por RUY MOURA
Editor do Mundo Botafogo
Paulo Ribeiro de Omena, o ‘Paulinho Ladrão’, nasceu na cidade do Rio de Janeiro (RJ), em 23 de agosto de 1932. Foi meio campista, mas por vezes jogava como zagueiro ou lateral-esquerdo.
Criado no bairro de Marechal
Hermes, era conhecido por ‘Quinho’ e jogava futebol nos campinhos de terra
batida, sonhando com o ‘futebol grande’. E um dia a ‘fantasia’ virou realidade
no então Madureira Atlético Clube (RJ), tendo passado pelo juvenil e pelos
aspirantes até se estrear na equipe principal em 1952, ao mesmo tempo que
trabalhava no funcionalismo público federal.
Paulinho tornou-se uma revelação
no campeonato carioca de 1953, com 21 anos de idade, fazendo atuações de gala
contra o Botafogo, atuando com Nayr, Nelsinho e fazendo dupla de ataque com o
seu amigo Evaristo de Macedo no início da década de 1950. Logo foi cobiçado por
grandes clubes, mas a sua paixão alvinegra de infância levou-o ao Clube da
Estrela Solitária, tendo sido comprado em 1954 pela astronômica quantia de 400
mil cruzeiros, o maior valor pago até aquela época pelo Alvinegro, somente
ultrapassado quando o Glorioso desembolsou um milhão de cruzeiros pelo grande
Didi.
Paulinho Ladrão teve a ingrata missão de substituir Geninho, o principal jogador da equipe até 1953 e responsável pela conquista do campeonato de 1948 sobre o Expresso da Vitória. Chegado com o apelido de ‘Marcador-Relâmpago’, foi o saudoso Luís Mendes, um dos mais relevantes jornalistas botafoguenses, que o apelidou de ‘Ladrão de Bola’ porque tinha uma enorme facilidade em surrupiar a bola aos adversários, coisa que ao contrário de o incomodar lhe deu satisfação e assim carregou em toda a sua vida o inédito apelido, que popularizou no futebol a expressão “roubar a bola” e “ladrão de bola”.
‘Do nada’, Paulinho chegava e desarmava o adversário, e durante três anos desenvolveu imensos talentos em General Severiano, tendo diversas virtudes tais como ser canhoto, senhor de grande fôlego e rapidez, driblar por entre as pernas dos adversários, ajudar a defesa, apoiar o ataque, fazer assistências e gols.
Quase foi vendido à Juventus, mas
recuou devido à família e foram Dino e Vinícius os atletas do Botafogo que
ficaram na Europa após uma excursão. Entretanto Zezé Moreira deixou Paulinho
Ladrão fora da convocatória para outra excursão e tendo chegado ao fim do
contrato rumou ao Clube Náutico Capibaribe (PE) em 1958.
Porém, os constantes atrasos salariais deram a Paulinho a possibilidade de conquistar o ‘passe-livre’, sendo um dos primeiros atletas brasileiros a ter esse privilégio. Então, surpreendentemente, o mesmo Zezé Moreira que o afastara de uma excursão no Botafogo, convidou-o para o Fluminense, tendo assim regressado ao Rio de Janeiro para integrar o plantel dos tricolores num momento em que estava com 26 anos de idade e sem clube. E foi no Fluminense que tornou a brilhar como campeão carioca de 1959 e campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1960, bem como envergando a camisa da Seleção Carioca. Três anos após, em 1963, foi transferido para o Bonsucesso Futebol Clube (RJ) para jogar ao lado do seu amigo Pinheiro e de Sabará, e aí encerrou a sua carreira em 1966, continuando como funcionário público da Marinha.
Personagem esquecido do futebol brasileiro, embora tivesse atuado ao lado de grandes jogadores como Garrincha, Nilton Santos, Quarentinha, Telê Santana, Castilho, Waldo e tantos outros, foi ‘ressuscitado’ em 2018 pelo seu neto Ygor Lioi, que rodou o seu primeiro documentário chamado "Um Craque Esquecido", através de um projeto social da Portela, o ‘Por Telas’, que foi passado no Cinefoot de 2018.
