José Domingos Borges Teixeira (Zé Domingos)
O companheiro Jorge, em comentário sobre a matéria FIM DO “BICHO” PARA JOGADORES DE FUTEBOL, fez referências a Gentil Cardoso, dizendo não acreditar ter sido ele o inventor do “bicho”. Entretanto, informo que a expressão “bicho” foi criada por ele. A “zebra”, quando um time pequeno ganhava de um grande, também partiu dele, sendo depois consagrada pela Rede Globo, por ocasião da informação dos resultados da Loteria Esportiva, quando esta tomou conta do país. [o parágrafo foi adaptado por Mundo Botafogo]
Ele também menciona que Gentil Cardoso foi treinador de garotos, em Copacabana, Posto 6, [Nota de Mundo Botafogo: a referência é equivocada, pois quem treinou garotos no Posto 6 em Copacabana foi Neném Prancha] onde foram seus pupilos João Saldanha, que depois se consagrou como técnico de futebol e comentarista esportivo, Sérgio Porto, o famoso colunista Stanislaw Ponte Preta, Sandro Moreyra, outro exponencial jornalista, e Heleno de Freitas, um dos mais importantes centroavantes do futebol em todos os tempos, destacando-se especialmente no Botafogo. Realmente ele teve esta passagem pelo futebol de praia, mas foi também famoso treinador de equipes profissionais. Inclusive foi ele quem recebeu Garrincha, no Botafogo.
Seu filho, Newton Cardoso, também era técnico e trabalhava nas categorias de base do mesmo Botafogo, sendo ele o responsável pela observação inicial a Garrincha, que chegava ao Botafogo, bem depois de ter sido recomendado por Araty, um lateral-direito aguerrido e até mesmo viril, que marcou época durante anos no time de General Severiano. Depois outros avalizaram a indicação de Araty e, finalmente, Garrincha teve chance. Ele arrebentou com treino dos juvenis e Newton fez referências excelentes ao seu pai e logo Gentil recebia Garrincha no elenco principal e não demorou em lançá-lo como titular.
Gentil, inclusive, para ver se o rapaz das pernas tortas era bom mesmo, chamou seu preparador físico Paulo Amaral e lhe disse: “Esse é o craque do Araty. Ponha ele contra o Nilton Santos“. Garrincha abafou e deu um trabalho tremendo ao famoso lateral do Botafogo, que mais tarde viria a ser chamado pelo narrador esportivo, então na Rádio Continental, a cem por cento esportiva, como a “enciclopédia do futebol“.
Deste segundo dia de Garrincha surgiram várias lendas e elas são relatadas detalhadamente no livro de Ruy Castro - Estrela Solitária Um brasileiro chamado Garrincha, que me foi emprestado pelo Dr. Reginaldo Aracheski, o comandante da Casa da Memória do Futebol, na Lapa, que estou lendo com toda a atenção.
Neste mesmo livro tem a trajetória de alguns anos de Gentil Cardoso, à frente ao Botafogo, isto de 52 a 55, quando Zezé Moreira assumiu o comando da equipe, passando depois para Geninho, ex-meia botafoguense, e deste para João Saldanha, que assumiu a equipe em 57, fazendo-a campeã, sem nunca ter sido treinador anteriormente. Ficou no comando do alvinegro até 59, quando deixou as funções de técnico, tornando-se comentarista esportivo dos mais destacados. Ainda teve uma passagem pela Seleção Brasileira, em 70, passando depois o cargo para Zagalo, que se tornou campeão mundial no México.
Gentil Cardoso, o homem que lançou Garrincha, também chamado no começo de carreira de Gualicho, destacado cavalo vencedor de grandes prêmios, e de Garricha, era um treinador austero, durão, cheio de manias, inclusive racista. Realizava nos dias 13 de maio reuniões com os jogadores negros no vestiário e fazia discursos com aplausos à Princesa Izabel e exortações contra o mundo branco. Inclusive dizia que nunca seria treinador da seleção brasileira por ser negro. Algumas de suas atitudes foram trazidas de seus tempos de Marinha. Tinha sido durante anos marinheiro.
Gentil ainda trabalhou em outros times cariocas, como Vasco da Gama, Madureira, Olaria, Fluminense e outros. Possivelmente, por sua forma explosiva e por seus recalques, não tenha conseguido um sucesso maior.
