por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo
A ‘tragédia’ da realidade continental
determinou que o Junior Barranquilla tenha resolvido a partida na 1ª etapa com
três gols num espaço de apenas 28 minutos.
Se eu tivesse que efetuar um
resumo curto, diria assim: “A comissão técnica do
Junior Barranquilla estudou profundamente os jogadores e modelo de jogo do Botafogo
e a nossa equipe não estudou nem jogadores nem modelo de jogo do Junior
Barranquilla.”
Muito eu gostaria de saber com que material o Botafogo
estudou o adversário, sabendo-se que há filmes de jogo e certamente alguém do
departamento de futebol ou da comissão técnica que colheu informações sobre o
adversário.
A escalação foi equivocada
(em minha opinião escalaria a titulares Tchê Tchê, Jeffinho e Luiz Henrique se houvesse necessidade seriam substituídos na 2ª parte);
as substituições foram tardias e até mesmo uma delas errada com a não entrada
de Danilo Barbosa ainda no 1º tempo face ao contexto do jogo) e um erro crasso colocar Júnior Santos no lado esquerdo, diminuindo as suas capacidades atacantes; inexperiência na
LA, que é uma competição bastante diferente do campeonato brasileiro e distantíssima do
campeonato carioca; certamente excesso de confiança perante a invencibilidade
dos últimos 9 jogos, com 8 vitórias e 1 empate, mas enfrentando apenas um
adversário tecnicamente médio (Bragantino) e os demais apenas tecnicamente
moderados; finalmente, o atraso na contratação de um novo treinador que deveria
ter entrado pelo menos na fase da Taça Rio (porém, como disse Augusto Frederico
Schmidt, “o Botafogo tem a vocação do erro” e não se corrige nem mesmo sendo parcialmente
comprado por um americano).
Destas observações resultou
que o Botafogo entrou com vontade e alguma dinâmica, apesar do antipático (para
mim) jogo de tiki-taka sem conseguir entrar na área – as poucas vezes que
conseguiu fazê-lo, antes e depois dos gols adversários, rematou à figura do
goleiro, mas essa ‘vontade’ quebrou-se a partir dos 12’ da partida aquando de
um pênalti inexistente assinalado pelo árbitro a favor do adversário, já que
Hugo fez um gesto natural e a bola simplesmente bateu-lhe na mão.
Daí em diante o Botafogo desorganizou-se completamente
na defesa, à moda de uma equipe tecnicamente moderada, os velocistas do Junior
Barranquilla passaram a realizar contra-ataques mortíferos e tomamos 3 gols quase de
rajada, enquanto o Botafogo continuava no tiki-taka inútil longe da grande área
e não conseguiu verdadeiramente criar uma única oportunidade de gol, a não ser quando Tiquinho escorou com o peito e Hugo oportunamente rematou para diminuir
o placar em 1x3.
Esperava-se uma forte reação na 2ª parte, mas o
adversário estava taticamente bem preparado na defesa e muito organizado, além
de o árbitro ter permitido que os jogadores do Junior Barranquilla fizessem
cera constantemente, algo inadmissível numa competição de tão elevada qualidade.
A toada começou forte na 2ª etapa, a equipe melhorou
alguma coisa, mas a desmoralização dos titulares, derrotados muito justamente
na 1ª parte pela estratégia de jogo do adversário, e dos que entraram já com o
placar definido, foram condição para, globalmente, a defesa ter sido totalmente
ineficiente e o ataque totalmente ineficaz (cujo único gol foi de um
lateral-esquerdo), além de um meio campo onde ninguém conseguiu descobrir Eduardo jogando.
Esperanças para a semana?... Só se Artur Jorge e os
seus assistentes trouxerem, através de uma poção mágica muito antiga, legada
pela ‘feitiçaria’ do norte de Portugal, que permita revelar rapidamente o adversário e
montar uma estratégia de jogo mais compatível com as características do nosso
plantel.
