Ivan Pinheiro Themudo Lessa, torcedor botafoguense, escritor
e jornalista da BBC Brasil, nasceu em São Paulo a 9 de Maio de 1935 e faleceu
em Londres a 8 de Junho de 2012.
‘Literatura na Arquibancada’ homenageia o torcedor, o
escritor e o jornalista:
Existem torcedores e torcedores... E
Ivan Lessa que nos deixou nesta sexta-feira, dia 8 de junho de 2012, exatamente
um mês após completar 77 anos, era o que se pode dizer, um torcedor apaixonado
pelo Botafogo. (…)
Ivan Lessa escreveu um dia: “Botafogo. Gozado. Flamengo, Vasco, Fluminense.
Coitados, tem apenas torcedores, nós temos uma paixão.”Comentando o livro do
amigo Sérgio Augusto, “Botafogo: entre o céu e o inferno” (Ediouro, 2004), Lessa
afirmou: "Sou
grato ao Sérgio Augusto por ter escrito um dos três livros que eu mais gostaria
de ler na vida."
E neste livro, Sérgio Augusto revela
o tamanho do coração torcedor do amigo Ivan Lessa:
“...Recém-chegado dos Estados Unidos, onde passara
parte da infância, por pouco Ivan Lessa não adotou o América, clube de simpatia
de seu pai, o escritor Orígenes Lessa. Ainda sem time, quando foi morar na
avenida Atlântica, Ivan, como outros pirralhos de Copacabana, acabou sucumbindo
à inescapável mística de Heleno de Freitas. ‘Sou Botafogo porque tive um béguin
pelo Heleno lá pelos 10 anos de idade’, confessou-me o meia-esquerda do meu
time-cabeça.
Em 1946 Ivan raramente perdia um racha na Bolívar e na
Barão de Ipanema, duas ruas de Copacabana onde o ‘boa pinta e falador’ Heleno
podia ser visto quase todo dia, a pé ou ao volante de um cinematográfico carro
esporte em dois tons de azul. Ora no restaurante Dolly (hoje Nino’s), na
esquina da Bolívar com Domingos Ferreira, às vezes espiando o futebol de praia,
quando não participando de uma linha de passe na areia, onde quer que estivesse
o mais glamouroso craque brasileiro de todos os tempos reinava absoluto na
princesinha do mar.”
‘Estadão.com.br’ deu voz a Sérgio Augusto que
relembra o amigo Ivan Lessa:
"Eu era muito amigo do Ivan, trabalhamos juntos
no Pasquim um bom tempo. Ele era muito debochado, muito moleque e isso fazia
com que a redação do Pasquim fosse como uma hora do recreio. Para mim, Ivan
Lessa era um Paulo Francis muito engraçado. (…) “Para tudo ele tinha um ponto
de vista crítico e bem diferente, original. Ele dizia, sobre a miséria no
Nordeste, que vomitar por lá é prova de status. Outra que eu gosto muito, que a
semiótica é o analfabetismo dos ricos. Ele era assim, debochado, meio Oscar
Wilde.” – Sérgio Augusto, escritor botafoguense.
Eis algumas frases que evidenciam a
genialidade de Ivan Lessa, botafoguense, claro:
- “Vomitar no
Nordeste é prova de status.”
- “A semiótica é o
analfabetismo dos ricos.”
- “Amar é… ser a
primeira a reconhecer o corpo dele no IML.”
- “O brasileiro
tem dois pés no chão, e as duas mãos também.”
- “Para cada
parlamentar cassado, temos mais três esperando a vez.”
- “No Brasil, a
cada 15 anos, todo mundo esquece o que aconteceu nos últimos 15 anos.”
-
“Só se escreve para provocar um inimigo, conquistar uma mulher ou ganhar muito
dinheiro.”
- “O progresso é
uma forma ordeira de se dar prosseguimento à devastação de recursos naturais.”
Todos os homens morrem, mas nem todos os homens vivem. Ivan Lessa viveu
intensamente desde 9 de Maio de 1935 a 8 de Junho
de 2012.
3 comentários:
Mais um gênio botafoguense que se vai...
É uma pena, amigo Zatonio. E a elite botafoguense não se está a renovar... Cada vez mais os substitutos são esta gente sem dimensão...
Abraços Gloriosos!
É verdade. Abraço!
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