por CESAR
OLIVEIRA
EditordeLivrosdeFutebol
Meu querido
amigo de muitos anos
Papai se foi cedo demais, em 1982, com apenas 59 anos.
Uma tradição na família, desenhava como poucos. Sem muitas oportunidades de
estudo, colocou os três filhos na faculdade. Na juventude, era goleiro --
talvez pela altura. Era alto para os padrões da época.
Foi ele quem me deu o primeiro livro de futebol:
"Gigantes do Futebol Brasileiro", de Marcos de Castro e João Máximo.
Botafoguense, não impediu que meus irmãos virassem Fla e
Flu. A mim, cativou em 1957, quando chegou de General Severiano trazendo a
camisa de Paulinho Valentim, artilheiro (5 gols) da final do Carioca, 6 a 2 no Tricolor
das Laranjeiras.
A camisa, ele pegou no vestiário, depois da vitória (não
foi "roubada", como diz a legenda da foto). Lembro que a camisa não
tinha o escudo e ele esclareceu que "a esposa do craque havia tirado uma
tesourinha de unhas da bolsa e cortado o escudo", sob a alegação que
precisaria "costurá-lo na camisa do ano seguinte...
Muitos anos depois, já envolvido com a edição de livros
de futebol, produzindo "Botafogo: 101 anos de histórias, mitos e
superstições" para o meu saudoso amigo Roberto Porto, tomei conhecimento
de quem era "a esposa de Paulo Valentim": era Hilda Maia Valentim, a
lendária Hilda Furacão.
Foto que, aliás, foi o jornalista e escritor Rafael Casé
quem achou em suas pesquisas e me mandou. Foi feita na comemoração em General
Severiano, de onde ele partiu para Vila Isabel e entrou aos berros na vila onde
morávamos, beijou minha mãe e vestiu em mim a camisa do artilheiro. Pronto! Eu
estava definitivamente inoculado com o "virus botafoguensis"...
Fomos a muitos jogos juntos: no Maracanã, em General
Severiano, até em Figueira de Melo. Vimos Aída dos Santos, o húngaro Szabo no
water-polo, basquete e vôlei, remo na Lagoa.
Ele me ensinou também a ser desportista, aceitar as
derrotas e dar valor ao mérito dos vencedores. Olimpicamente.
Grande Celso Oliveira! Que Deus o abençoe!
6 comentários:
Muito grato, grande Rui, por reproduzir essa homenagem a um quase centenário Botafoguense!
Grande abraço!
Lindo pai e lindo texto! Fiquei absolutamente grudado em tanto amor!
Abraços Gloriosos.
É o que eu digo: História e tradição genuinamente honesta e verdadeira não há dinheiro que compre,Ruy.
É na crise que apesar dos pesares o Botafogo se torna uma figura singular de um tamanho gigantesco.
A história e ídolos estão aí pra nos acalmar nos tempos de dificuldades.
É por essas histórias que o Botafogo se torna tão mítico e incomparável.
O tempo bom vai chegar,vai retornar,mas até lá o que estão fazendo com esse clube,Ruy???
SIMPLESMENTE MARAVILINDO
Verdade, Carlos Eduardo. O Botafogo é um caso exemplar de que a Grandeza não é apenas conjuntos de título, mas de histórias, dedicação, paixão.
Do ponto de vista competitivo... bem, digamos... que estão tentando que oClube venha a competir com o América e o Bangu...
Veremos se há ou não Salles, e se, em caso de haver, o controlo sobre os dirigentes profissionais é efetivo e se não os deixam fazer o que estes dirigentes amadores desde há décadas fazem de muito mau (excluo desta avaliação negativa a gestão positiva de Bebeto de Freitas).
Abraços Gloriosos.
SEM DÚVIDA!
Abraços Gloriosos.
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