Desejo que a minha ‘profecia’ esteja totalmente errada
e consigamos vencera a LDU fora de casa.
FICHA TÉCNICA
Botafogo 1x3 Junior Barranquilla
» Gols: Hugo, as 42’ (Botafogo); Bacca, aos 12’ e 40’, e
Fuentes, aos 27’ (Junior Barranquilla)
» Competição: Copa Libertadores da América
» Data: 03.04.2024
» Local: Estádio Olímpico Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)
» Público: 35.513 pagantes; 39.039 espectadores
» Renda: R$ 1.542.427,50
» Árbitro: Cristián Garay (CHI); Assistentes: José Retamal (CHI) e Miguel Rocha (CHI); VAR: Juan Lara (CHI)
» Disciplina: Cartões
amarelos: Tiquinho Soares, Júnior
Santos e Tchê Tchê (Botafogo); Pacheco, Ceballos e Albornoz (Junior
Barranquilla)
» Botafogo: Gatito Fernández; Mateo Ponte (Rafael), Lucas
Halter, Alexander Barboza e Hugo; Gregore (Tchê Tchê), Marlon Freitas (Óscar
Romero) e Eduardo (Jeffinho); Júnior Santos, Tiquinho Soares e Savarino (Luiz
Henrique). Técnico: Fábio Matias.
» Junior Barranquilla: Mele; Fuentes, Peña, Ceballos e Pacheco; Didier
Moreno, Cantillo (Bocanegra) e Chará (Homer Martínez); Deibér Caicedo (Edwin
Herrera), Carlos Bacca (Marco Pérez) e Enamorado (Albornoz). Técnico: Arturo
Reyes.
1 comentário:
Partida péssima do Botafogo ontem, jogadores completamente fora de sintonia, mal escalado, e você tem toda a razão quando diz que ninguém do Botafogo teve o trabalho de saber como o adversário jogava.
A bem da verdade o time do Botafogo tem mostrado deficiências gravíssimas na parte defensiva e meio campo desde o início da temporada e, para piorar o planejamento amador do clube, e isso desde a demissão do Bruno Lage, a condução do Lúcio Flávio a frente da equipe, a contratação do Tiago Nunes sem aparente motivo, pois seus desempenhos à exceção da do Atlético Paranaense foram péssimos, e finalmente, a demora em contratar uma nova comissão técnica, que pelo andar da carruagem terá que fazer um trabalho de "feitiçaria", como você bem destacou.
Eu sinceramente não me lembro de ter visto um time do Botafogo tão mal postado em campo, uma defesa sem a menor noção de espaço, sem boa saída de bola e para piorar, sem velocidade. Fora isso, um meio campo que marca mal, não cria e com um jogador a menos, o Eduardo. Também achei o pênalti inexistente, mas as arbitragens sul americanas são medonhas, parciais e aceitam com tranquilidade o anti jogo, e para piorar, percebe- se que o Botafogo não está preparado para a LA.
Os dois gols que o Botafogo tomou depois do primeiro gol nem em pelada de casados X solteiros acontece, foram bizarros. Fora isso, erros de passes simples, jogadores muito mal tecnicamente. Finalmente como tinha escrito anteriormente, no Botafogo se pensa muito em volantes e atacantes, mas não me lembro de nenhum grande time do futebol que não tivesse um defesa solida, e os defensores que o Botafogo contratou deixam muito a desejar, sem contar que falta alguém para fazer sombra para o Tiquinho e para o Eduardo, este que parece ser apenas uma sombra nos últimos meses.
Enquanto o Botafogo não se livrar desse amadorismo crônico, e parece que o Textor encarna esse espírito, vamos continuar com essa grandes decepções, e ontem foi muito grande. Confesso, estou desanimado, e mais desanimado por ver um time sem atitude sem garra. Já times piores do Botafogo que pelo menos lutavam e mesmo contra adversários superiores conseguiam supera-los, mas esse ontem, achou que tava disputando a taça rio. Abs e SB!
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