretti.

Ruy Moura disse...

É isso mesmo, Vanilson. Não posso pedir um substituto que substitua ao mais alto nível o vencedor das 4 edições de Craque do Mês do Brasileirão Assaí em abril, maio, junho e julho. Só alguém que saiba posicionar-se e chutar a gol, coisa que nos nossos atacantes rareia muito. Na base não há ninguém. Os resultados alcançados nas competições pelas bases mostra bem que não ninguém despontando verdadeiramente. Até agora são só uns 'ameaços' de promessas e nada mais do que isso.

E até como pessoa o Soares é impecável.

Abraços Gloriosos

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