quarta-feira, 9 de março de 2016

Um país antigo, um ciclo novo

Portugal tem um novo presidente da República, após um governo que completou cem dias. Um presidente conservador, um governo socialista.

Não votei no novo presidente porque nunca votei num conservador, mas a sua eleição não me cria insônias. Votei no seu mais direto opositor, idealmente mais progressista, que hoje desejou uma grande presidência ao seu ex-adversário e manifestou-se encantado com o discurso de tomada de posse.

Eu também fiquei encantado com o discurso político motivacional e inovador, acreditando numa grande presidência de um homem racionalmente e emocionalmente muito inteligente, professor catedrático de prestígio, impoluto, incorruptível, com enorme sentido de Estado, capaz de quebrar barreiras, abater alguns dogmas e apoiar a renovação do ciclo político. Se cumprir o discurso, poderá ter sido uma eleição histórica.

Um conservador irrequieto e criativo. A direita teve que o apoiar contrariada…

Marcelo Rebelo de Souza saiu de casa dos pais a pé para ser empossado como presidente da República, pretendendo assim dessacralizar a presidência da República, e subiu sozinho a escadaria do Palácio de Belém (o qual habitará) sem aparatos nem escoltas. Assistirá à sua primeira missa (é católico praticante) como presidente da República numa mesquita, visando realçar a tolerância necessária entre religiões. Hoje mesmo à tarde o novo presidente reuniu centenas de convidados num auditório para iniciar publicamente relações com 18 líderes de diversas religiões e a noite termina num grande palco da Praça do Município com artistas adeptos de todos os quadrantes políticos. E muito mais virá por aí… será bastante mais ao estilo Papa Francisco do que ao estilo João Paulo II…

Entretanto, o governo empossado há cem dias – no qual votei – é socialista e tem a particularidade de possuir um primeiro-ministro de origem indiana (de Goa), uma ministra da justiça de origem negra, um secretário de Estado de origem cigana e uma secretária de Estado invisual.

Um governo progressista sem preconceitos.

Enfim, um país antigo, buscando destinos de modernidade e aberto a um novo ciclo político de resgate dos direitos humanos e sociais que os adeptos do neoliberalismo teimam em mitigar, mas que acabará por ser vencido por uma civilização que deve colocar a humanidade e a sustentabilidade do planeta no centro de todos os seus diagramas e equações.

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