por RUY MOURA
Editor do Mundo Botafogo
As
equipes de futebol trabalham muito com meio campistas ofensivos ‘fechando’
sobre a grande área, enquanto antigamente se
jogava sobretudo com os pontas avançando pela direita e pela esquerda até à
linha de fundo e cruzando para trás, para a zona da penalidade máxima.
Num belo dia de 1956, Zezé Moreira, treinador do Botafogo,
decidiu-se a incutir maior disciplina na equipa que, dizia ele, driblava
demais. Zezé dizia especialmente a Garrincha que ele não precisava de chegar a
um palmo da linha de fundo para cruzar; que deveria, ao passar pelo marcador,
cruzar da quina da grande área para Quarentinha entrar de frente e fuzilar o
goleiro. Porém, o nosso amigo Mané não levava Zezé Moreira a sério e continuava
driblando pela enésima vez todos que se lhe apresentavam pela frente, ia até
rente à linha de fundo e só então cruzava.
Meio zangado, Zezé interrompeu o treino, reuniu Garrincha,
Didi, Quarentinha e outros atacantes e colocou uma cadeira a um metro da linha de fundo justamente para assinalar
que antes dela se deveria cruzar a bola para dentro da área.
O treino recomeçou e
todos os envolvidos estavam cumprindo a tarefa solicitada pelo treinador. Bem…
todos menos Garrincha! Quando chegou a vez de Garrincha, ele recebeu a bola,
aproximou-se da cadeira, meteu a bola por entre as pernas da cadeira
driblando-a, foi até rente à linha de fundo e cruzou milimetricamente para a
cabeça de Quarentinha.
Garrincha acabara
de fazer mais um ‘João’ e Zezé Moreira virou as costas ao ‘Anjo das Pernas
Tortas’, dizendo-lhe para ele fazer o que bem entendesse porque não estava para
perder tempo com ele.
Fontes principais: http://mundobotafogo.blogspot.com/2008/09/garrincha-e-cadeira.html; https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/10/22/mais!/15.html;
Semanário
Expresso, 13/09/2008.
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