por CARLOS VILARINHO
especialmente para o
Mundo Botafogo
sócio-proprietário e
historiador do Botafogo de Futebol e Regatas
[A narração que se segue
reporta-se ao ano de 1964]
Enquanto
na Resenha (Facit) da TV Rio, João Saldanha apostava com Fadel Fadel (valendo
um jantar) que o Santos seria o campeão, um perigo mortal cercava a democracia.
[…]
Na
manhã de terça-feira o JB posicionou-se em primeira página: “O Presidente da República
sente-se bem na ilegalidade”. O Diário de Notícias deu em Manchete: “MINAS
GERAIS LEVANTA-SE: ESTÁ EM CAUSA A DEMOCRACIA”.
O
Correio da Manhã […] escreveu três
editoriais (um era pouco), todos na primeira página. Na terça-feira, começou:
“Basta!”. Na quarta-feira, continuou: “Fora!”. No dia seguinte, terminou:
“Vitória!” Era a voz do dono!
O
Brasil agora irá mergulhar nas trevas da repressão.
[…] Na quinta-feira, na marcha inexorável
para a ditadura fascista, o comando militar baixou o Ato Institucional Nº 1.
[…]
No
sábado, à tarde, o Botafogo enfrentou o Flamengo.
[…] Aos 11, chegando cara a cara com
Marcial, Garrincha atira uma bala no ângulo direito: 2x0. O Flamengo abriu-se
totalmente e só escapou da goleada porque o Botafogo perdeu uma penca de gols e
devolveu o olé do último campeonato. No comando do baile […] Gérson passou a trocar bolas com Manga até
que Foguete tentou quebrá-lo e foi expulso. […]
Gérson
parou diante do túnel do Flamengo e gritou para Flávio Costa: “Viu como é que foi,
beleza?”. O outro virou fera e o tempo fechou Passada a troca geral de insultos
e empurrões, o Botafogo foi para o vestiário, feliz da vida.
Fonte do excerto: VILARINHO, C. F. (2016). O Futebol do Botafogo 1961-1965. Edição do Autor:
Rio de Janeiro, p. 210 a 213.
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