quinta-feira, 5 de julho de 2018

Análise das identidades botafoguenses – o Botafoguismo


por ISABELLA TRINDADE MENEZES
excerto de tese de mestrado

Pertencer a um clube não representa uma simples escolha; representa a adoção de determinado estilo de vida, de uma vivência em conjunto com outros torcedores que compartilham essa paixão pelo objeto adorado, é uma vivência em comum, um amor partilhado.

O que é ser Botafogo? O Botafoguismo.

O Botafogo Football Club foi criado em 1904, fundado por rapazes habituados a jogar bola no Largo dos Leões, no Humaitá. São características reconhecidas do botafoguense o sofrimento, a superstição e a singularidade, presentes na estrela solitária, isolada de outros símbolos clubísticos.

Se fizermos uma análise acerca das construções identitárias que permeiam a história dos quatro grandes clubes cariocas, percebemos que as identidades se constroem em pares de oposição, nos quais o Flamengo ocupa um papel central no Rio de Janeiro. Sigamos os exemplos. O primeiro par oposto é a dupla Flamengo e Fluminense. A oposição se fundamenta na tradição do Fluminense, em sua ascendência nobre e no caráter elitista de seus torcedores, contrária ao apelo popular e simples do Flamengo. Se o primeiro é reconhecido pelo seu apelo aristocrático, o segundo tem como característica ser o time das massas, sem distinção social e, por isso, o time com a maior torcida, que agrega um número maior de torcedores. Outro par de opostos é o Flamengo e Vasco. Nesse caso, o primeiro representaria o brasileiro, o de casa, enquanto o Vasco representaria o estrangeiro […], o português.

E o Botafogo, quem seria seu par oposto? Não há, o Botafogo é a estrela solitária, não se contrapõe, nem se compara a ninguém. É o caso exemplar, sem precedentes. Se pensarmos que toda a identidade é construída na relação com o outro, a partir de sua negação ou aproximação, podemos entender melhor a alma do Botafogo, ao se distanciar, não elege nenhum adversário a sua altura, apenas se isola, em sua vivência diferente, não é o maior, nem o menor, nem o mais aristocrático, mais tradicional, é apenas o diferente, o que não se iguala, o qual possui uma maneira própria de ser, que imprime sua marca de destaque.

Fonte: Menezes, I. T. (2013). Análise das identidades botafoguenses a partir das narrativas orais. In Esporte e Sociedade, ano 8, nº 21, março.

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Na altitude, faltou atitude; no planejamento, sobrou a falta dele

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