domingo, 11 de abril de 2021

Garrincha e seus clássicos ‘Joãos’: entre a dança e a cabeça na bandeja (II)

por Ruy Moura

editor do Mundo Botafogo

 

Todos nós sabemos que Garrincha chamava carinhosamente de ‘Joãos’ os seus marcadores, por referência a João Berruga, zagueiro central da sua equipe em Pau Grande, o único que o conseguia marcar em algumas ocasiões, mas que foi também a sua primeira vítima.

 

A técnica de Garrincha era simples, única e vencedora: driblar sempre pela direita com a bola colada ao pé, e após passar pelo primeiro marcador, o bicampeão do mundo arrancava decidido em direção à linha de fundo; se outros adversários o perseguiam, estancava de súbito, pisando na bola; na tentativa desesperada de também pararem, os zagueiros caíam desajeitadamente, deliciando a torcida, qual Charles Chaplin do futebol criando situações hilariantes na sua corrida desengonçada de cinema mudo.

 

De todos eles destacaram-se três ‘Joãos’, os que mais vezes o defrontaram: JORDAN da Costa, lateral flamenguista; ALTAIR Gomes de Figueiredo, lateral fluminense; Vasco Antônio Evanil da Silva, o ‘CORONEL’, lateral vascaíno.

 

Não obstante, outros ‘Joãos’ famosos foram conhecidos: o argentino Vairo, o soviético Kuznetzov, o santista Delmo, até o gênio Gérson e… o brasileiro Nilton Santos! Sim, Nilton Santos terá sido o primeiro ‘João’ profissional de Mané Garrincha dentro do próprio Botafogo.

 

E… o inesgotável Garrincha também fez de uma cadeira o seu novo ‘João’!

 

Assim, serão apresentadas, além do drible da cadeira, as 7 histórias talvez mais interessantes de 7 ‘Joãos’ do eterno Camisa 7 do Botafogo de Futebol e Regatas, o ‘Anjo das Pernas Tortas’ ou… o ‘Alegria do Povo!’

 

A pretexto de introito a esta nova sequência de publicações, o Mundo Botafogo recorre ao alvinegro Fábio Rocha que relata, numa crônica publicada na Rádio Botafogo, como Garrincha se iniciou nos ‘Joãos’ adversários:


OS “JOÃOS” ADVERSÁRIOS

 

Na sua humildade, nosso Mané Garrincha relatava que toda Semana Santa era obrigado a assistir o filme da vida de “Nosso Senhor Jesus Cristo”. Apenas duas coisas chamavam sua atenção: “a dança sensual de Salomé” e “o fato dela pedir a Herodes a cabeça de João Batista numa bandeja”.

 

Pois bem, num domingo após à missa, num jogo contra uma fábrica de suco de laranjas de Petrópolis, seu marcador enfurecido e exausto por levar tantos dribles, num último gesto desesperado, reuniu o resto de suas forças para dar um carrinho criminoso que foi driblado com mais um leve toque entre as pernas.

 

“Meu marcador deslizou na grama molhada para ser travado pelo mastro da bandeirinha que encaixou em seus órgãos genitais”.

 

O público perplexo, àquela altura, substituiu as risadas num gemido coletivo junto com o pobre marcador. Ao ser retirado de campo o jogador passa por Garrincha e diz: “desculpe, perdi a cabeça”.

 

A partir daquele dia, dizia Garrincha: “todos os meus marcadores que antes eram os soldados romanos da história de Jesus Cristo transformaram-se em ‘João’, com suas cabeças numa bandeja, fossem eles violentos ou não”.

 

Fontes principais: http://www.radiobotafogo.com.br; revista Placar nº 1072, blogue Mundo Botafogo.

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