quinta-feira, 13 de abril de 2017

BOTAFOGO de Loch Ness emergindo: vencedor de campeões

Colo Colo campeão sul-americano, Olímpia tricampeão sul-americano, Estudiantes tetracampeão sul-americano, Atlético Nacional bicampeão sul-americano – a todos o Botafogo venceu!

Jejum quebrado de 44 anos sem vitória fora na Libertadores e de 24 anos sem vitória fora em competições internacionais. Venceu o atual clube sul-americano melhor colocado no ranking mundial, também campeão sul-americano, líder invicto do campeonato colombiano, imbatível no seu estádio este ano e imbatível nas competições sul-americanas desde março de 2015.

Foi a ‘noite’ de todas as noites deste século botafoguense!

Vitória maiúscula deste intemerato Botafogo que emergiu lá do fundo da linha de água na 2ª metade do campeonato brasileiro de 2016 e emerge na Libertadores batendo campeões atrás de campeões!

Um surpreendente esquema tático com uma defesa eficiente, volantes tapando os espaços num meio campo inesperadamente ofensivo e um ataque cirúrgico à espera da jogada certa e do remate eficaz para ‘matar’ o adversário. Concentração absoluta de todos, boa marcação à zona e combate imediato à bola. Espaço quase zero para o adversário fazer construção de jogo.

Jair previu que o Nacional iria para cima do Botafogo, a equipe aguentou o embate com força e serenidade, esperou a quebra de fôlego do adversário e reequilibrou a partida. Dois ou três sustos com a bola próximo da baliza e nada mais. Na verdade, ocorreram duas únicas hipóteses reais de gol: num remate defendido por Gatito com o peito durante o período de maior assédio colombiano e uma tirada de bola de Carli que nos salvou em cima da linha de meta.

Enquanto isso, o Botafogo espreitava a sua oportunidade. Fez dois chutes à baliza. Um foi gol, numa jogada absurdamente perfeita envolvendo quatro atletas em triangulação e ziguezague com mudança de flanco. Finalmente para um gol de Camilo, na sua melhor primeira parte deste ano, durante a qual se cansou.

Na segunda parte o Botafogo recuou, mas nem por isso deixou que o Nacional penetrasse na nossa área. E a esse recuo não foi alheia a necessidade de Jair efetuar duas substituições forçadas: na primeira, Pimpão ressentiu-se, aparentemente, do músculo adutor; na segunda, Camilo cansou-se nitidamente.

Claro que os corneteiros ‘gratuitos’ de Jair lhe caíram em cima imediatamente – sem razão e com profundo sentido de injustiça. Na verdade, eu gostaria de ver (não gostaria, claro…) treinadores brasileiros com este plantel individualmente medíocre fazendo dele um time cascudo, dificílimo de vencer, classificado para a Libertadores, batendo campeões sul-americanos, liderando o seu grupo e ainda conseguindo chegar à final da Taça Rio.

Eu teria feito entrar Sassá em vez de Guilherme, é verdade, mas entendi completamente a opção de Jair: a sua convicção de que era cedo para Sassá entrar, já que a sua previsão apontava para a metade do segundo tempo. E quanto a Fernandes, a sua entrada foi por cansaço de Camilo. Mais à frente Sassá entrou no tempo previsto por Jair.

E, afinal, parece que a opção foi certa, mais a mais tendo em consideração que Jair não tem apenas um elenco limitado, mas também um banco praticamente ‘inexistente’. Como fazer melhor?...

Apesar do recuo, na verdade o Botafogo continuou fechando todos os caminhos para a sua baliza e, verdadeiramente, Gatito não fez uma única defesa importante na segunda parte. Em todo o jogo fez uma defesa realmente significativa e mostrou-se sempre seguro e tranquilo.

A nossa metade do campo continuou povoadíssima, com uma distribuição posicional altamente disciplinada, os zagueiros fechavam bem o miolo da área e os laterais não deixavam os colombianos efetuarem centros para a área. E a entrada de Sassá obrigou a fixar os dois zagueiros colombianos, porque sabendo-se que é muito rápido, a presença de um zagueiro apenas seria perigosa para os ‘nacionalistas’.

