Portugal tem
um novo presidente da República, após um governo que completou cem dias. Um
presidente conservador, um governo socialista.
Não votei no
novo presidente porque nunca votei num conservador, mas a sua eleição não me
cria insônias. Votei no seu mais direto opositor, idealmente mais progressista,
que hoje desejou uma grande presidência ao seu ex-adversário e manifestou-se
encantado com o discurso de tomada de posse.
Eu também
fiquei encantado com o discurso político motivacional e inovador, acreditando numa
grande presidência de um homem racionalmente e emocionalmente muito
inteligente, professor catedrático de prestígio, impoluto, incorruptível, com enorme
sentido de Estado, capaz de quebrar barreiras, abater alguns dogmas e apoiar a
renovação do ciclo político. Se cumprir o discurso, poderá ter sido uma eleição
histórica.
Um
conservador irrequieto e criativo. A direita teve que o apoiar contrariada…
Marcelo
Rebelo de Souza saiu de casa dos pais a pé para ser empossado como presidente
da República, pretendendo assim dessacralizar a presidência da República, e
subiu sozinho a escadaria do Palácio de Belém (o qual habitará) sem aparatos
nem escoltas. Assistirá à sua primeira missa (é católico praticante) como
presidente da República numa mesquita, visando realçar a tolerância necessária
entre religiões. Hoje mesmo à tarde o novo presidente reuniu centenas de convidados num auditório para iniciar publicamente relações com 18 líderes de diversas religiões e a noite termina num grande palco da Praça do Município com artistas adeptos de todos os quadrantes políticos. E muito mais virá por aí… será bastante mais ao estilo Papa
Francisco do que ao estilo João Paulo II…
Entretanto,
o governo empossado há cem dias – no qual votei – é socialista e tem a
particularidade de possuir um primeiro-ministro de origem indiana (de Goa), uma
ministra da justiça de origem negra, um secretário de Estado de origem cigana e
uma secretária de Estado invisual.
Um governo
progressista sem preconceitos.
Enfim, um
país antigo, buscando destinos de modernidade e aberto a um novo ciclo político
de resgate dos direitos humanos e sociais que os adeptos do neoliberalismo
teimam em mitigar, mas que acabará por ser vencido por uma civilização que deve
colocar a humanidade e a sustentabilidade do planeta no centro de todos os seus
diagramas e equações.
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