Deixou sua marca pelas gírias, pela revelação de vários jogadores, pelo seu temperamento sempre explosivo. Eis um pouco da história de Gentil Cardoso, treinador de futebol nos anos 50 e começo dos anos 60.
10 comentários:
Rui,
Eu acho que há um equívoco no texto de José Domingos: quem foi treinador de João Saldanha, Sandro Moreira, Sérgio Porto e Heleno de Freitas, no futebol de praia, foi Neném Prancha, e não Gentil Cardoso.
Saudações Gloriosas!
Caro Ruy, não é sobre o tema, mas apenas um aviso.
Caso você queira municiar-se de argumentos para sacanear a plebe rude e ignara de mulambos, leia o que postei no VA de hoje.
É longo, mas vale a pena.
Contra fatos não há argumentos.Trata-se da mais cristalina das verdades, que desmascara o embuste que a flapress incutiu no povo brasileiro.
Não sou o autor do texto, recebi do meu cunhado que é gremista, e também não suporta as cores do mal.
Curta que é divertido e contem muitas verdades que deixam os lixões irritados, pois são incontestáveis.Um abraço do JOTA.
Caro Rui. E o narrador da Radio Continental do Rio de Janeiro era o Clovis Filho. Era botafoguense. Normalmente narrava os gols do Botafogo com a seguinte expressão : "... aponta, atira no canto, vai entrando é gol. Goooooooooooooool do "Batafogo". E eu quando criança me deliciava ouvindo as narrações de Clovis Filho e comentários de Carlos Marcondes. Este era vascaíno. velhas e maravilhosas histórias sobre nosso Botafogo. Loris
Perfeitamente, Émersn. Obrigado. Já fiz referência, em parêntesis reto, ao equívoco no texto.
Abraços Gloriosos!
Caro JOTA, agradeço que me envie o texto para mundobotafogo@gmail.com
Abraços Gloriosos!
Lembro-me perfeitamente do Clóvis Filho, Loris. Eu também o ouvia deliciado. Não sou saudosista, mas que dá saudade olhando para os locutores de hoje, dá mesmo!
Abraços Gloriosos!
Alô Mundo Botafogo, câmbio.
BOTAFOGO 2 x 2 AMÉRICA DE BH
Data: 03 / 03 / 1953
Local: Otacílio Negrão de Lima, na Alameda (Belo Horizonte)
Árbitro: Willer Costa
Competição: Amistosa
Gols: Dino, aos 18’ e Wilson II, aos 3’ (1° tempo); Inimar, aos 25’ e Dino, aos 39’ (2° tempo)
Botafogo: Oswaldo Baliza, Gérson e Floriano (Orlando Maia); Araty, Calico e Juvenal; Geraldo (Vinícius), Geninho, Dino, Bravo (Zezinho) e Jayme. Técnico: Gentil Cardoso
América de BH: Tonho, Gaia e Farias; Pedrinho, Jair e Délio; Wilson II, Otávio, Harvey, Miranda e Inimar (Jarbas). Técnico: João Vermelho
Obs: Estreia de Gentil Alves Cardoso, técnico do Botafogo FR
Fontes: Boletim do Botafogo FR e Jornal do Brasil
Saudações Alvinegras,
Pedro Varanda.
Obrigado, Pedro.
Abraços Gloriosos!
Dizer que Gentil era racista, pq fazia discursos repudiando o racismo com jogadores negros. Racista é o autor desse texto.qtexto.q vergonha
Realmente a frase é polêmica, mas não creio que fosse essa a intenção do autor, cujo artigo exalta as qualidades de Gentil, sem, contudo, omitir os defeitos, como muitos autores fazem na hora do 'elogio fúnebre'. Creio que a explosividade de Gentil fazia dele uma pessoa muito difícil de lidar e que chegava aos limites extremos, tão extremos que ao condenar o racismo - e muito bem! - tornava-se um potencial racista contra os brancos. Conheço muito bem diversos países africanos: a maioria dos negros não é racista, mas há quem seja racista contra os brancos devido à própria revolta pessoal e, quiçá, ao seu temperamento mais explosivo. Eu creio que era isto que o autor pretendia revelar. Se não era, então a frase seria realmente imprópria e condenável.
Abraços gloriosos, Bertha!
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