E, ainda assim, com o jogo relativamente controlado sem posse de bola, coisa que sempre considerei muito inteligente (a Internazionale de Mourinho foi campeã europeia vencendo por 2x0 a final com 35% de posse de bola…) em equipes com consciência de que são inferiores a certos adversários, o Botafogo fazia com que o Nacional não soubesse como jogar, como penetrar, como chutar e, menos ainda, como empatar. E, no final, com os colombianos desesperados à procura do gol, foi o Botafogo que, em mais um contra-ataque sempre atento, e finalmente com Guilherme (que considero um dos piores do elenco até agora) usando a massa cinzenta com a qual nasceu, ‘matou’ o jogo com um gol redentor.

Equipe altamente competitiva, profundamente coletiva e disciplinada, resiliente como nenhuma outra e desfrutando de um planejamento adequado pela primeira vez neste século, que permite, afinal, obter grandes resultados: líder na Libertadores e finalista da Taça Rio.

FICHA TÉCNICA
Botafogo 2x0 Atlético Nacional
Gols: Camilo, aos 39' e Guilherme, 90’+2
» Competição: Taça Libertadores da América
» Data: 13.04.2017
» Local: Estádio Atanasio Girardot, em Medellín (Colômbia)
» Público: 40.638 presentes
» Árbitro: Ulises Mereles (Paraguai); Assistentes: Rodney Aquino (Paraguai) e Carlos Cáceres (Paraguai)
» Disciplina: cartão amarelo – Emerson Santos, Gatito Fernández e Sassá (Botafogo); Macnelly Torres (Atlético Nacional)
» Botafogo: Gatito Fernández, Emerson, Carli, Emerson Silva e Victor Luís; Rodrigo Lindoso, Bruno Silva, João Paulo e Camilo (Fernandes); Rodrigo Pimpão (Guilherme) e Roger (Sassá). Técnico: Jair Ventura.
» Atlético Nacional: Armani, Bocanegra, Nájera (Dájome), Heníquez e Díaz; Arias e Bernal (Aldo Ramírez); Dayro Moreno (Mosquera), Macnelly Torres e Ibargüen; Luis Carlos Ruíz. Técnico: Reinaldo Rueda.

6 comentários:

Sempre Botafogo disse...

Prezado Rui Moura

Vitória retumbante do Botafogo!
CORAJOSO!
HERÓICO!
Vitória bem estabelecida.
Mais um jogo histórico!

SaudaçõesAlvinegras!

Ruy Moura disse...

Somente grandes clubes têm noites como as de ontem,meu amigo! Os pequenos clubes precisam de arbitragens amigas, de vitórias na secretaria e de um serviço de 'compras'.

Há muito tempo que não ficava tão feliz com uma exibição tão portentosa como a de ontem.

Abraços Gloriosos!

Sergio disse...

Belíssima leitura da partida. Realmente foi uma grande vitória do nosso Botafogo. O jogo de ontem me lembrou aquele Botafogo 2X 0 Cruzeiro do 2º turno no Mineirão. Tenho feito algumas observações importantes:
- O interesse do time na LA é completamente distinto ao do carioca
- Taticamente o time está muito bem armado, o JV tem o time nas mãos
- Na LA o time está sabendo como se joga uma competição tipo mata mata, tanto dentro como fora de casa. O time briga o tempo inteiro.
-Há muito não vejo um time que não se afoba como em outras temporadas
- O time tem muitas dificuldades contra times pequenos pois esses se trancam e jogam no erro do Botafogo. Como não temos nenhum jogador que possa com habilidade tentar jogadas de penetração, a coisa fica dif´fil. É só lembrarmos que ano passado o time perdeu mais pontos contra os cahmados times de segunda linha.
Alguns jogadores me parecem imprecindíveis: Carli, João Paulo (para mim o melhor ontem) Bruno Silva, Pimpão, Gatito, Camilo ontem foi de razoável para bom. Realmente o elenco é limitado, mas creio que com o Montillo, Airton o time fique mais interessante. Acho o Roger muito fraco, tentaria começar com o Sassá
Acho que o JV precisa arrumar um jeito de colocar o João Paulo, pois é um bom jogador e inteligente.
De seu comentário só discordo em relação ao Guilherme: não o acho tão ruim assim, me parece mais inexperiente, e essa inexperiência cria afobação. O lance do gol que fez ontem mostrou muita categoria e não foi por acaso, pois contra o Resende fez uma jogada muito parecida, só que a bola bateu na trave.
O nosso Botafogo é realmente incrível: mesmo desfalcado e com todo mundo achando que ia perder para o campeão da LA, vai lá e ganha. "Há coisas que só acontecem ao Botafogo". Abs e SB!

