segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A Batalha de Itararé

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por Dirley Santos
escrito para Mundo Botafogo


Itararé ("pedra que o rio cavou"), que fica na divisa de São Paulo com o Paraná, situa-se em uma área conhecida como Campos de São Pedro, que vai do rio Verde até o rio Itararé. Durante a revolução, a batalha de Itararé foi vastamente propagada pela imprensa. Esta batalha ocorreria entre as tropas fiéis a Washington Luís e as da Aliança Liberal que se deslocavam, sob o comando de Getúlio Vargas, do Rio Grande do Sul em direção ao Rio de Janeiro para tomar o poder. Mas antes que houvesse a batalha "mais sangrenta da América do Sul", fizeram acordos. Uma junta governativa assumia o poder no Rio de Janeiro e não aconteceu nenhum conflito.

Nas últimas semanas o noticiário esportivo carioca, quem sabe o nacional, foi polarizado pela expectativa gerada em torno ao clássico entre Botafogo e Flamengo, o primeiro entre os dois no estádio do Engenhão, pela 32ª rodada do campeonato brasileiro.

Além do aperitivo básico da rivalidade regional o clássico estava recheado de importância pela possibilidade do Flamengo, com vitória na casa do rival, se colocar não só na luta pelo G-4, mas também ao título do BR-09. Também chamava a atenção a situação desesperadora do Botafogo que havia voltado a zona de rebaixamento e que precisava de uma vitória para voltar a respirar sem aparelhos.

Como que anunciando problemas, a massiva presença de torcedores alvinegros e as confusões ocasionadas no jogo contra o Avaí, realizado no dia da criança, colocaram todos, autoridades, dirigentes, público e imprensa em estado de alerta. Afinal, a massa rubro-negra estava em festa e iria ocasionar uma invasão ao estádio do rival, precisando até de ocupar espaços na parte alvinegra. Que talvez, pelo demonstrado pelo jogo contra o Avaí, não fosse tanto assim.

Mesmo com um acordo inexplicável entre as diretorias que dividia meio-a-meio a lotação, feito ainda no primeiro turno com aval da CBF e da FERJ, e com o estatuto do Torcedor que proíbe mudanças de local muito próximo à data do jogo, foi uma semana de massacre midiático: que a nação rubro-negra ia invadir, que o Engenhão (sede do PAN 2007) não tem condições de receber clássicos, que o jogo vai (tem de ir) para o Maracanã, além de bravatas de dirigentes rubro-negros (extrapolando a rivalidade e beirando o desrespeito) e a omissão de dirigentes botafoguenses.

Chegou o dia do jogo e o que aconteceu?

Foi mantido o acordo inexplicável. Foi escolhido um juiz carioca (apesar de em todos os outros clássicos regionais terem juízes de fora do estado). Só ocorreu confusão no estádio e nos arredores entre a própria torcida rubro-negra e não ocorreu a propalada invasão da nação – isso apesar dos ingressos para eles terem esgotado dias antes! Aliás, o estádio nem encheu!

Assim como na Batalha de Itararé, antes que houvesse a batalha "mais sangrenta do futebol brasileiro", acordos foram feitos. E assim como em Itararé quem perdeu foi o dono da casa.
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2 comentários:

Anónimo disse...
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João Hélio disse...
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