quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Perfis Botafoguenses (XXII): Aílton, 1997

Chamado de amuleto nos clubes onde passou, Aílton chegou ao Botafogo em um momento crítico, mas conseguiu reverter a situação e confirmar a fama de sortudo. Com ele, o Alvinegro quebrou um jejum de 28 anos e conquista a Taça Guanabara com a campanha história de 12 vitórias em 12 jogos.

por SÉRGIO GARCIA; fotografia de RICARDO CORREA
Revista Placar, edição nº 1242, Set/2002, retomando reportagem de 1997.

Aílton tem vocação para missões aparentemente impossíveis. Recém-chegado ao Botafogo […] o clube acabara de vender seu maior ídolo, Túlio, ao Corinthians, e o atraso salarial caminhava para o terceiro mês. Em campo, o Botafogo tratou de tirar o atraso de 28 anos sem conquistar a Taça Guanabara […] com uma campanha brilhante, a melhor da história do troféu criado em 1965 Foram 12 vitórias em 12 jogos, quebrando o recorde do Vasco de dez vitórias seguidas em começo de competição. […]

Em 1995, contribuiu decisivamente para interromper o jejum Tricolor de nove anos sem o estadual.

Na final contra o Flamengo, mais de quarenta minutos do segundo, […] o meia entra na área e chuta a bola para as redes, com um desvio de rota na pança de Renato Gaúcho. Três a dois para o Flu que vence o campeonato. […]

Agora a história se repete. Não teve gol decisivo (guardou seu gol para o clássico contra o Flamengo uma semana mais tarde), mas nem foi preciso. “Falaram que eu estava morto quando saí do Grêmio”, caçoou. “Taí o defunto dando mais uma volta olímpica.” […]

No time do Grêmio […] Aílton aguentava a reserva. “A imprensa pegou no meu pé”, desculpa-se. O gol do título poderia mudar tudo, mas a diretoria do Grêmio achou que o sucesso subiu à cabeça do meia. [….]

Botafogo, Cruzeiro e Atlético Paranaense disputavam o amuleto e Aílton preferiu o time carioca por poder retornar ao Ro com a mulher Cássia e os três filhos. Trocado por empréstimo com Dauri até o fim do ano, seu passe está fixado em 700.000 reais. Aos 31 anos, Aílton acha que está no ponto. “Fui injustiçado por nunca ter ido para a Seleção. O Zagalo tem chamado jogadores de idade e, pelo que vejo, eu teria condições de estar lá.” Já pensou Zagalo e Aílton juntos? Haja pé-quente!

Agradecimentos a Mauro Axlace, editor do blogue Aqipossa [https://aqipossa.blogspot.com] que gentilmente cedeu a informação.

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