Ruy Moura disse...

Muitobom comentário também, Sergio. Praticamente de acordo em tudo. Temos problemas com equipes pequenas justamente pela razão qe disse. O Botafogo joga no erro do adversário, tal como as euipes pequenas, e não tem 'artistas' para ultrapassar as retrancas.

Montillo: continuo desconfiado, porque realmente não me parece que ainda não disse ao que veio - esperava mais. Roger: o problema principal é ser pesado, lento. Guilherme: desejando que tenha razão!!! Pode ser que sim!

No meu íntimo admitia que podíamos ganhar por 1x0. Já na final da Taça Rio não tenho a sensação absoluta de que ganharemos. O apelo é menor. Mas... quem sabe? Futebol é imprevisível e o Botafogo ainda mais!!!

Abraços Gloriosos.

Biriba disse...

Rui, concordo inteiramente.

Quando os jogadores do Estudiantes começaram a fazer faltas desnecessárias ainda no primeiro tempo (1a rodada), visivelmente irritados com o ritmo e o estilo de jogo do nosso time, foi ali que percebi que o time, mesmo limitado, tem um trunfo que não pode ser desprezado: uma estratégia que alia manipulação psicológica do adversário e um perfeito entendimento de como aproveitar o desequilíbrio emocional do oponente através de acelerações pontuais do ritmo de jogo, associadas a jogadas muito bem treinadas.

Fizemos com um time argentino o que os argentinos costumeiramente fazem com os adversários. Invertemos os papéis e isso me passou confiança.

Estou gostando muito do time. Time 'encardido', difícil de ser batido. Se continuarem na mesma batida, vamos longe na competição.

Saudações botafoguenses!

Ruy Moura disse...

Viva, Companheiro! Bem verdade o que dizes. O Jair parece ujma 'mula velha', 'sabidona', como o dinossauro Joel Santana. Tem malandrice... É objetivo, sabe de tática, treina muitas jogadas, coisa que o Botafogo não fazia há anos!

Já me desiludi com muitos treinadores, mas tenho esperança em não me desiludir com o Jair. Posso ainda ter uma desilusão, mas, até agora, nunca o Botafogo foi tão objetivo e apontado ao bolo e à cereja, se possível. Nem o Cuca, que apesar so seu perfil, conseguiu ser o melhor treinador do Botafogo neste século. Mas as suas várias insuficiências nunca nos fez passar do 6º lugar nem ganhar nada importante. E tinha um belo time, que o Jair não tem.

Este Jair, melhorado ano após ano, era o que eu desejaria para o Botafogo por uns anos. (pelo menos penso isso até agora, já que acredito que um treinador bom com vários anos à frente de uma equipe acaba tendo sucesso). Sir Alex Ferguson esteve alguns anos sem ganhar nada, mas quando teve o time na ponta da bala como queria, foi o maior vencedor do Manchester United e deu-lhe o mundo! Mas há muito mais exemplos de sucesso com permanência do treinador por vários anos... Vamos ver como evolui o Jair.

Abraços Gloriosos.

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