terça-feira, 26 de abril de 2011

Histórias de antigamente

Há 78 anos ocorreu a mais séria das cisões no futebol brasileiro, que originou o fim do amadorismo e o nascimento do profissionalismo. A 14.07.1987 o Jornal do Brasil publicou um texto referente a essa cisão e acabou por desvendar parte do ‘anedotário’ da época.

Publica-se excertos desse texto, facultado gentilmente pelo nosso amigo Mauro Axlace:

“Cisões no futebol brasileiro houve muitas, principalmente nos tempos românticos do amadorismo, quando os destinos do jogo da bola entre nós eram conduzidos bem mais com o coração do que a cabeça. Qualquer desentendimento, menor que fosse, vinha acompanhado de pelo menos uma ameaça de cisão. (…)

Mas nenhuma foi tão séria – e resultou em tão profundas mudanças nas estruturas do nosso futebol – quanto a provocada pela implantação do profissionalismo no Rio e em São Paulo, em 1933.Por quase quatro anos, em razão de um desentendimento a que se deu, na época, o nome de questão de princípios, o futebol brasileiro ficou implacavelmente rachado ao meio. De um lado, os que defendiam o amadorismo puro (ou quase puro), um grupo numeroso importante, liderado pelo Botafogo e reconhecido pela CBD (atual CBF). Eram os amadoristas da Associação Metropolitana de Esportes Atléticos. Do outro, os profissionais, Fluminense, Vasco, Bangu, América, um ano depois o Flamengo, os grandes de São Paulo. No Rio, fundaram a Liga Carioca de Futebol. Em São Paulo, a APEA simplesmente desvinculou-se e aderiu ao novo regime.

Foram quatro longos anos. (…) Graças [à cisão] também os clubes mantiveram por muito tempo – sempre por baixo do pano – uma disputa sem tréguas pelos jogadores, os da CBF, a entidade oficial, reconhecida pela FIFA, aliciando os do outro lado, que tinham fundado uma Federação Brasileira de Futebol, forte, mas pirata. E, portanto, sem armas legais. O passe, por exemplo, só tinha validade entre os clubes que a ela pertenciam. O Botafogo e todos os outros do lado de cá tinham assim todo o direito de passar por cima desse passe e contratar o jogador que quisessem sem pagar um níquel ao clube rival.

O anedotário desta época é rico. Consta que, para fugir ao assédio do Botafogo – que pretendia reforçar seu time-base da Seleção para a Copa de 1934 –, o Palestra Itália levou seis jogadores para uma fazenda no interior de São Paulo e, por ordem do poderoso Comendador Ferrabino, cercou o local de italianos armados até aos dentes. (…)

Eram tempos de paixão. Hoje, há mais cabeça do que coração no futebol brasileiro. Pena que cabeças raramente boas.”

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