por Ruy Moura
editor do Mundo Botafogo
Todos nós sabemos que Garrincha
chamava carinhosamente de ‘Joãos’ os seus marcadores, por referência a João
Berruga, zagueiro central da sua equipe em Pau Grande, o único que o conseguia
marcar em algumas ocasiões, mas que foi também a sua primeira vítima.
A técnica de Garrincha era simples,
única e vencedora: driblar sempre pela direita com a bola colada ao pé, e após
passar pelo primeiro marcador, o bicampeão do mundo arrancava decidido em
direção à linha de fundo; se outros adversários o perseguiam, estancava de
súbito, pisando na bola; na tentativa desesperada de também pararem, os
zagueiros caíam desajeitadamente, deliciando a torcida, qual Charles Chaplin do
futebol criando situações hilariantes na sua corrida desengonçada de cinema
mudo.
De todos eles destacaram-se três ‘Joãos’,
os que mais vezes o defrontaram: JORDAN da Costa, lateral flamenguista; ALTAIR
Gomes de Figueiredo, lateral fluminense; Vasco Antônio Evanil da Silva, o
‘CORONEL’, lateral vascaíno.
Não obstante, outros ‘Joãos’ famosos
foram conhecidos: o argentino Vairo, o soviético Kuznetzov, o santista Delmo,
até o gênio Gérson e… o brasileiro Nilton Santos! Sim, Nilton Santos terá sido
o primeiro ‘João’ profissional de Mané Garrincha dentro do próprio Botafogo.
E… o inesgotável Garrincha também
fez de uma cadeira o seu novo ‘João’!
Assim, serão apresentadas, além do
drible da cadeira, as 7 histórias talvez mais interessantes de 7 ‘Joãos’ do
eterno Camisa 7 do Botafogo de Futebol e Regatas, o ‘Anjo das Pernas Tortas’
ou… o ‘Alegria do Povo!’
A pretexto de introito a esta nova sequência de publicações, o Mundo Botafogo recorre ao alvinegro Fábio Rocha que relata, numa crônica publicada na Rádio Botafogo, como Garrincha se iniciou nos ‘Joãos’ adversários:
OS “JOÃOS”
ADVERSÁRIOS
Na sua
humildade, nosso Mané Garrincha relatava que toda Semana Santa era obrigado a
assistir o filme da vida de “Nosso Senhor Jesus Cristo”. Apenas duas coisas
chamavam sua atenção: “a dança sensual de Salomé” e “o fato dela pedir a
Herodes a cabeça de João Batista numa bandeja”.
Pois bem,
num domingo após à missa, num jogo contra uma fábrica de suco de laranjas de
Petrópolis, seu marcador enfurecido e exausto por levar tantos dribles, num
último gesto desesperado, reuniu o resto de suas forças para dar um carrinho
criminoso que foi driblado com mais um leve toque entre as pernas.
“Meu
marcador deslizou na grama molhada para ser travado pelo mastro da bandeirinha
que encaixou em seus órgãos genitais”.
O público
perplexo, àquela altura, substituiu as risadas num gemido coletivo junto com o
pobre marcador. Ao ser retirado de campo o jogador passa por Garrincha e diz:
“desculpe, perdi a cabeça”.
A partir
daquele dia, dizia Garrincha: “todos os meus marcadores que antes eram os
soldados romanos da história de Jesus Cristo transformaram-se em ‘João’, com
suas cabeças numa bandeja, fossem eles violentos ou não”.
Fontes principais: http://www.radiobotafogo.com.br; revista
Placar nº 1072, blogue Mundo Botafogo.
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