O primeiro ‘Ladrão de Bola’ do futebol brasileiro tem sido, desde então, relembrado em muitos circuitos do futebol, tais como o ‘Museu da Pelada’, ‘Tardes de Pacaembu’ ou ‘Que fim levou?’, de Milton Neves.
Paulinho tem atualmente 88 anos de idade, ainda reside em Marechal Hermes e já é lembrado por todos, embora ele mesmo já não se lembre das coisas.
Fontes:
https://tardesdepacaembu.wordpress.com/2019/02/11/paulinho-cuidado-com-o-ladrao/;
14 comentários:
Olá Ruy!
Delicioso texto, a primeira vez que ouvi falar de Paulinho Ladrão de bola foi em um uma homenagem do departamento de memoria do FFC, aonde o Museu da Pelada fez matéria.
Agora ler com maiores riquezas de detalhes conheço um pouco mais de Paulinho, esse trabalho de resgate é lindo.
De passagem falou em Luiz Mendes, cheguei a vê-lo em mesas redondas na tv e escuta-lo nos rádios, caso não me engano era chamado do comentarista das palavras fáceis!
Ele era fantástico, sempre fui fã!
abração
É uma magnífica história de Paulinho. E teve a sorte de ser avô de Ygor, neto decisivo para trazer Paulinho Ladrão para a ribalta das grandes memórias do futebol.
Luiz Mendes era o "comentarista da palavra fácil", sim. Um exemplo de jornalista imparcial.
Grande abraço.
Ouso lembrar, se não me engano, que tem outros irmãos boleiros. Se não me engano, um deles, Charles, chegou a atuar por clubes maranhenses nos anos 60 e anos depois apareceu treinando o Alecrim de Natal.
Maninho, há trajetórais / histórias interessantes que me possa indicar para eu pesquisar?
Abraços Gloriosos.
Vou ver se consigo algo. Aguarde.
Obrigado, companheiro!
Abraços Gloriosos.
Já enviei e-mail sobre o outro Omena. Bom proveito.
Obrigado. Já vi.
Abraços Gloriosos.
Na verdade, são outros três jogadores na família. Meu tio avô,o caçula, de apelido Badal e que ficou conhecido como Omena, era um zagueiro de grande porte físico e rapidez, conhecido no futebol maranhanse onde fez muito sucesso como Divina Dama. Jogou por Madureira, Moto Club e Sampaio correia. Tbm foi técnico do alecrim. Outro que foi jogador, foi o mais velho, Hildebrando, jogou no Vasco, chegou a se profissionalizar, só não seguiu. E o primo do meu avô, Durval, foi um dos maiores artilheiros do Flamengo na década de 40. Só eu que não saí jogador hahaaha. No filme Um Craque Esquecido, meu avô lembra dos irmãos que eram boleiros. Forte abraço em todos e obrigado pelo carinho, Ruy!
Pois meu amigo, hoje terá o prazer de ler uma publicação sobre Antonio Omena. Mas aogra fiquei com uma dúvida: o carinhoso apelido familiar era 'Badal' ou 'Badau'? O autor da publicação escreveu 'Badau'.
Abraços Gloriosos.
O apelido com U foi colhido na pesquisa, mas como apareceu o com L, pelo familiar, prefiro a segunda versão. E pelo léxico da língua, vale uma pesquisa, acredito que seja o mais correto. Entretanto, como não se trata de nome próprio, mas de um apelido, fica tudo em casa. Rsrs
Também creio que faz mais sentido com L. Vou substituir.
Abraços Gloriosos.
TIVE O PRAZER DE CONHECE LO NA ULTIM ASEXTA FEIRA DURANTE A UMA VISITA A UMA CASA DE REPOUSO.
Muito bem!
Abraços Gloriosos.
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